TRECHO: Deus é o nosso sentimento de busca à perfeição… Como nos é possível, sendo imperfeitos, vislumbrar uma condição à qual ainda estamos longe de atingir?
MENSAGEM: Tema complexo, cheio de devaneios pseudo-sábios e perambulanças religiosas! Meu querido vô o tratou em seu poema “No Palácio Encantado dos Porquês”, mas hoje, ao aprender o Dharma, acredito que não mais o trataria dessa forma…
Aos seres que amam, atentai-vos para comunicação, a bendita comunicação! Quando bem utilizada, nos traz glórias. Se falha, também pode ser a fonte dos maiores sofrimentos do espírito humano.
Tão mal interpretada e frequentemente na dose errada, é capaz de iludir a tudo e a todos, inclusive a nós mesmos… Cega-nos a ponto de não conseguirmos enxergar os nossos próprios defeitos!
Mas o que seria de nós sem ela? Antes de mais nada, é um dos maiores agentes evolutivos existentes. Então, pelo amor de Deus, pare um instante e reflita!
Falácia de perfeição
Sempre que se começa um novo relacionamento, seja em família, uma amizade, namoro ou cônjuge, estamos imbuídos das melhores intenções, uma doação verdadeira que é aquela em que não se espera nada em troca…
Procuramos mostrar TUDO o que temos de bom, ficando a vida bem mais doce. Contudo, com o passar dos anos, nas falhas de comunicação, é deflagrado pouco a pouco o nosso verdadeiro Eu: falho e humano.
A perfeição está muito distante de qualquer um de nós. Sempre existem particularidades da persona conflitantes que, como o foco de um câncer, comprometem seriamente o amor tão sublime de outrora…
A “quimioterapia” a dois
Penso que, ao chegar neste ponto, não é salutar para ambas as partes julgar o companheiro, nem tampouco esperar pela mudança de outrem. Assim, somente alimenta-se o rancor e a destemperança…
A única saída é voltar-se para si mesmo, numa busca inaudita pela cura desta doença tão temerosa. Ela existe, graças a Deus! No entanto, requer um tratamento intenso e doloroso, eu diria que até mesmo quimioterápico!
Cabe ressaltar, por outro lado, que o “germe” desta doença nunca é totalmente banido, haja vista que é uma propriedade intrínseca das nossas personalidades, reflexo do nível de Consciência de cada um.
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Ao nos relacionarmos, urge que nos comprometamos incessantemente a refletir e buscar um corretivo eficaz para cada pequeno detalhe conflituoso da nossa personalidade.
Só assim, num constante processo de reforma íntima, criaremos as condições indeléveis para estarmos sempre juntos e felizes, lado a lado do ser amado.
O baile do Clube Municipal de Areado (MG) era certeza de fartura e bonança. Estávamos na última semana de junho, faltando poucos dias para as provas finais do bimestre…
O fato é que nada era empecilho para dois “ETECAPIANOS” convictos, na efervescência dos seus 16 anos… Seriam três dias de sítio, uma noite de baile, pouco estudo e muito hormônio!
A meta do baile
Saímos de Campinas na sexta-feira pela manhã e, como era de praxe, a meta do feriadão já estava estipulada: três “scores” cada, ou seja, um por dia. Prefiro passar batido pela noite de sexta, visto que só ela, renderia um capítulo…
Já era fim de tarde no rancho e a apreensão pelo baile consumia nossos pensamentos. No entanto, o pior é que, depois da noite passada, a valer das fofocas, nossas perspectivas já não eram as melhores… Mas e daí! Éramos da cidade grande, bonitos e valentes, quem poderia nos deter?
O cupinzeiro
Maledeto cupinzeiro! Gritei ao saltar do pangaré e topar com o dedão naquele “maldito” monte de areia, duro que nem pedra!!! A dor era escaldante e nem gelo segurava a vermelhidão.
Mais à noitinha, a dor ainda estava bem longe de cessar, entretanto, o meu camarada saiu do banho todo animado e perguntou daquele seu jeito super delicado:
_ Não vai se arrumar pro baile não o seu “veadinho” ?
Por incrível que pareça, relutei muito em ir, mas não adiantava. Pelo menos até a praça teria de ir, senão… Sei lá! Algo me dizia, além da sua insistência, que eu deveria ir. Minha “intuição masculina”, talvez… [hehe]
Na praça central
Bem, lá no nosso point o que não faltou foi conhaque (não poderia deixar de ser um Domeqc naquela época de pendura). Não conseguia sequer apoiar o pé no chão, de modo que prostei-me num daqueles carros ridículos com o capô aberto, ao som do Skank (antes de enjoar, claro), enquanto o meu camarada seguia seu “estratagema anestésico”…
Quinze pra meia noite e, antes de subirmos para o baile, tínhamos um encontro marcado com a nossa “caninha 51” e o não menos importante maço de “Guds” (vulgo Gudang Garam, único cigarrinho de cravo aceitável pela moçadinha fresca campineira).
Eles ficavam escondidos num terreno ali por perto e, acreditem: quem era o nosso salvador? Sim, o bendito “cupinzeiro”, onde escondíamos nossos apetrechos noturnos… [rss] É, por mais estranho que pareça, há males que vêm pra bem!
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A essas alturas, eu já andava normalmente e o dedão quebrado era-me apenas uma vaga (e nada doce) lembrança. Dali por diante, do que me recordo são apenas “flashes” daquela memorável noite de inverno.
Uma roda de uns cinco metros de diâmetro no meio do salão, dois cabeludos em êxtase estirados no chão ofegantes. E atônitos, é a única palavra que resume a cara dos mineiros diante daquela cena estapafúrdia ao som de Ugly Kid Joe! O resto não é preciso nem contar…
Resultado: pelo que pude lembrar-me foram no mínimo quatro “scores” cada (a meta estava pra lá de atingida). O sol estava nascendo e o meu pé doendo pra burro!!!
Para mim o Natal é sinônimo de renovação! Difícil de passar um ano sequer sem que, ao olhar para trás, não encontre tanto erros quanto acertos, ou melhor, mais erros do que acertos…
Em verdade, nada disso importa. Reflexões de nada valem, senão quando acompanhadas de pelo menos alguns poucos, mas profundos relacionamentos.
Que seria de nós sem estes momentos que, de tão ternos, tornam-se eternos? De tudo o que vivemos, do que nos recordamos, afinal, no momento derradeiro???
Vicissitudes à parte, sempre nos recordamos muito bem daquele brinde embriagado em final de noite na companhia dos amigos, do olhar de contentamento dos pais na formatura, dos primeiros passos da filhinha e, claro, do beijo apaixonado da mulher amada, em seu colo!
Não há “mais-valia” do que o aconchego da família, nem sentido na vida sem o conselho de um amigo, quanto menos calor na ausência de um grande amor…
Minha mensagem de Natal, desta vez, não é filosófica. Quero, daqui por diante, sentir mais do que pensar, ouvir mais do que falar e, sobretudo, amar mais do que achar! A única verdade reside no amor.
Para finalizar, escolhi brindar-vos com uma frase do Mestre imortal Fernando Pessoa que sentia melhor do que ninguém os agouros d’alma:
Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada.
Do poema Tão Cedo Passa Tudo quanto Passa, de Ricardo Reis, in “Odes” Heterónimo de Fernando Pessoa.
Como é bom lembrar deste tempo… Já dizia nosso grande avatar Jesus Cristo: “venham a mim as criancinhas”. Desprovidas são elas, ainda, das falácias mundanas! Não têm medo, nem cobiça, vaidade, bla, bla, bla.
Em verdade, são puras, regadas da mais suave essência de si mesmas. Não vestem “cascas” para se proteger. Enfim, são as “castanhas”do mundo! Não deveríamos jamais ter perdido a nossa criatividade que é exercida tão-somente na “arte do brincar”, mesmo para adultos.
Como é fácil nos esquecermos da busca incessante pela felicidade. E como regredimos ao nos esquecermos de que esta “rapariga fujona”, em realidade, só nos acompanhará quando encararmos a vida como uma eterna e gostosa brincadeira.
Vejamos do que consigo me lembrar do tempo de “pipoco” para adocicar a Consciência deste “velho rabugento” !
Pensar grande
Por volta dos quatro anos de idade, mamãe fez-me a seguinte pergunta:
_ Filho, o que você quer ser quando crescer?
Não receei em responder-lhe de imediato com
outra pergunta:
_ Mamãe, qual é o maior cargo que existe no Brasil?
Surpresa, ela pensou bem e disse:
_ Bem, meu filho, é o de Presidente da República.
Respondi, então, resoluto:
_ Então, mamãe, é isto o que eu quero ser!
Trato com o dinheiro
Enchi tanto a paciência do papai até que, enfim, abriu uma poupança para mim no “Bladesco”. Isto mesmo: o tradicional banco Bradesco, mais precisamente na antiga agência que ficava em frente à prefeitura de Campinas. Para mim, era apenas o “Bladesco”.
Não saía de casa sem a minha “cadernetinha vermelha”. Ao receber a sagrada mesada, conquistada com o suor de muitas gramas cortadas, ia correndo na banca mais próxima do bairro para comprar figurinhas, só para pegar o troco em notas de um…
Veja bem a lógica: quanto mais grosso fosse o maço de dinheiro, mais “rechonchuda” ficava aquela cadernetinha. Até que fazia mais sentido do que as criptomoedas de hoje! [hehe]
Grandes conquistas
Luciana, minha maninha, era o que se pode chamar de poetiza nata. Amolei-a tanto que acabou me inscrevendo num concurso de poesias. No entanto, “malvada” foi ela ao me dizer que eu não teria a menor chance!
Fiquei muito triste, mas não desanimei. O concurso era sobre acidentes do trabalho e, apesar de eu não saber nem escrever ainda, com a ajuda do meu vozinho Joaquim (in memoriam), lancei meu versinho:
Nesta casa, a Bruxa do Acidente não entra!
Frase vencedora, concurso SIPAT, Monsanto Brasil, 1982
Quem diria que seria o verso premiado da noite! Coitadinha da maninha talentosa… [rss]
A mesma ladainha ocorreu no concurso de pipas com meu irmão, o Betão. “Pentelhinho” que era, consegui que me fizesse uma mini-pipa com os retalhos da sua majestosa “águia dos ventos”…
Passei o tempo inteiro do concurso correndo de um lado para o outro, na tentativa que minha mini-pipa alçasse voo. Imaginem só: ganhei o primeiro lugar em originalidade!
Associações despretensiosas
Almoçávamos todo domingo em São Paulo na casa dos meus avós. Como todo caçulinha, tinha lugar cativo no centro banco traseiro do carro de papai. Adorava apreciar, dali, a paisagem São Paulina, no seio daqueles que tanto me afagavam…
Meus pais morrem de rir ao contar que toda vez que chegávamos no final da rodovia dos Bandeirantes, quando despontava o primeiro prédio, eu gritava ansioso: Sum Paulo, Sum Paulo!!
Mais engraçado ainda é que, mesmo em Campinas (minha amada cidade natal), sempre que avistava um amontoado de prédios, também gritava o mesmo… [rss]
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Portanto, muita atenção adultos! Eis as máximas de um “pimpolho”:
1. Ousadia
de pensar grande;
2. Empreendedorismo de um colosso;
3. Simplicidade de um vencedor;
4. Inocência
de um anjo.
Felizes serão aqueles que conseguirem manter estas virtudes!
Prezados anciãos, esta é uma daquelas “estórias” que põem a gente para pensar… Eu a ouvi há muito tempo, em alguma palestra que já não me lembro nem sequer do tema, mas daquela singela mensagem de cunho moral nunca mais me esqueci!
Era uma vez uma dona de casa muito fofoqueira que, certo dia, iria receber a visita inusitada de um sábio. Quando chegou, ela recebeu-o cordialmente e já logo soltou a “língua felina”, contando os podres da vizinha:
_ Todo dia, quando acordo, tenho que aturar a vista das suas roupas imundas no varal! Acho que ela não deve usar nem sabão em pó!!! Suas roupas estão sempre tão encardidas… Veja lá você mesmo?
O sábio olhou em direção à janela, analisou a cena e disse:
_ Minha senhora, empreste-me um pano limpo.
Ela o emprestou de imediato. Ele foi até a janela calmamente, limpou a vidraça e disse:
_ Veja agora com seus próprios olhos.
A mulher ficou olhando, atônita! Então ele continuou:
_ Não é a roupa dela que está suja e sim a sua vidraça…
Na vida, é assim mesmo. Nós vivemos enxergando somente a “roupa suja” dos outros e não nos lembramos de limpar a própria!
A filosofia, portanto, se encaixa muito bem no papel do sábio, nos ajudando a ter mais consciência de nós mesmos, ao invés de ficarmos atentos somente aos defeitos dos outros. Salve os sábios, salve a sabedoria!
Ao contrário do que pode parecer num primeiro momento, a palavra syntons não remete à conotação de sintoma e sim ao significado de causalidade, origem ou raiz. Em química orgânica, por sinal a minha especialidade acadêmica, syntons são “esqueletos carbônicos” básicos, utilizados como precursores de moléculas mais complexas.
Pois bem, mas o que isso tem a ver com a violência? Aparentemente nada, mas filosoficamente tudo! Ora, o retrato da violência perfila pelos nossos olhos diariamente nas ruas, nos noticiários, no trabalho e até mesmo em casa. O que nos falta mesmo é o mínimo “senso de revolta” contra todas as iniquidades, das mais simples até as mais cabeludas!
Por que os bons se vão?
Diante da onda intermitente de atos inconcebíveis que ferem os mais fundamentais direitos humanos, não muito tempo atrás, mais propriamente naquele fatídico ano de 2001, causou-me especial assombro o assassinato do prefeito de Campinas, nosso querido Toninho do PT (naquela época ainda eram poucos os que desconfiavam da quadrilha por trás de um partido).
Em nosso país, especialmente, é sempre muito bom ter uma boa dose de prudência ao se falar bem de qualquer político. Entretanto, neste caso, não hesito em abrir uma honrosa exceção:
_ Toninho, em teus olhos eu via muito mais do que um político honesto e trabalhador, outrossim, o reflexo da esperança de um povo por demais esquecido. Esteja em paz, com a certeza de que nos legou a urgência de uma profunda reforma social.
Discurso moralista
Voltando à análise dos syntons causadores da violência, antes de citá-los, ou propor qualquer tipo de solução, gostaria de fazer um breve exercício de transposição mental.
Imaginemo-nos na situação de um pedinte qualquer, destes de semáforo que em cidade grande tem de sobra. Aos 24 anos de idade, desempregado, vítima dos mais sofríveis traumas de infância, com fome e o semáforo fecha. Pára então um automóvel Audi-A3, vidros entreabertos, som “putz-putz” no último volume e um “playbas” sorrindo, como se a vida fosse um eterno mar de rosas. Quando o pedinte se aproxima com o seu rodinho, o “almofadinha” fecha os vidros rispidamente, dá uma risada, aumenta o som, olha para a “paty” ao seu lado e o ignora friamente…
Como você se sentiria sendo apunhalado pela “exclusão social” todo santo dia? É muito fácil fazer discurso moralista quando se tem tudo de mãos beijadas”
Termodinâmica social
Lembro-me, enfim, de uma frase pichada num muro que lia todo dia, obviamente absorto, no caminho para faculdade em Campinas:
Enquanto não houver justiça para os pobres, não haverá paz para os ricos.
Presumo seja este um axioma perante o qual todos os outros inumeráveis motivos de violência ficam subjugados. A justiça é uma condição essencial, de modo que sem ela estamos fora do equilíbrio e a “termodinâmica social” é inexorável no sentido da correção de quaisquer distorções…
A “fórmula”, portanto, é muito simples. O difícil é exercermos nossa obrigação diária de auxílio ao próximo, numa incessante luta pela distribuição de recursos, sejam eles materiais ou espirituais.
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Por ora, preocupemo-nos somente em nos informar para que possamos escolher melhores governantes. E que estes ao menos cumpram com o dever de oferecer melhores condições de saúde, educação e segurança à população, além de propiciar um sistema judiciário eficaz que possibilite de fato a reabilitação dos criminosos.
Isto não é impossível. Alguns países já o fizeram. Espero que nas próximas décadas o Brasil tenha cumprido pelo menos os primeiros passos para se tornar um país mais justo. Uma verdadeira pátria para todos os seus cidadãos!