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Ora, que pode haver de ético quando se fala de atração sexual? À primeira vista, pode até parecer que não há relação alguma, não obstante, se olharmos mais a fundo, veremos que muita coisa está atrelada ao sexo e seus desejos…
Tudo o que está ligado com os instintos fundamentais do ser humano é um fator crucial em nossas decisões do cotidiano. É o que se costuma chamar, em linguagem de psicólogo, de “gatilho emocional”. Ou seja, quando uma vontade intrínseca, ligada à nossa realidade genésica, determina as nossas ações.
O fenômeno da atração
Chamou-me especialmente a atenção uma reportagem instigante veiculada na imprensa em 2004, na qual foi analisada de forma bastante sutil, porém muito bem embasada, as questões socioculturais e científicas por trás deste tema tão delicado.
A tese defendida nesta reportagem pode ser resumida sucintamente pelo seguinte excerto:
Além da aparência física, da conta bancária, do temperamento ou do simples impulso de reprodução proposto por Charles Darwin, ainda há uma confusão de hormônios, circuitos cerebrais e substâncias químicas influenciando a questão de com quem se gostaria de ir para cama.
Existem duas vertentes distintas com explicações complementares para o fenômeno da atração sexual. De um lado os sociólogos, antropólogos e demais adeptos das ciências humanas com suas justificativas baseadas nos padrões sócio-culturais.
Na contramão, por sua vez, está uma plêiade de cientistas, médicos, biólogos e químicos, com suas provas fundamentadas nos mecanismos bioquímicos e no código genético do corpo humano. Quem será que está com a razão: a ciência ou os humanistas?
Sou da opinião que o melhor seria pensarmos que ambos estão na direção correta… De fato, existe a tão falada “química do amor”, contudo, o ser humano não se resume a um emaranhado de vias metabólicas, regidas pela herança genética, outrossim, a um complexo sistema físico-mental, onde os fatores psicológicos têm certamente um papel significativo.
Por outro lado, o entendimento de como os homens e as mulheres são estimulados sexualmente requer uma análise ampla e profunda que vai muito além do estudo de artigos científicos, exigindo sobretudo uma reflexão crítica sobre as questões ético-comportamentais envolvidas.
Infidelidade conjugal
Pode parecer estranho, mas o despertar da sexualidade foi a grande motivação das pesquisas acadêmicas de Mirian Goldenberg, uma conceituada antropóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ela começou o seu trabalho levantando a seguinte indagação: “o que mais te atrai no sexo oposto?”. As respostas dos dois grupos (masculino e feminino) foram unânimes: os homens se ligam primariamente à beleza, enquanto que as mulheres se atentam mais à inteligência.
Confirma-se, assim, aquela famosa tese de que os homens são movidos muito mais pelo instinto do que as mulheres, as quais preferem analisar critérios mais subjetivos.
O fato é que a mulher é capaz de sentir desejo tão intenso quanto o homem. A diferença é que ela não é escrava do impulso.
Eu continuaria dizendo que o homem consegue isolar melhor o componente sexual do lado sentimental. Não que eu defenda esta tese, mas é um fato. E muito da infidelidade conjugal se baseia justamente nele. Já que tocamos nesta importante questão ética, vamos aproveitar para tentar elucidá-la mais amiúde.
Sou partidário da tese de que, em termos comportamentais, não existe diferença alguma entre homens e mulheres. Está certo que são realidades fisiológicas (hormonais) bem distintas, mas isto não deve justificar a subjugação dos homens, em certas circunstâncias, ao poder da testosterona!
Aquele velho ditado que diz “a carne é fraca” não deve nunca justificar os desvios inconsequentes que levam muitos pais de família à infidelidade conjugal, arruinando relacionamentos que poderiam perseverar e gerar melhores frutos do que uma efêmera aventura extraconjugal. A razão da Consciência deve sempre prevalecer.
Também não sou do tipo puritano hipócrita a ponto de condenar a infidelidade em toda e qualquer situação. Muitos relacionamentos são “frágeis” demais para serem tratados como uniões estáveis… Existem pessoas que ficam juntas mais por conveniência do que por um sentimento recíproco e genuíno de afinidade, quiça de amor! Detalhe importante: entenda-se por genuíno tudo o que é puro e verdadeiro.
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No mundo impulsivo e superficial de hoje em dia, são cada vez mais frequentes as transgressões sexuais. Eu diria até mesmo que o comportamento infiel ou o sexo vicioso e seus transtornos mentais, por mais estranho que possa parecer, é ou está ficando natural…
Logo, se quisermos vivenciar relacionamentos duradouros, profícuos e sinceros, devemos nos amar de forma madura, o que significa, antes de qualquer coisa, a busca pelo autoconhecimento e, numa estágio mais elevado, a auto-realização! Só assim, estaremos aptos a dar e receber o afeto de outrem.
Créditos:
Autoria por Ricardo Barreto
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Saiba mais:
- Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
- Daniela Pinheiro, Veja, 2004, 1837, 74-81.