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FORMATO DO CONTEÚDO: blog post
GÊNERO LITERÁRIO: crônica
TEMPO DE LEITURA: 00:02:47
Ao contrário do que pode parecer num primeiro momento, a palavra syntons não remete à conotação de sintoma e sim ao significado de causalidade, origem ou raiz. Em química orgânica, por sinal a minha especialidade acadêmica, syntons são “esqueletos carbônicos” básicos, utilizados como precursores de moléculas mais complexas.
Pois bem, mas o que isso tem a ver com a violência? Aparentemente nada, mas filosoficamente tudo! Ora, o retrato da violência perfila pelos nossos olhos diariamente nas ruas, nos noticiários, no trabalho e até mesmo em casa. O que nos falta mesmo é o mínimo “senso de revolta” contra todas as iniquidades, das mais simples até as mais cabeludas!
Por que os bons se vão?
Diante da onda intermitente de atos inconcebíveis que ferem os mais fundamentais direitos humanos, não muito tempo atrás, mais propriamente naquele fatídico ano de 2001, causou-me especial assombro o assassinato do prefeito de Campinas, nosso querido Toninho do PT (naquela época ainda eram poucos os que desconfiavam da quadrilha por trás de um partido).
Em nosso país, especialmente, é sempre muito bom ter uma boa dose de prudência ao se falar bem de qualquer político. Entretanto, neste caso, não hesito em abrir uma honrosa exceção:
_ Toninho, em teus olhos eu via muito mais do que um político honesto e trabalhador, outrossim, o reflexo da esperança de um povo por demais esquecido. Esteja em paz, com a certeza de que nos legou a urgência de uma profunda reforma social.
Discurso moralista
Voltando à análise dos syntons causadores da violência, antes de citá-los, ou propor qualquer tipo de solução, gostaria de fazer um breve exercício de transposição mental.
Imaginemo-nos na situação de um pedinte qualquer, destes de semáforo que em cidade grande tem de sobra. Aos 24 anos de idade, desempregado, vítima dos mais sofríveis traumas de infância, com fome e o semáforo fecha. Pára então um automóvel Audi-A3, vidros entreabertos, som “putz-putz” no último volume e um “playbas” sorrindo, como se a vida fosse um eterno mar de rosas. Quando o pedinte se aproxima com o seu rodinho, o “almofadinha” fecha os vidros rispidamente, dá uma risada, aumenta o som, olha para a “paty” ao seu lado e o ignora friamente…
Como você se sentiria sendo apunhalado pela “exclusão social” todo santo dia? É muito fácil fazer discurso moralista quando se tem tudo de mãos beijadas”
Termodinâmica social
Lembro-me, enfim, de uma frase pichada num muro que lia todo dia, obviamente absorto, no caminho para faculdade em Campinas:
Enquanto não houver justiça para os pobres, não haverá paz para os ricos.
Presumo seja este um axioma perante o qual todos os outros inumeráveis motivos de violência ficam subjugados. A justiça é uma condição essencial, de modo que sem ela estamos fora do equilíbrio e a “termodinâmica social” é inexorável no sentido da correção de quaisquer distorções…
A “fórmula”, portanto, é muito simples. O difícil é exercermos nossa obrigação diária de auxílio ao próximo, numa incessante luta pela distribuição de recursos, sejam eles materiais ou espirituais.
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Por ora, preocupemo-nos somente em nos informar para que possamos escolher melhores governantes. E que estes ao menos cumpram com o dever de oferecer melhores condições de saúde, educação e segurança à população, além de propiciar um sistema judiciário eficaz que possibilite de fato a reabilitação dos criminosos.
Isto não é impossível. Alguns países já o fizeram. Espero que nas próximas décadas o Brasil tenha cumprido pelo menos os primeiros passos para se tornar um país mais justo. Uma verdadeira pátria para todos os seus cidadãos!
Créditos:
Autoria por Ricardo Barreto
Conteúdo exclusivo de ricardobarreto.com
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Saiba mais:
- Barreto, R. L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.