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Já fizemos noutra oportunidade uma importante distinção entre ética e moral. Agora, dar-se-ão subsídios aqui que reforçam esta tese e serão também analisadas as suas implicações socioculturais.
A grande confusão se dá porque existe um costume de se associar a moral diretamente com religião, o que não está incorreto, apesar da necessidade de se estabelecer um conceito mais abrangente: o da moralidade!
A moralidade é um estado imanente do ser, absoluta, intrínseca à sua existência. Uma condição de plenitude consciencial que todos devem atingir independente de credo, espaço e tempo.
Daí decorre sua maior diferenciação da ética que constitui uma condição mutável, temporal, geográfica e evolutiva, na medida que o indivíduo convive em sociedade.
Vê-se, portanto, que a ética é evolucionista e o seu propósito se resume em atingir a moralidade, através da moral ou mesmo sem ela… Um indivíduo pode perfeitamente ser ético sendo amoral. Outro, porém, pode primar pela moral e ainda assim faltar com a ética. Com qual você ficaria?!
A busca da “moralidade”
A condição ideal para se atingir o estado de “moralidade” seria um perfeito equilíbrio desses dois atributos, mas seus extremos também podem e devem chegar lá…
Não tenho a menor pretensão de relembrar aqui todos os princípios morais necessários à busca pela moralidade, nem tampouco de traçar uma “fórmula” de conduta ética infalível, todavia, é possível destacar pelo menos alguns dos pontos mais importantes que podem sim nos ajudar em diversas circunstâncias da vida cotidiana.
Com este intento, me valerei apenas da exemplificação cristã, sem desmerecer, de forma alguma, qualquer outra fonte religiosa de boa-conduta moral, cuja história da humanidade está certamente repleta.
Penso que a doutrina do Cristo (considerado um dos maiores “iogues” da história pelos hindus) veio complementar de forma esplendorosa a máxima socrática, acentuando a importância única do “amar ao próximo como a si mesmo”.
Eis o axioma moral que resume todas as virtudes e que nos pode conduzir ao estado de felicidade que tanto almejamos. Entretanto, deve-se lembrar que, para amar ao próximo, deve-se amar, antes de mais nada, a si mesmo!
Virtude ou “escândalo”
Acontece que o amor-próprio requer algo nada fácil: o autoconhecimento, um estágio que só pode ser despertado quando deixamos de ignorar o significado de virtude…
Nesse sentido, por mais estranho que pareça, uma das formas mais simples de se buscar a virtude é descartando-se todos os seus males. Daí, já dizia o evangelho:
Ai do mundo por causa dos escândalos; pois é necessário que venham escândalos; mas ai do homem por quem o escândalo venha.
O que pode, de fato, ser considerado um escândalo? No senso vulgar, costuma-se dizer que escândalo é toda ação cuja repercussão confronte a moral e os bons costumes. Contudo, nos ensinamentos de Jesus, a palavra escândalo é empregada de forma mais ampla, significando tudo aquilo que deriva das imperfeições humanas.
Todo mundo já deve ter ouvido falar daquele famoso ditado popular que “há males que vem para o bem”. Pois bem! É justamente através dos “males”, ou escândalos melhor dizendo, que os desígnios divinos se fazem mais presentes, corrigindo as imperfeições humanas.
Ao errar, o indivíduo expõe suas deficiências e rende-se ao aprendizado, sem precisar mais passar pela temerosa pena de talião… Sua única pena é a própria Consciência!
Saiba o que é karma
Na sua essência, nada mais é do que a infalível lei de causa e efeito. Aqueles cujas ações se fundamentam em princípios amorais, ferem as regras de conduta e prejudicam o seu próximo. Logo, para tomarem consciência do mal que o fazem, esta lei natural permite que este indivíduo experimente o mesmo mal que provocou, de modo a orientá-lo a não mais cometê-lo…
Não existe, portanto, o tal “castigo de Deus” da forma que muitos o pregam, outrossim, o resultado das nossas próprias más ações, fruto do livre-arbítrio de cada um, aliás, este sim pode ser considerado o nosso bem supremo!
Para tristeza de muitos, o mundo encontra-se ainda repleto de escândalos, pois as pessoas que nele habitam persistem no erro, alimentados pelos sentimentos de inveja, orgulho, cobiça, intolerância, etc. À medida que individualmente se acumula virtudes e se aprimora moralmente, a humanidade também evolui, podendo chegar um dia a um estágio superior.
Cabe salientar, no entanto, que as “expiações”, impostas pelo karma, são os artifícios pelos quais cada Consciência, em pleno uso de seu livre-arbítrio, decidem passar para acelerar a sua marcha evolutiva. Lindo isto, não é mesmo!?
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Por fim, sabendo agora o que realmente é um “escândalo” e qual o seu real propósito, vamos então tentar compreender melhor uma das assertivas mais polêmicas de Jesus: “se a vossa mão ou o vosso pé vos é objeto de escândalo, cortai-os e lançai-os longe de vós”.
Mais uma alegoria primorosa do Mestre Iogue, alertando-nos para o fato de que o ser humano deve tentar banir de si toda fonte de maus sentimentos e vícios, de modo a se tornar um ser melhor para si e para os outros, mais moral e ético (nunca e/ou)!
Créditos:
Autoria por Ricardo Barreto
Conteúdo exclusivo de ricardobarreto.com
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Saiba mais:
- Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
- Kardec, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo, 2002, 119o ed. cap. 8, pg. 152-153.
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