Ética corporativa – parte I

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FORMATO DO CONTEÚDO: blog post

TEMPO DE LEITURA: 00:02:59

GÊNERO LITERÁRIO: ensaio

Esta análise ética foi inspirada pelo artigo do articulista Stephen Kanitz, publicado na revista Veja em janeiro de 2001. Ele exprime, com primor, a problemática que nos propusemos a tratar.

Entretanto, seria imprescindível, ao abordarmos este delicado tema, que sejam traçadas algumas breves definições, as quais não ousaria modificar sequer uma vírgula com relação àquelas concebidas por Kanitz!

Ambição e ética

Primeiramente, ela generaliza o termo AMBIÇÃO como sendo:

Tudo aquilo que pretendemos fazer na vida: ganhar dinheiro, casar-se com uma pessoa legal ou viajar pelo mundo.

Logo em seguida, propõe que a ÉTICA trata dos padrões de convívio social, mais propriamente:

Os limites que as pessoas se impõem na busca de suas ambições.

Extrapolando sobremaneira, delineou uma conceituação filosófica simplesmente maravilhosa! Desvinculou-se, de forma indelével, a ética da moralidade, associando-a acertadamente às suas implicações pessoais e sociais.

Estendeu-se ainda, em sua conclusão, ao julgar a ambição de se ganhar dinheiro (certamente a da maior parte das pessoas) como a mais vil de todas as ambições. Entende que esta simplesmente não deveria ser encarada como uma ambição e sim um meio de atingir outras ambições bem mais valorosas, tal como uma obra assistencial de impacto!

Ética pessoal

Não há nada de errado em ser ambicioso na vida, contanto que seja definida a sua ética pessoal o mais rápido possível, antes de decidir as próprias ambições. Caso contrário, estar-se-á fadado à falta de rigor ético, o que rende o indivíduo ao “vislumbre maquiavélico”…


Um homem de princípios éticos não se faz pelas suas conquistas materiais, seus títulos ou posição profissional, outrossim por sua obra em prol da sociedade como um todo.


Bertrand Russel, nosso grande filósofo contemporâneo, já dizia que “a habilidade desprovida de sabedoria é a causa de nossos males”.

Em tempos de globalização financeira (esta irreversível, apesar dos recentes movimentos nacionalistas no sentido contrário), tem-se ouvido falar muito de escândalos corporativos. A falta de ética no “mundo dos negócios” tem impulsionado decisivamente a conduta de muitos executivos, em todos os escalões, das mais variadas e conceituadas empresas mundo afora!

O escândalo da Parmalat

Foi o que se observou, a propósito, com a gigante do ramo alimentício no final de 2003: a Parmalat. Uma empresa consolidada, com atuação em mais de 30 países, que empregava cerca de 36.000 funcionários e faturava anualmente por volta de 9,5 bilhões de dólares.

Fundada em Parma no ano de 1961 por Calisto Tanzi, a Parmalat foi acusada, entre os diversos crimes do “colarinho-branco”, de fraudar balanços, destruir documentos e falsificar assinaturas. O rombo em suas contas pode ter atingido a extraordinária cifra de 12 bilhões de dólares, maior ainda que os desfalques recordes de 9 bilhões das empresas americanas WorldCom e Enron. Como seria possível acontecer este tipo de escândalo financeiro? Veja o laudo da auditoria:

A empresa aparentemente sobrevaloriza seus bens de forma a obter lucros contábeis mais elevados que os verdadeiros. Em realidade, foi descoberta uma conta falsa com 4,9 bilhões de dólares só para se lastrear novos empréstimos.

§

Não obstante, o maior problema quando uma grande empresa deste porte vai à falência é que “detona uma quebradeira” geral no mercado, numa espécie de efeito em cascata, que atinge desde credores até os consumidores finais e o próprio Estado!

Por que será, então, que os executivos de empresas tão estratégicas para a economia de um país não são selecionados por critérios mais éticos do que propriamente técnicos? Continuaremos nossa análise no próximo post… Não perca.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Conteúdo exclusivo de ricardobarreto.com

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Kanitz, S. Veja, 2001, 1684, ano 34, No 3 (janeiro).
  3. Russel, B. A Sociedade Humana na Ética e na Política, 1956, Compahia Editora Nacional, 206.
  4. Pires, L.; Rydlewski, C. Veja, 2004, 1835, 74-77.

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