ÉTICA SEXUAL – parte I

#ricardobarreto #éticaevolucionista #filosofia #ética #éticasexual #atraçãosexual #infidelidadeconjugal

Ora, que pode haver de ético quando se fala de atração sexual? À primeira vista, pode até parecer que não há relação alguma, não obstante, se olharmos mais a fundo, veremos que muita coisa está atrelada ao sexo e seus desejos…

Tudo o que está ligado com os instintos fundamentais do ser humano é um fator crucial em nossas decisões do cotidiano. É o que se costuma chamar, em linguagem de psicólogo, de “gatilho emocional”. Ou seja, quando uma vontade intrínseca, ligada à nossa realidade genésica, determina as nossas ações.

O fenômeno da atração

Chamou-me especialmente a atenção uma reportagem instigante veiculada na imprensa em 2004, na qual foi analisada de forma bastante sutil, porém muito bem embasada, as questões socioculturais e científicas por trás deste tema tão delicado.

A tese defendida nesta reportagem pode ser resumida sucintamente pelo seguinte excerto:

Além da aparência física, da conta bancária, do temperamento ou do simples impulso de reprodução proposto por Charles Darwin,  ainda há uma confusão de hormônios, circuitos cerebrais e substâncias químicas influenciando a questão de com quem se gostaria de ir para cama.

Existem duas vertentes distintas com explicações complementares para o fenômeno da atração sexual. De um lado os sociólogos, antropólogos e demais adeptos das ciências humanas com suas justificativas baseadas nos padrões sócio-culturais.

Na contramão, por sua vez, está uma plêiade de cientistas, médicos, biólogos e químicos, com suas provas fundamentadas nos mecanismos bioquímicos e no código genético do corpo humano. Quem será que está com a razão: a ciência ou os humanistas?

Sou da opinião que o melhor seria pensarmos que ambos estão na direção correta… De fato, existe a tão falada “química do amor”, contudo, o ser humano não se resume a um emaranhado de vias metabólicas, regidas pela herança genética, outrossim, a um complexo sistema físico-mental, onde os fatores psicológicos têm certamente um papel significativo.

Por outro lado, o entendimento de como os homens e as mulheres são estimulados sexualmente requer uma análise ampla e profunda que vai muito além do estudo de artigos científicos, exigindo sobretudo uma reflexão crítica sobre as questões ético-comportamentais envolvidas.

Infidelidade conjugal

Pode parecer estranho, mas o despertar da sexualidade foi a grande motivação das pesquisas acadêmicas de Mirian Goldenberg, uma conceituada antropóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ela começou o seu trabalho levantando a seguinte indagação: “o que mais te atrai no sexo oposto?”. As respostas dos dois grupos (masculino e feminino) foram unânimes: os homens se ligam primariamente à beleza, enquanto que as mulheres se atentam mais à inteligência.

Confirma-se, assim, aquela famosa tese de que os homens são movidos muito mais pelo instinto do que as mulheres, as quais preferem analisar critérios mais subjetivos.

O fato é que a mulher é capaz de sentir desejo tão intenso quanto o homem. A diferença é que ela não é escrava do impulso.

Eu continuaria dizendo que o homem consegue isolar melhor o componente sexual do lado sentimental. Não que eu defenda esta tese, mas é um fato. E muito da infidelidade conjugal se baseia justamente nele. Já que tocamos nesta importante questão ética, vamos aproveitar para tentar elucidá-la mais amiúde.

Sou partidário da tese de que, em termos comportamentais, não existe diferença alguma entre homens e mulheres. Está certo que são realidades fisiológicas (hormonais) bem distintas, mas isto não deve justificar a subjugação dos homens, em certas circunstâncias, ao poder da testosterona!

Aquele velho ditado que diz “a carne é fraca” não deve nunca justificar os desvios inconsequentes que levam muitos pais de família à infidelidade conjugal, arruinando relacionamentos que poderiam perseverar e gerar melhores frutos do que uma efêmera aventura extraconjugal. A razão da Consciência deve sempre prevalecer.

Também não sou do tipo puritano hipócrita a ponto de condenar a infidelidade em toda e qualquer situação. Muitos relacionamentos são “frágeis” demais para serem tratados como uniões estáveis… Existem pessoas que ficam juntas mais por conveniência do que por um sentimento recíproco e genuíno de afinidade, quiça de amor! Detalhe importante: entenda-se por genuíno tudo o que é puro e verdadeiro.

§

No mundo impulsivo e superficial de hoje em dia, são cada vez mais frequentes as transgressões sexuais. Eu diria até mesmo que o comportamento infiel ou o sexo vicioso e seus transtornos mentais, por mais estranho que possa parecer, é ou está ficando natural…

Logo, se quisermos vivenciar relacionamentos duradouros, profícuos e sinceros, devemos nos amar de forma madura, o que significa, antes de qualquer coisa, a busca pelo autoconhecimento e, numa estágio mais elevado, a auto-realização! Só assim, estaremos aptos a dar e receber o afeto de outrem.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Daniela Pinheiro, Veja, 2004, 1837, 74-81.

TERAPIA: uma mensagem de amor

#ricardobarreto #livrovivo #amor #relacionamentos #quimioterapiaadois #reformaíntima #faláciadeperfeição #comunicaçãoconjugal

Aos seres que amam, atentai-vos para comunicação, a bendita comunicação! Quando bem utilizada, nos traz glórias. Se falha, também pode ser a fonte dos maiores sofrimentos do espírito humano.

Tão mal interpretada e frequentemente na dose errada, é capaz de iludir a tudo e a todos, inclusive a nós mesmos… Cega-nos a ponto de não conseguirmos enxergar os nossos próprios defeitos!

Mas o que seria de nós sem ela? Antes de mais nada, é um dos maiores agentes evolutivos existentes. Então, pelo amor de Deus, pare um instante e reflita!

Falácia de perfeição

Sempre que se começa um novo relacionamento, seja em família, uma amizade, namoro ou cônjuge, estamos imbuídos das melhores intenções, uma doação verdadeira que é aquela em que não se espera nada em troca…

Procuramos mostrar TUDO o que temos de bom, ficando a vida bem mais doce. Contudo, com o passar dos anos, nas falhas de comunicação, é deflagrado pouco a pouco o nosso verdadeiro Eu: falho e humano.

A perfeição está muito distante de qualquer um de nós. Sempre existem particularidades da persona conflitantes que, como o foco de um câncer, comprometem seriamente o amor tão sublime de outrora…

A “quimioterapia” a dois

Penso que, ao chegar neste ponto, não é salutar para ambas as partes julgar o companheiro, nem tampouco esperar pela mudança de outrem. Assim, somente alimenta-se o rancor e a destemperança…

A única saída é voltar-se para si mesmo, numa busca inaudita pela cura desta doença tão temerosa. Ela existe, graças a Deus! No entanto, requer um tratamento intenso e doloroso, eu diria que até mesmo quimioterápico!

Cabe ressaltar, por outro lado, que o “germe” desta doença nunca é totalmente banido, haja vista que é uma propriedade intrínseca das nossas personalidades, reflexo do nível de Consciência de cada um.

§

Ao nos relacionarmos, urge que nos comprometamos incessantemente a refletir e buscar um corretivo eficaz para cada pequeno detalhe conflituoso da nossa personalidade.

Só assim, num constante processo de reforma íntima, criaremos as condições indeléveis para estarmos sempre juntos e felizes, lado a lado do ser amado.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, R. L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.

ESTÉTICA: o que é “belo” de fato?

#ricardobarreto #éticaevolucionista #filosofia #ética #estética #obelo #conceitodebeleza #condutaestética #síndromePIB

O conceito de “belo”, ao contrário do que pode parecer num primeiro momento, está diretamente relacionado à noção de Deus, haja vista o pressuposto da perfeição como ideal imanente…

As “coisas belas” são simplesmente uma sutil e efêmera expressão da perfeição absoluta, refletindo a harmonia em suas duas únicas formas: a simetria e o equilíbrio.

Já os “seres belos” caracterizam-se pela evolução moral, dado que a elevação dos PENSAMENTOs resulta na delicadeza dos seus traços. Já a animalização dos INSTINTOs produz, contrariamente, formas mais grotescas.

Quem nunca teve contato com uma pessoa que, pelo carisma e simpatia, nos parecia muito mais “bela” do que realmente era? Pode-se pensar, decerto, que a beleza dos seres é “o espelho de suas almas”…

O belo

Mas o que vem a ser, afinal, o “belo” ? Seria esta uma questão relativa ou existiria um conceito absoluto que o descreva?? Muitos podem até achar determinada pessoa (ou coisa) bonita, enquanto outros sequer lhe dariam importância… O que está por trás, então, dessa noção de MARAVILHA que tanto apreciamos e almejamos???

Certamente, muitos já se embrenharam pelo tema, de modo que não me cabe trazer ao Leitor nada de novo. Talvez valesse a pena somente refletir um pouco mais a fundo e, quiçá, obter algumas percepções interessantes…

A tese que nos propusemos a defender pode ser considerada um tanto quanto ousada e imagino que alguns devem até se indispor profusamente… Mesmo assim, tenho certeza de que estes hão de ponderar, minimamente, sobre os argumentos aqui apresentados. Vamos lá?!

A tese

Inicio arriscando-me a dizer que, em toda história da humanidade, em raríssimos momentos, algumas mentes geniais, como as de um Da Vinci, Einstein ou um Mozart, certamente em Estado Alterado de Consciência, puderam contatar, mesmo que de relance, esferas elevadas e nos brindar, ao menos, com uma amostra da perfeição DIVINA!

A beleza pode se manifestar de diversas formas, conquanto haja reflexos de simetria e equilíbrio: seus atributos divinos!

Poderíamos imaginar erroneamente que somente as coisas materiais são passíveis de apreciação, pelo simples fato de assumirem forma física e poderem, assim, impressionar os nossos sentidos.

Não obstante, esta visão é totalmente equivocada, porque relega a beleza ao concretismo, sendo ela constituída, outrossim, por conceitos muito mais abstratos e sublimes de harmonia.

Não podemos nos esquecer de que, além dos nossos cinco sentidos materiais, existe ainda mais um (diga-se de passagem bem aguçado): a percepção consciencial. É ela que dita a sintonia que existe entre os seres, de forma construtiva ou destrutiva, de acordo com a empatia ou antipatia de ambos… A pura gênese do amor!

É ele (o amor) o “fiel da balança”, que pode pôr beleza na feiúra ou depreciar o que é apenas bonitinho, revelando o nada!

Conduta estética (ou falta de…)

O pior tipo de falta de conduta estética, que rompe irremediavelmente com a autoestima dos seres, acontece quando a própria pessoa não se acha bonita. Este tipo de comportamento tem aumentado de forma assustadora nos últimos tempos, sendo responsável por uma parcela considerável das consultas psiquiátricas…

Várias doenças, tais como a anorexia nervosa e bulimia, estão diretamente relacionadas à Síndrome PIB, ou do Padrão Inatingível de Beleza, cujas estimativas apontam para um índice de ocorrência de mais de 1% da população mundial.

Diante da gravidade do fato, urge que se responda ao seguinte questionamento: por que as pessoas estão passando por cima até da FOME, um instinto absolutamente essencial à sua sobrevivência?!

O reconhecido psiquiatra brasileiro, Augusto Cury, nos dá uma resposta bastante convincente. Basicamente, a TV (e hoje mais propriamente a internet ou o YouTube) seria a grande responsável pela propagação de uma imagem irreal de beleza no inconsciente coletivo da sociedade, pautada pelas modelos magérrimas, apresentadas não somente nos desfiles de moda, assim como também em programas comuns como novelas, filmes, seriados e, porque não dizer, os selfies do Insta, stories do face, etc.

A confirmação desta tese veio em 2002 com um artigo científico publicado na renomada revista The British Journal of Psychiatry, mostrando o impacto da TV na mudança dos hábitos alimentares e no comportamento das mulheres das Ilhas Fiji, no pacífico, após os três primeiros anos de exposição, a partir de 1995.

Os pesquisadores detectaram que, depois que a TV passou a exibir mulheres magras e com beleza incomum, as nativas das Ilhas Fiji começaram a fazer dietas e apresentar transtornos alimentares como anorexia e bulimia, doenças que antes eram praticamente inexistentes nesta comunidade. Impressionante, não?!

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Sem dúvida, estes e outros comportamentos mais recentes da sociedade da era da informação, representam um fato inquestionável que merece nossa atenção e reflexão, com o intuito de tomarmos atitudes que comecem a romper estigmas impingidos pelos veículos de comunicação de massa.

Quanto à “beleza das coisas” (entendendo por “coisas” como sendo tudo quanto for obra materializada pelo homem) não tenho muito a ponderar, pois refletem apenas de maneira muito difusa e imprecisa aquilo de que só temos apenas uma leve impressão…

Uma linda Ferrari, sob o comando infalível de ninguém mais que um Michael Schumacher, ou até mesmo um modelito exuberante da Dior, delineado pelo corpo de uma estonteante Gisele Bünchen, não deixariam de ser somente “bonitinhos” (e não “belos”) diante da beleza suprema da natureza, a maior e a mais bela de todas as revelações divinas.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Cury, A. J. A Ditadura da Beleza e a Revolução das Mulheres, Rio de Janeiro: Sextante, 2005.

Ética religiosa

#ricardobarreto #éticaevolucionista #filosofia #ética #éticareligiosa #éticapessoal #oscopistas #dogmasreligiosos #escriturassagradas

Ao abordar tal assunto (reconhecidamente polêmico), muitas são as questões que vêm em nossas mentes. Uma delas, no entanto, tem sido constantemente suscitada nos dias de hoje, haja vista seu caráter de “ruptura” com muitos dos dogmas instituídos pela Igreja Católica ao longo da história do Cristianismo.

Eis o dilema: Jesus foi realmente mal interpretado? Veja. Não estamos falando de conduta moral, nem tampouco do “batismo de fogo” que poucos ainda perscrutam… Estamos diante, outrossim, de uma questão de ordem teológica, ligada ao estudo das escrituras sagradas, mais propriamente da Bíblia.

Mas será o “verbo divino”?

Tal foi o ponto de partida de um artigo publicado na revista Galileu,  em que mostra o quanto foi mal interpretado o “verbo divino” durante séculos e mais séculos de transcrições e pregações.

Já dizia João, o apóstolo, em seu primeiro versículo: “no princípio era o verbo”. E hoje, complementando, já não é mais só o “verbo”. Tem também “pronome”, “aposto”, “adjunto” e muito mais… [hehe]

Foram estas, efetivamente, as constatações de um dos maiores estudiosos de crítica textual religiosa do mundo, o Prof. Bart Ehrman, da Universidade da Carolina do Norte (EUA). Ele lançou em 2006 um livro seminal que está causando verdadeiro furor na comunidade religiosa. Ao mesmo tempo, devido ao seu teor científico, tem despertado grande interesse do público em geral. Mas, afinal, o que ele diz de tão impactante?

O poder dos “copistas”

Antes de mais nada, necessário se faz compreender o porquê desta controvérsia. Só para se ter uma ideia, a versão original do Novo Testamento só foi compilada em grego no século II D.C. Sendo assim, como na época pouquíssimos cristãos sabiam ler e escrever, imaginem o privilégio e o poder que os “copistas” desfrutavam em suas comunidades…

Sem falar da possibilidade de adaptar o texto aos interesses de pregação e manipulação, o que acontecia voluntariamente em muitos trechos, conforme poderemos ver em alguns dos principais exemplos exaltados por Ehrman. Só para começar, são desmistificados irrefutavelmente três dos maiores dogmas da Igreja:

  1. Santíssima trindade;
  2. Virgindade de Maria;
  3. Divindade de Jesus.

Primeiramente, em vez de “pai, filho e espírito santo”, o autor mostra que nos manuscritos gregos havia somente “o espírito, a água e o sangue”. Já o segundo dogma, fica patente na mudança textual observada no evangelho de Lucas (2,33). Na versão original tem-se: “… e seu pai e sua mãe ficaram maravilhados com o que se dizia dele…”. Já na versão modificada: “…e José e sua mãe ficaram maravilhados com o que se dizia dele…”.

Por fim, o conceito da divindade de Jesus, fica logicamente equivocado, segundo o trecho do Evangelho de Lucas, em que diz: “Pai, perdoai-os, pois eles não sabem o que estão fazendo”. Detalhe: este trecho foi simplesmente subtraído em algumas versões da Bíblia…

Só com estes pouquíssimos exemplos, presumo eu, já se pode ter subsídios mais que suficientes para responder assertivamente ao questionamento levantado no início, muito embora cada um possa ter suas convicções pessoais irredutíveis, sustentáculos de suas crenças, impedindo-os que vejam a verdade por trás das escrituras originais.

Discutir religião: pra quê?

A ética, indubitavelmente presente nas escrituras sagradas, não foi perenizada ao longo do tempo, sendo, pelas mãos dos homens, no vislumbre do poder eclesiástico, profanada a verdadeira essência de muitos dos ensinamentos cristãos. Por isso, em verdade vos digo, certo está Ehrman ao afirmar que:

A fé em Deus não se baseia nas palavras espalhadas em um livro, mas sim na experiência pessoal que cada um tem com Deus.

Esta experiência pessoal pressupõe que não existe uma religião certa ou errada. Continuo afirmando que Jesus era judeu e em nenhum momento quis instituir uma nova religião. Sua intenção, pelos relatos que nos chegaram aos dias de hoje, era tacitamente a de promover uma reforma contundente, sem “criar novas leis e sim fazer com que fossem cumpridas”.

Passados dois milênios, por outro lado, é muito comum vermos um verdadeiro “mosaico” de crenças religiosas, misturando conceitos e princípios já existentes há muito tempo. Se ainda sim você duvida, vá beber na fonte da literatura védica hindu e verás!

Surge, como resultado dessas novas “roupagens”, o esoterismo e suas mais variadas formas: um movimento que encanta a fragilidade das pessoas pelo seu lado místico. Não menos preocupante são os extremistas religiosos que, ao interpretarem a “palavra” ao pé da letra, cometem erros brutais e atentam contra valores universais sem a menor consciência de seus atos.

§

Ser ético, portanto, quando se fala em religião, antes de mais nada, é respeitar a crença do próximo, mesmo que discorde profundamente da sua posição. Sem tal postura, não adianta de nada sair de casa com um “livro sagrado” debaixo do braço!

Aos olhos de Deus, ou melhor, o que mais nos aproxima de fato dele, são as nossas atitudes em benefício dos outros e não somente de si mesmos… Isto é o que prima a ética religiosa. O mais é nada.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Franco, E. Revista Galileu, outubro de 2006, No 183, 35-43.
  3. Ehrman, Bart D. O que Jesus disse? O que Jesus não disse?: quem mudou a Bíblia e por quê, São Paulo: Prestígio, 2006.
  4. Ler o capítulo Minha Religião, em Livrovivo: 2000-2002, Editor-Autor, 43-45, 2003.

Maledeto cupinzeiro

#ricardobarreto #livrovivo #contos #juventudecampineira #bailesdointerior #praçacentraldacidade #maledetocupinzeiro 

O baile do Clube Municipal de Areado (MG) era certeza de fartura e bonança. Estávamos na última semana de junho, faltando poucos dias para as provas finais do bimestre…

O fato é que nada era empecilho para dois “ETECAPIANOS” convictos, na efervescência dos seus 16   anos… Seriam três dias de sítio, uma noite de baile, pouco estudo e muito hormônio!

A meta do baile

Saímos de Campinas na sexta-feira pela manhã e, como era de praxe, a meta do feriadão já estava estipulada: três “scores” cada, ou seja, um por dia. Prefiro passar batido pela noite de sexta, visto que só ela, renderia um capítulo…

Já era fim de tarde no rancho e a apreensão pelo baile consumia nossos pensamentos. No entanto, o pior é que, depois da noite passada, a valer das fofocas, nossas perspectivas já não eram as melhores… Mas e daí! Éramos da cidade grande, bonitos e valentes, quem poderia nos deter?

O cupinzeiro

Maledeto cupinzeiro! Gritei ao saltar do pangaré e topar com o dedão naquele “maldito” monte de areia, duro que nem pedra!!! A dor era escaldante e nem gelo segurava a vermelhidão.

Mais à noitinha, a dor ainda estava bem longe de cessar, entretanto, o meu camarada saiu do banho todo animado e perguntou daquele seu jeito super delicado:

_ Não vai se arrumar pro baile não o seu “veadinho” ?

Por incrível que pareça, relutei muito em ir, mas não adiantava. Pelo menos até a praça teria de ir, senão… Sei lá! Algo me dizia, além da sua insistência, que eu deveria ir. Minha “intuição masculina”, talvez… [hehe]

Na praça central

Bem, lá no nosso point o que não faltou foi conhaque (não poderia deixar de ser um Domeqc naquela época de pendura). Não conseguia sequer apoiar o pé no chão, de modo que prostei-me num daqueles carros ridículos com o capô aberto, ao som do Skank (antes de enjoar, claro), enquanto o meu camarada seguia seu “estratagema anestésico”…

Quinze pra meia noite e, antes de subirmos para o baile, tínhamos um encontro marcado com a nossa “caninha 51” e o não menos importante maço de “Guds” (vulgo Gudang Garam, único cigarrinho de cravo aceitável pela moçadinha fresca campineira).

Eles ficavam escondidos num terreno ali por perto e, acreditem: quem era o nosso salvador? Sim, o bendito “cupinzeiro”, onde escondíamos nossos apetrechos noturnos… [rss] É, por mais estranho que pareça, há males que vêm pra bem!

§

A essas alturas, eu já andava normalmente e o dedão quebrado era-me apenas uma vaga (e nada doce) lembrança. Dali por diante, do que me recordo são apenas “flashes” daquela memorável noite de inverno.

Uma roda de uns cinco metros de diâmetro no meio do salão, dois cabeludos em êxtase estirados no chão ofegantes. E atônitos, é a única palavra que resume a cara dos mineiros diante daquela cena estapafúrdia ao som de Ugly Kid Joe! O resto não é preciso nem contar…

Resultado: pelo que pude lembrar-me foram no mínimo quatro “scores” cada (a meta estava pra lá de atingida). O sol estava nascendo e o meu pé doendo pra burro!!!

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Autoria por Ricardo Barreto

Conteúdo exclusivo de Ricardo Barreto

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  1. Barreto, R. L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.

Ética corporativa – parte II

#ricardobarreto #livrovivo #éticaevolucionista #filosofia #ética #éticacorporativa #éticapessoal #escândalosfinanceiros #dilemaético

Na primeira parte deste ensaio, vimos os conceitos de ética corporativa e como a ambição pessoal pode moldar o comportamento profissional das pessoas rumo ao conflito de interesses.

Para ilustrar este ponto, rememoramos o escândalo mundial da Parmalat que se tornou caso emblemático. Vamos agora nos aprofundar no modus operandi das falcatruas para, quem sabe, encontrarmos uma saída…

O cuidado com a imagem corporativa

Nesta verdadeira “selva capitalista”, nem sempre as coisas são o que parecem. Sem dúvida, a imagem de uma empresa é o segredo para o seu sucesso! Acontece que justamente aí começam as grandes falcatruas… Nem toda empresa prima pelas boas práticas de governança corporativa.

Só para se ter uma noção mais clara da problemática, até o final de 2003 a maioria das agências de risco ao redor do mundo conferiam nota máxima à Parmalat em suas avaliações (vide parte I).

A tentativa de passar uma “boa impressão” ao mercado, sem lançar mão de artifícios como falsos esboços, constitui um dilema ético não só nas relações empresariais, mas sobretudo em nossas próprias vidas profissionais.

No Brasil o buraco sempre é mais embaixo!

Claro que o Brasil não poderia está isento destes grandes escândalos financeiros. Muito pelo contrário. Aqui, quando se trata de corrupção e lavagem de dinheiro, o buraco sempre é mais embaixo!

Quem não se lembra da falência da gigante do setor imobiliário: a Encol? Eu mesmo conheci duas pessoas, entre as 42.000 famílias lesadas pela empresa, que perderam as economias de toda uma vida!!!

Depois disso tomamos algumas providências para regularizar a nova lei de falências, muito embora persista a causa-raiz: de que adiantam as leis se não existe fiscalização preventiva e, o que é pior, se a impunidade impera sobretudo para os criminosos mais abastados?!

O único consolo é que a justiça, afinal, está começando a fazer sua parte, pelo menos no exterior. Os diretores financeiros, auditores e até mesmo o próprio fundador da Parmalat já foram parar no xilindró! *

Em depoimento, um diretor chegou até mesmo a confessar ter recebido a difícil tarefa de arrebentar um computador a marteladas ao final do expediente.

* Nesta época ainda nem sonhávamos com a nova realidade propiciada no Brasil pela Operação Lava Jato que também levou para cadeia inúmeros políticos e empresários.

Chamou-me especial atenção, no campo da responsabilidade sócio-ambiental, o caso da indústria química Shell do Brasil que chegou ao cúmulo, em meados de 2002, de se auto-denunciar por conta de uma contaminação no solo provocada numa área residencial localizada na cidade de Paulínia (SP).

Depois de intensa “batalha judicial”, envolvendo contestações completamente descabidas quanto aos laudos técnicos idôneos, a empresa foi condenada a indenizar as famílias lesadas. Mesmo assim, deve-se ressaltar que não existe dinheiro no mundo capaz de resgatar a saúde e a vida!

Últimas reflexões apropriadas

Eu, estupefato, me faço então quatro indagações e convido os leitores a refletirem sobre elas:

  1. O que as pessoas não se sujeitam a fazer para perseguirem suas ambições?
  2. Por que estes altos executivos não estabelecem seus valores e princípios antes das suas ambições?
  3. O que deve reger a ética nas relações empresariais?
  4. Existe alguma diferença entre a ética pessoal e a ética corporativa?

Julio Lobos responde com primor a todas estas questões em seu livro que se faz repleto de exemplos, reflexões e diretrizes de conduta ética e profissional.

Ele nos remete, então, a uma frase filosófica muito singular de Ovídio que diz sabiamente o seguinte:

A causa má torna-se pior quando queremos defendê-la.

Um funcionário moralmente correto age pelo bem da sociedade como um todo e, consequentemente, da sua própria empresa. Não se pode tomar atitudes isoladas para resolução de problemas imediatos sem antes pensar nas implicações mais abrangentes para sociedade e o meio-ambiente.

§

Vimos, portanto, que um escândalo financeiro ou sócio-ambiental pode comprometer irreversivelmente a imagem de uma empresa. Recordo-me aqui, forçosamente, de minha querida vózinha Marieta (in memorian) que sempre me dizia que a ética vem de berço.

Apenas complementaria que enquanto não houver uma conscientização moral estimulada internamente pelas próprias empresas, desde os processos seletivos até no trabalho de rotina, continuaremos assistindo, cada vez mais, a este tipo de escândalos.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Lobos, Julio, Ética & Negócios, 1a ed., São Paulo: Instituto da Qualidade, 2003.

RENOVAÇÃO: uma mensagem de Natal

#ricardobarreto #livrovivo #mensagens #Natal #FernandoPessoa 

Meus caros convivas,

Para mim o Natal é sinônimo de renovação! Difícil de passar um ano sequer sem que, ao olhar para trás, não encontre tanto erros quanto acertos, ou melhor, mais erros do que acertos…

Em verdade, nada disso importa. Reflexões de nada valem, senão quando acompanhadas de pelo menos alguns poucos, mas profundos relacionamentos.

Que seria de nós sem estes momentos que, de tão ternos, tornam-se eternos? De tudo o que vivemos, do que nos recordamos, afinal, no momento derradeiro???

Vicissitudes à parte, sempre nos recordamos muito bem daquele brinde embriagado em final de noite na companhia dos amigos, do olhar de contentamento dos pais na formatura, dos primeiros passos da filhinha e, claro, do beijo apaixonado da mulher amada, em seu colo!

Não há “mais-valia” do que o aconchego da família, nem sentido na vida sem o conselho de um amigo, quanto menos calor na ausência de um grande amor…

Minha mensagem de Natal, desta vez, não é filosófica. Quero, daqui por diante, sentir mais do que pensar, ouvir mais do que falar e, sobretudo, amar mais do que achar! A única verdade reside no amor.

Para finalizar, escolhi brindar-vos com uma frase do Mestre imortal Fernando Pessoa que sentia melhor do que ninguém os agouros d’alma:

Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada.

Do poema Tão Cedo Passa Tudo quanto Passa, de Ricardo Reis, in “Odes” Heterónimo de Fernando Pessoa.
Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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  1. Barreto, R. L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.

Máximas de um pimpolho

#ricardobarreto #livrovivo #contos #infância #máximas 

FORMATO DO CONTEÚDO: blog post

GÊNERO LITERÁRIO: contos

Como é bom lembrar deste tempo… Já dizia nosso grande avatar Jesus Cristo: “venham a mim as criancinhas”. Desprovidas são elas, ainda, das falácias mundanas! Não têm medo, nem cobiça, vaidade, bla, bla, bla.

Em verdade, são puras, regadas da mais suave essência de si mesmas. Não vestem “cascas” para se proteger. Enfim, são as “castanhas”do mundo! Não deveríamos jamais ter perdido a nossa criatividade que é exercida tão-somente na “arte do brincar”, mesmo para adultos.

Como é fácil nos esquecermos  da busca incessante pela felicidade. E como regredimos ao nos esquecermos de que esta “rapariga fujona”, em realidade, só nos acompanhará quando encararmos a vida como uma eterna e gostosa brincadeira.

Vejamos do que consigo me lembrar do tempo de “pipoco” para adocicar a Consciência deste “velho rabugento” !

Pensar grande

Por volta dos quatro anos de idade, mamãe fez-me a seguinte pergunta:

_ Filho, o que você quer ser quando crescer?

Não receei em responder-lhe de imediato com outra pergunta:

_ Mamãe, qual é o maior cargo que existe no Brasil?

 Surpresa, ela pensou bem e disse:

_ Bem, meu filho, é o de Presidente da República.

Respondi, então, resoluto:

_ Então, mamãe, é isto o que eu quero ser!

Trato com o dinheiro

Enchi tanto a paciência do papai até que, enfim, abriu uma poupança para mim no “Bladesco”. Isto mesmo: o tradicional banco Bradesco, mais precisamente na antiga agência que ficava em frente à prefeitura de Campinas. Para mim, era apenas o “Bladesco”.

Não saía de casa sem a minha “cadernetinha vermelha”. Ao receber a sagrada mesada, conquistada com o suor de muitas gramas cortadas,  ia correndo na banca mais próxima do bairro para comprar figurinhas, só para pegar o troco em notas de um…

Veja bem a lógica: quanto mais grosso fosse o maço de dinheiro, mais “rechonchuda” ficava aquela cadernetinha. Até que fazia mais sentido do que as criptomoedas de hoje! [hehe]

Grandes conquistas

Luciana, minha maninha, era o que se pode chamar de poetiza nata. Amolei-a tanto que acabou me inscrevendo num concurso de poesias. No entanto, “malvada” foi ela ao me dizer que eu não teria a menor chance!

Fiquei muito triste, mas não desanimei. O concurso era sobre acidentes do trabalho e, apesar de eu não saber nem escrever ainda, com a ajuda do meu vozinho Joaquim (in memoriam), lancei meu versinho:

Nesta casa, a Bruxa do Acidente não entra!

Frase vencedora, concurso SIPAT, Monsanto Brasil, 1982

Quem diria que seria o verso premiado da noite! Coitadinha da maninha talentosa… [rss]

A mesma ladainha ocorreu no concurso de pipas com meu irmão, o Betão. “Pentelhinho” que era, consegui que me fizesse uma mini-pipa com os retalhos da sua majestosa “águia dos ventos”…

Passei o tempo inteiro do concurso correndo de um lado para o outro, na tentativa que minha mini-pipa alçasse voo. Imaginem só: ganhei o primeiro lugar em originalidade!

Associações despretensiosas

Almoçávamos todo domingo em São Paulo na casa dos meus avós. Como todo caçulinha, tinha lugar cativo no centro banco traseiro do carro de papai. Adorava apreciar, dali, a paisagem São Paulina, no seio daqueles que tanto me afagavam…

Meus pais morrem de rir ao contar que toda vez que chegávamos no final da rodovia dos Bandeirantes, quando despontava o primeiro prédio, eu gritava ansioso: Sum Paulo, Sum Paulo!!

Mais engraçado ainda é que, mesmo em Campinas (minha amada cidade natal), sempre que avistava um amontoado de prédios, também gritava o mesmo… [rss] 

§

Portanto, muita atenção adultos! Eis as máximas de um “pimpolho”:

1.   Ousadia de pensar grande;

2.   Empreendedorismo de um colosso;

3.   Simplicidade de um vencedor;

4.   Inocência de um anjo.

Felizes serão aqueles que conseguirem manter estas virtudes!

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Autoria por Ricardo Barreto

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  1. Barreto, R. L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.

Parábola da vizinha fofoqueira

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GÊNERO LITERÁRIO: contos

Prezados anciãos, esta é uma daquelas “estórias” que põem a gente para pensar… Eu a ouvi há muito tempo, em alguma palestra que já não me lembro nem sequer do tema, mas daquela singela mensagem de cunho moral nunca mais me esqueci!

Era uma vez uma dona de casa muito fofoqueira que, certo dia,  iria receber a visita inusitada de um sábio. Quando chegou, ela recebeu-o cordialmente e já logo soltou a “língua felina”, contando os podres da vizinha:

_ Todo dia, quando acordo, tenho que aturar a vista das suas roupas imundas no varal! Acho que ela não deve usar nem sabão em pó!!! Suas roupas estão sempre tão encardidas… Veja lá você mesmo?

O sábio olhou em direção à janela, analisou a cena e disse:

_ Minha senhora, empreste-me um pano limpo.

Ela o emprestou de imediato. Ele foi até a janela calmamente, limpou a vidraça e disse:

_ Veja agora com seus próprios olhos.

A mulher ficou olhando, atônita! Então ele continuou:

_ Não é a roupa dela que está suja e sim a sua vidraça…

Na vida, é assim mesmo. Nós vivemos enxergando somente a “roupa suja” dos outros e não nos lembramos de limpar a própria!

A filosofia, portanto, se encaixa muito bem no papel do sábio, nos ajudando a ter mais consciência de nós mesmos, ao invés de ficarmos atentos somente aos defeitos dos outros. Salve os sábios, salve a sabedoria!

 Créditos:

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Ética corporativa – parte I

#ricardobarreto #livrovivo #éticaevolucionista #filosofia #ética #éticacorporativa #éticapessoal #escândalodaparmalat

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GÊNERO LITERÁRIO: ensaio

Esta análise ética foi inspirada pelo artigo do articulista Stephen Kanitz, publicado na revista Veja em janeiro de 2001. Ele exprime, com primor, a problemática que nos propusemos a tratar.

Entretanto, seria imprescindível, ao abordarmos este delicado tema, que sejam traçadas algumas breves definições, as quais não ousaria modificar sequer uma vírgula com relação àquelas concebidas por Kanitz!

Ambição e ética

Primeiramente, ela generaliza o termo AMBIÇÃO como sendo:

Tudo aquilo que pretendemos fazer na vida: ganhar dinheiro, casar-se com uma pessoa legal ou viajar pelo mundo.

Logo em seguida, propõe que a ÉTICA trata dos padrões de convívio social, mais propriamente:

Os limites que as pessoas se impõem na busca de suas ambições.

Extrapolando sobremaneira, delineou uma conceituação filosófica simplesmente maravilhosa! Desvinculou-se, de forma indelével, a ética da moralidade, associando-a acertadamente às suas implicações pessoais e sociais.

Estendeu-se ainda, em sua conclusão, ao julgar a ambição de se ganhar dinheiro (certamente a da maior parte das pessoas) como a mais vil de todas as ambições. Entende que esta simplesmente não deveria ser encarada como uma ambição e sim um meio de atingir outras ambições bem mais valorosas, tal como uma obra assistencial de impacto!

Ética pessoal

Não há nada de errado em ser ambicioso na vida, contanto que seja definida a sua ética pessoal o mais rápido possível, antes de decidir as próprias ambições. Caso contrário, estar-se-á fadado à falta de rigor ético, o que rende o indivíduo ao “vislumbre maquiavélico”…


Um homem de princípios éticos não se faz pelas suas conquistas materiais, seus títulos ou posição profissional, outrossim por sua obra em prol da sociedade como um todo.


Bertrand Russel, nosso grande filósofo contemporâneo, já dizia que “a habilidade desprovida de sabedoria é a causa de nossos males”.

Em tempos de globalização financeira (esta irreversível, apesar dos recentes movimentos nacionalistas no sentido contrário), tem-se ouvido falar muito de escândalos corporativos. A falta de ética no “mundo dos negócios” tem impulsionado decisivamente a conduta de muitos executivos, em todos os escalões, das mais variadas e conceituadas empresas mundo afora!

O escândalo da Parmalat

Foi o que se observou, a propósito, com a gigante do ramo alimentício no final de 2003: a Parmalat. Uma empresa consolidada, com atuação em mais de 30 países, que empregava cerca de 36.000 funcionários e faturava anualmente por volta de 9,5 bilhões de dólares.

Fundada em Parma no ano de 1961 por Calisto Tanzi, a Parmalat foi acusada, entre os diversos crimes do “colarinho-branco”, de fraudar balanços, destruir documentos e falsificar assinaturas. O rombo em suas contas pode ter atingido a extraordinária cifra de 12 bilhões de dólares, maior ainda que os desfalques recordes de 9 bilhões das empresas americanas WorldCom e Enron. Como seria possível acontecer este tipo de escândalo financeiro? Veja o laudo da auditoria:

A empresa aparentemente sobrevaloriza seus bens de forma a obter lucros contábeis mais elevados que os verdadeiros. Em realidade, foi descoberta uma conta falsa com 4,9 bilhões de dólares só para se lastrear novos empréstimos.

§

Não obstante, o maior problema quando uma grande empresa deste porte vai à falência é que “detona uma quebradeira” geral no mercado, numa espécie de efeito em cascata, que atinge desde credores até os consumidores finais e o próprio Estado!

Por que será, então, que os executivos de empresas tão estratégicas para a economia de um país não são selecionados por critérios mais éticos do que propriamente técnicos? Continuaremos nossa análise no próximo post… Não perca.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Kanitz, S. Veja, 2001, 1684, ano 34, No 3 (janeiro).
  3. Russel, B. A Sociedade Humana na Ética e na Política, 1956, Compahia Editora Nacional, 206.
  4. Pires, L.; Rydlewski, C. Veja, 2004, 1835, 74-77.