PUREZA versus KARMA – 115 – 117

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§ 115

Fenômenos de materialização e ressurreição. Não é nada fácil de acreditar, porém são inúmeros os credos religiosos com relatos deste tipo de fenômenos que só acontecem entre os puros ou praticamente livres de karma… Sabemos que onde há seres “santos”, há milagres! E milagre nada mais é do que um evento inusitado que choca a humanidade e cuja explicação ainda é desconhecida da ciência. São, via de regra, conduzidos por seres evoluídos, versados nas técnicas de manipulação da energia cósmica universal. Existem inúmeros relatos de fenômenos de materialização de objetos, curas de enfermos irreversíveis e, o mais impressionante de todos os fenômenos de materialização: a ressurreição. Recentemente tomei contato com relatos de fiéis do grande líder espiritual indiano, Sai Baba, que era capaz de materializar objetos tão variados quanto um relógio de ouro ou operar curas inacreditáveis de paralíticos.1 A materialidade dos fatos é inequívoca, com testemunhos recentes de inúmeras autoridades científicas e de diversas religiões. Já a ressurreição é um fenômeno bem mais raro. Acontece no intercurso evolutivo da humanidade quando seres muito evoluídos, que já se libertaram da necessidade de reencarnar, carecem de se manifestar com uma missão evolutiva específica, através de comunicação individual e/ou coletiva. Talvez o caso mais conhecido tenha sido a ressureição de Jesus Cristo que foi crucial para sustentar a fé entre seus discípulos e apóstolos. Paramahansa Yogananda, em sua autobiografia, também relata materializações e aparições lúcidas do seu guru Sri Yukteswar.2

§ 116

Perturbações da mente consciente e subconsciente. Já falamos um pouco sobre como podemos acessar estados de “superconsciência” através da concentração seguida de meditação. Também reforçamos o poder dos estados meditativos para manter o controle da mente. Agora veremos o contrário:

O que realmente nos tira do sério ou nos faz sorrir? Na verdade, não se trata de “algo” ou “alguém”. O grande segredo está em aceitar que só depende de nós mesmos…

Nós somos 100% responsáveis pelo que nos acontece! É o nosso karma que determina o agora, o daqui a pouco e o mais adiante… São, na verdade, os “gatilhos emocionais” que disparam determinada ação (ou reação) ligada à interpretação da nossa mente sobre aquele fato, a qual pode ser positiva, neutra ou negativa, de acordo com as experiências “gravadas” em nossa memória consciente ou subconsciente. A visão budista é um belo exemplo dessa teoria milenar, da época dos Vedas indianos. A explicação para todo sofrimento provém de apenas duas condições: o apego ou a aversão. Ou sentimos “apego” por algo que nos atrai ou sentimos “aversão” por algo que tenhamos experiência traumática anterior. Se me apego demais a alguém e esta pessoa morre ou me deixa, sofro imensamente. Ao passo que, se tenho pavor de altura e sou forçado a viajar de avião, dá arrepios só de pensar! Para complicar ainda mais, quando durmimos, a mente subconsciente popula a “tela dos sonhos” com um mix de todos estes medos…            

§ 117

Karma coletivo e evolução planetária. Existe muita gente que já se apercebeu que esta pandemia vai muito além da tragédia humanitária dos lares arrasados pelas vítimas do Covid-19, dos desafios contra o relógio para médicos e cientistas, das “cabeçadas” políticas aqui e até mesmo em nações desenvolvidas para organizar o sistema de saúde, das empresas farmacêuticas impulsionando seus balanços com uma verdadeira “corrida pelas vacina”, dos impactos macro e microeconômicos como desemprego e pressão inflacionária empobrecendo ainda mais a população das economias pobres e emergentes, bem como tantos outros efeitos que não nos venceriam as páginas… Primeira grande lição de tudo isso: o vírus (ou melhor, a natureza) merece respeito! Precisamos conhecer os limites da biologia molecular e tantas outras ciências que estão “brincando de deuses”, haja vista que os resultados podem ser catastróficos para toda humanidade. Do ponto de vista espiritual, o significado pode e deve ser muito positivo. Tanto que Divaldo Franco, expoente da doutrina espírita no Brasil, está apregoando que os grandes Mestres do plano sutil, estão em uníssono com os preparativos de transição do mundo de provas e expiações para o mundo de regeneração.3 Será mesmo este o significado de tudo isso?! Bem, o karma coletivo perante o planeta Terra é um só, mas o “remédio” certamente é diferente para cada povo e seus diferentes graus de responsabilização. De qualquer forma, a evolução como um todo é inconteste, assim como o foi nos dois períodos pós-guerra que amargamos no século XX, a gripe espanhola e tantas outras epidemias e guerras em diferentes escalas e países que marcaram decisivamente nossa história e, acima de tudo, o nosso porvir!      

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Murphet, Howard, Trilhando o caminho com Sai Baba, 5a ed., Rio de Janeiro: Nova Era, 2010.

2. Yogananda, Paramahansa, Autobiografia de um Iogue, 3a ed. Self-Realization Fellowship, 2016.

3. Divaldo Pereira Franco, No Rumo do Mundo de Regeneração, Editora Leal, 1ª edição, 2021.

Algoritmos de inteligência tecnológica

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Veja bem. Não se trata de algoritmos para mais uma aplicação da Inteligência Artificial! Ninguém discorda de que este é o assunto do momento, nem tampouco de que está moldando a nova “corrida tecnológica” entre as 2 grandes superpotências mundiais: USA versus China, mas quem sairá vitorioso? Bem, se depender do número de patentes na área, me parece que os amiguinhos lá do Oriente estão a passos largos…

Já vimos que a China tem tido uma produção tecnológica absurda nos últimos anos. Mais propriamente vimos que a produção tecnológica, na verdade, não se trata de algo distante da realidade das pessoas. A ficção que ronda o tema é típica dos filmes épicos do tipo Star Wars e também das grandes corporações como a Apple que lançam produtos em massa que fazem história!

Entretanto, vimos ainda que no mundo real são as patentes que fazem a diferença. Sim, um pequeno pedaço de papel que garante o direito de uma empresa explorar tal tecnologia em determinado mercado. Quando se trata de inovação tecnológica, estamos falando de milhões de pequenas empresas de base tecnológica, muitas vezes incógnatas ao público amplo, mas que detém um verdadeiro exército de empreendedores e inventores.

Detalhe: são elas agora famosas pelo termo startups e quem sabe a sua não será a próxima do Vale do Silício, assim como o Google e NetFlix o foram não tanto tempo atrás. Vamos conhecer aqui apenas um dos grandes segredos delas…

Observatório de inteligência tecnológica

Aqui um grande problema. Como manter um “farol” sobre todas as patentes desenvolvidas por competidores ao redor do mundo na sua área? Só para se ter uma ideia, em “artificial intelligence” foram 11.557 patentes somente em 2020! Para se manter atualizado você precisaria ler cerca de 32 patentes por dia! Isto significa que você precisaria ler mais de 1,3 patente por hora!! E uma patente tem em média 12 a 15 páginas com letras bem miudinhas… Ou seja, algo humanamente impossível!!!

É por este motivo que as empresas inovadoras precisam manter profissionais dedicados somente ao trabalho de “inteligência tecnológica”, não deixando escapar nenhuma informação de seus “competidores tecnológicos” ao redor do mundo, seja ele uma grande empresa ou a próxima startup de sucesso na área. É dali que pode vir a próxima tecnologia que revolucionará o seu mercado de atuação. É dali que também pode surgir o insight para o próximo projeto de inovação de produto que moldará o futuro da sua companhia nos próximos 20 anos!

Agora, se você não tem como monitorar tudo o que sai nos escritórios de patentes ao redor do mundo, minimamente você precisa ter o que chamamos de “observatório tecnológico”, qual seja o repositório onde vai registrando de tempos em tempos as patentes que lhe chamaram atenção na sua área. Veja, assim você dificilmente trará algo do tipo breakthrough, mas ao menos terá condição de tomar contato com o que está acontecendo de mais relevante para não ficar totalmente perdido. Parece pouco, mas a experiência mostra que isto já representa um baita diferencial competitivo!!

Figura 1. Ferramenta iNovarvm disponível em ricardobarreto.com.

Veja bem, apenas nos últimos 15 minutos, já registrei 2 patentes sobre “inteligência artificial” utilizando a ferramenta iNovarvm e olha a Coréia (não apenas China e USA) com a LG Eletronics, pesquisando aplicações de na área de painéis eletrônicos… Conheça e inicie seu próprio “observatório de inteligência tecnológica” o quanto antes!

Competidores tecnológicos

Claro que a essa altura o leitor perspicaz já deve ter notado que o que sustenta a posição de mercado de uma empresa em muitos casos é a sua “força tecnológica”. E não são somente as empresas que competem por mercados. Os países também têm interesses estratégicos. Nos dias de hoje os impérios não são mais formados por militares e sim por cientistas e empreendedores!

Mas como medir a “força tecnológica” de uma empresa ou de um país? Desenhamos alguns algoritmos bem específicos que nos permitem boa acurácia nessa missão. Por exemplo, eu não tinha a menor noção de que o Brasil paga algo em torno de 5,2 bilhões de Dólares para empresas estrangeiras somente em royalties. Ao mesmo nem imaginava que o saldo de patentes “correntes” que entraram e saíram da Índia foi de apenas 52.787. São indicadores nem um pouco usuais, mas bem fáceis de se obter publicamente.    

Para empresas, a lógica dos indicadores é a mesma. De que adianta uma nova empresa brasileira de motores elétricos ter 9 patentes depositadas no INPI se nenhuma delas foi estendida para os maiores mercados mundiais que estão na Europa, China e USA?! Muito provavelmente foi mais um spinoff universitária que não saiu da primeira rodada de investidores… Já os grandes inventores, assim como os cientistas, se reconhecem pela produtividade. Não há magica! É na disciplina e esmero que se conquista a excelência.    

Figura 2. Algoritmos para o scoring de relevância de países, empresas e inventores.

Chegamos ao final de mais um capítulo que se propôs a introduzir um tema de extrema relevância para geração de valor: a “inteligência tecnológica”. Espero que tenha ficado claro o poder das patentes, do empreendedorismo e o papel de uma análise mais detalhada das bases de dados espalhadas ao redor do mundo.

Somente o uso de ferramentas sistemáticas de monitoramento e geração de informação relevante, através de algoritmos e sistemas de recomendação, poderão ajudar empresas e inventores a manterem-se competitivos em suas aplicações de interesse, trazendo ao mercado produtos de sucesso. No entanto, essa tarefa ainda está longe de ser elementar…

Aos países com indicadores de tecnologia pífios, enquanto não houver uma política estruturante de fomento à inovação tal como a dos USA no pós-guerra, continuaremos a assistir balanças comerciais “empobrecedoras” por mais que se esforcem exportando milhões de toneladas de commodities… Apenas um navio carregado de microprocessadores chineses já é o suficiente para anular todo este esforço!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

PUREZA versus KARMA – 112 – 114

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§112

Propósito da economia consciencial. Numa economia em que o valor não reside mais em riquezas materiais do plano físico, qual seria o seu principal ativo? Algo intangível é claro, mas que ajude a elevar a consciência, ou seja, torná-la mais lúcida.

Uma consciência mais lúcida é aquela que está numa busca constante pela conexão com o Criador, até atingir o que os iogues chamam de autoiluminação ou autorealização.

No topo da escala de lucidez, ou seja, no estado de autoiluminação ou autorealização, podemos dizer que o corpo, a mente e o espírito se fundem num só, em conexão plena com a consciência cósmica. É através dessa conexão que se permite que a “energia criadora” (ou energia vital) crie, flua e sustente a vida na Terra e outros mundos. São acessadas camadas inacessíveis do plano sutil que só os estados meditativos da “superconsciência” são capazes de desvendar. No budismo chama-se tal estado de nirvana e na cultura yogue de samadhi. Na maior parte do tempo, quando encarnados, estamos no estado de “vigília consciente”, em que a mente, guiada pela “Consciência”, mantém o controle total sobre nossas pensamentos e ações. Somente durante o sono, quando se libera o “subconsciente”, é possível alguma conexão entre nossa alma e as camadas mais elevadas. Como já dizia Paramahansa Yogananda, se não dormíssemos a vida se tornaria insuportável! Os níveis elevados de consciência, portanto, não dependem de riquezas ou estados mundanos e sim da nossa capacidade de controle da mente em estados meditativos. A cada instante determina-se o quanto deveremos viver para voltarmos ao estado original. Este é o único e verdadeiro propósito da economia consciencial.

§113

Evoluindo da inovação social para inovação consciencial. Digamos que a humanidade já tenha atingido o estágio de “inovação social”, aquela que cria valor para sociedade e não somente para indivíduos ou um pequeno grupo a ele associado na forma de empresas.1 Esta na hora de evoluirmos para o próximo estágio: o estágio da “inovação consciencial”. É esta capaz de nos elevar para outros patamares existenciais e que pode tomar uma escala global (na verdade universal) conferindo verdadeiras “fortunas” em termos de valores no plano sutil. Mas os “bilionários”, neste caso, são seres como um São Francisco de Assis, Buda, Jesus Cristo, Madre Tereza, Chico Xavier, Babaji e mais alguns outros seres “santos” que compõem esta lista limitada no nosso planeta de provas e expiações. Só vencem aqueles que se tornarem “bilionários” de fato, mais propriamente aqueles que geram karma positivo para toda humanidade e não somente para eles! Na chamada economia consciencial não adianta simplesmente manter o saldo positivo… É preciso ir além. É preciso tornar-se o próprio Buda, ou senão, comungar com o espírito da “consciência crística”.

§114

Mais sobre a autorealização e autoiluminação. Como você descreveria o estado de pureza alcançado por estes seres santificados? Imagino um estado dependente de conexão e liberdade plena. Ou seja, aquele em que o ser permanece constantemente conectado a Deus e, consequentemente, não tem a obrigatoriedade de estar em dado lugar, nem de interagir com dadas consciências. Atingi o que chamamos de onipresença, ou ubiquidade espiritual. A mobilidade não tem amarras veiculadas pelos próprios pensamentos. São totalmente controladas as projeções lúcidas, sempre com um propósito de criação de valor para outras consciências. Não existe mais as preocupações de criar valor para si porque já se encontra repleto de valor. Mesmo que ainda não se encontre exatamente no ceio de onde partiu, goza da certeza de que já reverteu a “rota de fuga” e se aproxima cada vez mais rápido da fonte criadora, a Consciência cósmica universal.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Sílvio Anaz, HSM Management, A inovação social aponta novos caminhos para as empresas, março/abril de 2014 (p. 58).

PUREZA versus KARMA – 109 – 111

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #pureza #karma #tempocurvo #Einstein #eter #contadevalores

§109

Uma conta de valores. Eis uma palavrinha indiana tão pronunciada hoje em dia, mas tão mal compreendida: o karma! Na verdade, certo mesmo seria dizer que ela é outrossim muito mal administrada… Seria como uma típica conta bancária em que os “depósitos” equivalem ao valor que criamos em nossa existência sutil e, por outro lado, os “débitos” equivalem ao valor que destruímos. Mas qual seria o saldo inicial desta conta? Sempre nulo como há de ser. Nossa conta é “aberta” somente no momento da criação da nossa consciência. Sem histórico bancário, diz-se que o ser consciente é puro, “à imagem e semelhança do Criador”. Preceito este completamente coerente do ponto de vista metafísico, dado que a Fonte não poderia criar (ou emanar) nada que não estivesse em consonância com o seu padrão vibratório. Ou seja, no momento da criação somos puros porque ainda não temos saldo algum: nem positivo, nem negativo! Ainda não fizemos nenhum depósito nem pagamos contas oriundas da nossa interação, construtiva ou destrutiva, com o universo e seres que nos rodeiam a partir do tempo (T0), qual seja o momento da nossa criação.

§110

Nosso tempo também é curvo. Einstein conseguiu comprovar de maneira brilhante que “o tempo é curvo”. Ora, pode parecer uma grande bobagem, mas o que será que ele nos responderia ao indagarmos como poderíamos determinar nosso T0? Não há experimento mental capaz de tal proeza, nem mesmo para um Einstein! As dimensões de tempo oscilam a cada diminuto instante. Dependem do nosso padrão vibratório e do ambiente que nos cerca (do “éter”, como já chamaram um dia e talvez voltem a chamar…). Não teríamos como fazer um retrospecto de cada instante, cada momento de interação com o universo físico e sutil, os seres que o permeiam e cujas realidades temporais são completamente distintas. Para medirmos este tempo, nos depararíamos com o paradoxo da impossibilidade de o fazê-lo com precisão, sem afetar a realidade do que se está sendo medido, ou seja, do que se é de fato… Para medirmos teríamos de deixar de existir como entidades reais! Isto mesmo, como o momento de uma partícula, assim fica mais claro o entendimento pelo menos aos leitores físicos ou estudiosos de plantão. Deveras complexo, mas quem disse que seria mais ou menos interessante se não o fosse. 

§111

Existem débitos e débitos. A classificação dos débitos em conta é muito simples e depende basicamente de duas variáveis que dizem respeito à sua “origem” e “intencionalidade”. No primeiro caso sabe-se que podemos ter débitos cuja causa primária se originou por nós mesmos (I) ou por conta de um evento externo (II), ou seja, do meio em que convivemos. Com relação à intencionalidade, há, por sua vez, os débitos voluntários (a) ou involuntários (b). Se cometo adultério, afligindo um relacionamento de anos de amor e confiança, gero um débito do tipo (Ia), em que eu mesmo fui o causador intencional da aflição. Por outro lado, se um motorista de ônibus atravessa o sinal vermelho e arrasta o seu carro por uns 20 metros, retirando a vida da sua filha que dormia tranquilamente no banco de trás e, num ato de fúria, você sai do carro, ainda cambaleante, e desfere golpes no tal motorista até desfigurar sua face, temos aí um débito do tipo (IIb). Aquele em que a causa primária foi externa (o motorista que irresponsavelmente furou o sinal vermelho) e involuntário no sentido de que o pai saiu completamente do seu estado de equilíbrio emocional, mesmo que por um instante, e cometeu um ato que nunca cometeria em juízo perfeito! Notadamente, até mesmo a lei terrena de responsabilidade civil tem seus atenuantes nas penas para este tipo de situação.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Decidindo eventos com inteligência tecnológica

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Se você está pensando no próximo grande lançamento da Apple em Cupertino ou na corrida espacial que está sendo travada neste exato momento entre os 2 homens mais ricos do mundo (Musk versus Besos), está redondamente enganado! Não estamos falando aqui da próxima grande revolução tecnológica, muito menos do próximo “aparelhinho” que vai cair na graça das grandes massas…

Falo, outrossim, das “inovações de base”, daquelas que movem as indústrias de diferentes setores e que dão sustentação a toda uma cadeia de processos produtivos que permitem, enfim, obter os produtos que encontramos nas prateleiras no nosso dia a dia, deste o papel que se produz a partir da celulose da madeira e embala a pizza entregue pelo iFood até a tinta do avião da Boing em que você acabou de decolar e que economizará alguns milhares de litros de combustível fóssil por conta do seu “pigmento oco” levíssimo de última geração!

Definitivamente tais inovações não estão na “boca do povo”. Por quê? Simplesmente o usuário final não as enxerga e nem faria sentido um Ad no YouTube! Entretanto, são elas que movem os times de P&D nas empresas que mais inovam ao redor do mundo, sendo responsáveis pelos milhões de pedidos de patentes que os escritórios oficiais recebem anualmente. Somente na China foram 3.650.591 em 2020!  

Vamos conhecer aqui algumas das situações típicas que estas empresas enfrentam e que muitos ignoram.

Davi e Golias da tecnologia

Nas batalhas do mundo moderno, assim como nos tempos bíblicos, nem sempre os gigantes se saem bem… Muitas vezes é a agilidade e astúcia dos menores que fazem toda a diferença na corrida pelo diferencial competitivo. Acreditem: muitas empresas conceituadas preferem adquirir uma tecnologia já desenvolvida por uma startup ou spinoff universitária para acelerar o seu time to market!

Foi o Prof. Henry Chesbrough da Universidade de Berkeley quem deu o devido tratamento teórico ao que chamou genericamente de “inovação aberta”.1 Esta estratégia é muito comum no Vale do Silício e outros ecossistemas de pólos tecnológicos mundo afora em que a interação entre a universidade, órgãos de fomento e indústria é praticamente uma premissa.

No Brasil tivemos um caso clássico de uma tecnologia na indústria de tintas que foi literalmente abduzida. Tratava-se de um novo pigmento nanotecnológico chamado “Biphor”, desenvolvido pelo renomado Prof. Fernando Galembeck da Unicamp. Sua patente foi licenciada por uma bagatela para a gigante americana Bunge e nunca mais ouviu-se falar da tecnologia que rivalizava o dióxido de titânio num mercado de cerca de 5 bilhões de dólares…

Figura. Tecnologia brasileira incorporada por um grupo estrangeiro.2

Veja, no mundo corporativo de hoje em dia, em que as organizações inovadoras se digladiam com tecnologias cada vez mais “afiadas”, o coitado Davi é mais propriamente “engolido” pelo poderoso Golias…

Barreiras de entrada tecnológicas

Não é preciso ser economista, ter feito MBA na Kellogg School of Management ou fazer parte do board de uma grande empresa para se preocupar com uma das estratégias de negócios mais clássicas e bem-sucedidas de todos os tempos! Tanto que o próprio Prof. David Besanko discorre sucintamente sobre ela em seu clássico dos clássicos…3

Se a sua empresa “navega” num mercado distindo das commodities, qual seja aquele em que o produto ou serviço precisa apresentar atributos de valor constantemente superiores aos da concorrência, então, sem sombra de dúvidas, não sei o que você está esperando para estruturar um time de P&D em sua organização, injetando anualmente pelo menos 1% das suas receitas ali, nem que seja de início com um único inventor ativo!

Para vender soja ou minério de ferro, vá lá! Agora, se a parada for microprocessadores ou novos medicamentos a “pegada” é outra… E como se faz para se garantir nesta verdadeira “briga de foices”? O segredo está num simples documento de algumas páginas: as patentes. São elas que garantem o que chamamos de “barreira tecnológica” para as empresas que inovam. São, na verdade, uma reserva de direito (propriedade intelectual), a qual praticamente todos os países respeitam através de tratados internacionais.

Se você submete e tem concedida uma patente nos principais mercados que pretente explorar com a sua nova tecnologia (exs. Estados Unidos, Europa e América Latina), isto significa que os concorrentes não poderão “copiar” os seus diferenciais tecnológicos, a não ser que consigam desenvolver algo totalmente novo e que supere a sua performance (“estado da arte” versus “estado da técnica”). Evidentemente, que isto não é impossível!

§

A essa altura o leitor já deve ter capturado bem mais do que imaginou ao ler o título levemente desinteressante deste capítulo… Deve também ter pensado sobre o posicionamento do seu país e da sua empresa neste grande “jogo tecnológico”… Refletido sobre quem é o Davi e o Golias… E, claro, chegado a uma conclusão pra lá de importante: que as boas decisões tecnológicas carecem de investimentod e rápido!  

Entretanto, neste jogo de mercado, existem diversos outros fatores que influenciam na decisão de compra e todos sabem que, uma vez conquistados, leva-se tempo e bastante esforço para conseguir “mudar a cabeça do” cliente (o Prof. Besanko chama isso de “shifting costs”).3  

Mas, sem me estender por demais, o que mais me encanta mesmo nas “barreiras tecnológicas”, é a largada na frente da corrida tecnológica. Ganha-se tempo! E talvez o tempo suficiente (e precioso) para você dominar o mercado e impor outros tipos de barreira de entrada… Capiche?!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões (volume I)

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Saiba mais: 

1. Chesbrough, H.W. Open business model: how to thrive in the new innovation landscape, Boston, MA: Harvard Business School Press, 2006.

2. Rachel Bueno, Pesquisadores desenvolvem pigmento para tintas a partir de nanopartículas, Jornal da Unicamp, 3 a 9 de outubro de 2005.

3. Besanko, David. A economia da estratégia, 3ª ed., Porto Alegre: Bookman, 2006.

PODER versus MEDO § 106 – 108

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #poder #medo #dogmas #dogmacientífico #dogmareligioso #aborto #neuroquímica

§106

O dogma do aborto. Observemos uma distinção primorosa entre juízo ético, declarações factuais e orientações práticas.1 Como a religião se apoia no valor, tem um juízo ético muito arraigado no significado da vida humana que é considerada sagrada. Decorre daí a declaração de um único fato: de que a vida humana se inicia no momento da sua concepção. E, claro, esse resulta numa orientação prática: a de que o aborto, a qualquer momento, deve ser considerado um atentado à vida humana, contrário, portanto, à vontade do Deus, seu Criador.

Figura. Aborto: um exemplo de dogma religioso.

É absolutamente inútil achar que você irá convencer uma mulher devota ao catolicismo a abortar o “fruto biológico” de um estupro, mesmo com o amparo da lei!

Muitos países já admitem tal procedimento até o sétimo dia de gestação, mais precisamente antes que o sistema nervoso esteja formado. Tal orientação prática se baseia, outrossim, em fatos científicos capazes de anular os efeitos instauradores dos dogmas religiosos.

§107

O dilema da engenheira de software americana. O rompimento de um dogma religioso, pela ciência, nunca se dá, portanto, no campo do juízo ético. No caso do dogma científico o rompimento se dá no sentido contrário, ou seja, da declaração factual para o juízo ético. Veja o seguinte dilema. Uma engenheira de software americana que trabalha numa startup de sucesso por US$100 a hora precisa decidir como proceder com seu pai que acabou de ter um AVC. De duas uma: ou traz seu pai para morar com ela e reduz sua carga horária fazendo home office para poder cuidar do pai ou contrata uma cuidadora mexicana por U$12 a hora e resolve a situação com apoio profissional. O que você acha que ela vai fazer? O juízo ético é de cada um, mas o fato é que a ciência (neste caso a econômica), muita vezes, tem falado mais alto…

§108

A neuroquímica do medo. Ao sentir-se ameaçada pelo medo, nossa mente dispara uma dose cavalar de noradrenalina,[i] promovendo o aumento dos batimentos cardíacos que favorece a reação de fuga imediata à eminência do perigo. Acontece que, em geral, não temos mais que fugir para enfrentar os perigos. Não são mais os leões que nos amedrontam… Boa parte do estresse e infelicidade das pessoas é fruto exatamente da falta de compreensão e controle deste mecanismo. Ao longo do dia as pessoas passam constantemente por breves situações de perigo, seja pela freada brusca no farol que fechou, a bronca inesperada do chefe ou o bebê que escorregou e caiu da banheira. São todas fontes de medo: de perder a vida, de perder o emprego, de perder um ente querido, etc. Imaginem o acúmulo de noradrenalina que decorre destas constantes fontes de medo. Num limite isto está adoecendo as pessoas. Sendo assim, me parece bem razoável acreditar que, se o medo é gerado pela incredulidade, a única fórmula infalível de revertê-lo, aquela que atuará na sua causa-raiz, é o autoconhecimento. A busca da compreensão em si daquilo que sustentará seus pensamentos, ou seja, suas crenças. Não falo de qualquer crença. Falo de transcendência. Falo de Deus. Falo de energias sutis que, como vimos, ainda estão nos campos da ciência de fronteira… Chegaremos lá!


[i] A noradrenalina, também chamada de norepinefrina, é um dos neurotransmissores que mais influencia o humor, a ansiedade, o sono e a alimentação junto com a serotonina, dopamina e adrenalina.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena (volume II)

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Saiba mais:

1. Harari, Yuval Noah, HOMO DEUS: uma breve história do amanhã, 1a ed., São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

PODER versus MEDO § 103 – 105

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #poder #medo #infabilidadepapal #rigorcientífico #dogmas #dogmareligioso #dogmascientíficos

§103

Da falibilidade humana à infalibilidade papal. Poderíamos muito bem pensar no contrário: corajosos são aqueles “descrentes” que preferem enfrentar o caos do “incerto” a acreditar num Deus às cegas. Todo ateu é sim muito corajoso, mas via de regra sofre de certa remissão dessa coragem ao chegar mais perto da morte ou ao atravessar o Rubicão do autoconhecimento… Qualquer um, independente do seu sistema de crenças, pode passar por momentos em que se questiona sobre a existência de um Deus. Quão surpreso fiquei ao saber que o próprio Santo Agostinho um dia indagou: “o que Deus fazia antes dele criar o universo?”

O conhecimento nos torna mais e mais exigentes nas perguntas e, na mesma proporção, menos e menos preocupados com as respostas…

Isto se justifica pelo simples fato de aceitarem que qualquer teoria, um dia, poderá falhar. Einstein não mostrou com a Teoria Geral da Relatividade que Newton (o pai da física clássica) estava errado? Importante mesmo é ter humildade e flexibilidade para mudar de teoria quando constatamos sua falibilidade ou, para aqueles mais audaciosos como Stephen Hawking e outros seres humanos geniais, propor novas teorias para as suas perguntas sem respostas… A infalibilidade papal é, portanto, um mito criado para dominar as massas. Muito mais inspirador é pensar como Hawking:1

            "Hoje nós ainda ansiamos em saber o porquê que estamos aqui e de onde viemos. O desejo mais profundo da humanidade é uma justificativa para nossa busca contínua. E nosso objetivo não é nada menos que uma descrição completa o universo em que vivemos." (nossa tradução)

§104

Da falácia do rigor científico. Os dogmas são meros mecanismos de defesa para nos protegermos naturalmente do desconhecido. Existem vários tipos de dogmas, no entanto considero mais instigantes os “dogmas científicos”. São muito mais difíceis de se refutar porque estão invariavelmente “travestidos” pelo rigor científico, matemático e/ou experimental. Vejamos o caso clássico e também o mais famoso entre os leigos: a equação de Einstein que indica a interligação entre matéria e energia (simplificado pela famosa equação E = mc2). Ao ser modificada pela transformação de Einstein-Lorentz (E = γ.mc2), temos algo um pouco mais suspeito onde:

Sem muito esforço, pode-se apreciar aí novas possibilidades… A massa relativa de uma partícula (m) cresce exponencialmente à medida que a sua velocidade se aproxima da velocidade da luz (c), até que a energia necessária para uma aceleração adicional se torne extremamente grande. Esta frustrante limitação levou (e ainda leva) a maioria dos físicos a acreditarem na “aparente impossibilidade” de se acelerar a matéria além da velocidade da luz. Em realidade, se assim o fizessem, precisariam aceitar a existência dos números imaginários, pois se deparariam com a √-1. E todo matemático minimamente sensato (ou físico que se preze) foge desta situação! Charles Muses assim não o fez. E criou um sistema algébrico próprio (os hipernúmeros e quadrados mágicos) para sustentar este aparente paradoxo, propondo aplicações audaciosas capazes de sondar aplicações sobre a consciência e suas interações com o plano físico. Claro que seria duramente criticado pela sua falta de rigor matemático. Detalhe: ele não era nem matemático, nem físico. Tinha que ser um filósofo mesmo! E da tradicional Columbia University… Ainda chegará o tempo em que os preconceitos com sustentação de pseudo-sábios serão deixados de lado e algum gênio tal como Hawking irá se debruçar sobre as “inovações matemáticas” de um infundado Muses (ou outro visionário que perpassa pelas linhas de fronteira da ciência) e revolucionar mais uma vez os pilares da mecânica quântica de Einstein, assim como ele próprio o fez com o mecanicismo de Newton. Isto não é um voto de fé, nem uma profecia. É simplesmente o que deve acontecer, ao seu tempo, para mais um salto no intercurso evolutivo da humanidade.

§105

Da origem do dogma religioso. Não há mais dúvidas sobre a matéria. Aí remonta a cisão entre o pensamento científico e o religioso. E para compreendermos este “divisor de águas” preciso o é refletir sobre qual é o real propósito de cada uma delas. O historiador da Universidade Hebraica de Jerusalém, Yuval N. Harari, já o fez e de forma brilhante com sua costumeira análise recheada de referências.2 Extraímos daí um sumo precioso às nossas reflexões. Primeiramente, ele faz uma distinção crucial sobre as bases da ciência e da religião: uma se vale da intangibilidade do conceito de “valor ou significado” para justificar seu propósito maior que é a “ordem social”. A outra, contrariamente, não abre mão dos “fatos e dados” para tirar suas conclusões acerca do universo, desde que estas sustentem o “poder da humanidade”. Apesar dos propósitos serem completamente dicotômicos, um não sobrevive sem o outro… A sua complementaridade é a chave que mantém coesa a sociedade tal como a conhecemos, século após século, desde os primórdios do humanismo.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Stephen Hawking, A Brief History of Time, New York: Bantam Books, 1988.

2. Harari, Yuval Noah, HOMO DEUS: uma breve história do amanhã, 1a ed., São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

PODER versus MEDO § 100 – 102

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§ 100

Da origem do medo. Procuremos sempre a causa-raiz dos eventos, mesmo que “velada”, nos arcabouços do subconsciente, nos recônditos simbológicos da psique humana. Mais fácil, certamente, seria encontrá-la no campo das “realidades observáveis”, sem necessitar de especulações filosóficas para inferir isto ou aquilo… Isto a ciência já o faz e com a primaz maestria do método!

Quem diria que a teoria do átomo de Demócrito seria algum dia comprovada cientificamente? Na Grécia antiga, muitos séculos antes da sua comprovação experimental, não passava da mais pura filosofia!!

Sem tocar nos aspectos físicos ou psicológicos da questão, quero afirmar aqui, com a maior contundência possível, que o medo se origina da incredulidade, da incerteza gerada pelo desconhecido, da imprevisibilidade gerada por uma situação fora de controle. Infelizmente, por mais sofisticado que o Homo Sapiens tenha se tornado,1 após milhares e milhares de anos em franca evolução biológica da espécie, a raça humana continua sem saber administrar boa parte dos seus riscos existenciais. Veremos o porquê que isto se dá e qual o perfil daqueles entre nós mais susceptíveis a tal frugalidade.

§ 101

Incredulidade do medo. Se o poder se fortalece pela legitimidade, o medo encontra guarida é na incredulidade. Falo aqui explicitamente da nossa incapacidade de admitir, com a convicção necessária, a existência de um Deus. A grande maioria das pessoas “diz” que acredita, mas nunca refletiu em profundidade sobre a questão. São levados por crenças já em desuso, anacrônicas ao nível de intelectualidade da sociedade moderna. Não se enganem porque existem também os “cultos ignorantes” que ainda não conseguiram fazer a “ponte” destas duas realidades (física e sutil) e permanecem assolados pelo “ateísmo científicista” que cega tanto quanto as crenças mais obsoletas! O agnosticismo ainda é a saída mais elegante, desde que nunca se deixe de buscar a verdade, a autorealização ou a autoiluminação. É aí que muitos se confundem com a tradição budismo,2 mas que cada vez mais se cristaliza entre orientais e ocidentais como “o caminho”…

§102

Credulidade em estágios. Os crentes, em realidade, apenas aceitaram o que lhes disseram em diferentes momentos da sua existência. São, como Jesus Cristo já o dizia, “ovelhas guiadas por pastores”, mas a transição, de “ovelha” para “pastor de rebanhos” e, num estágio mais avançado, de “pastor de rebanhos” para “pastor de si mesmo”, é um processo gradual e doloroso, como o despertar de um longo estado de letargia, ao qual o próprio Buda histórico chamou de “o despertar”. A convicção se dá pela lógica dos fatos e argumentos, quando estes não se contradizem, pelo menos ao nosso modo de enxergar a realidade. E certamente esta visão muda continuamente na medida que evoluímos. Respondendo, então, à questão da forma mais direta possível: assim como o poder se origina da legitimidade, o medo se origina da incredulidade. Aqueles, portanto, que têm um sistema de crenças profundamente arraigado, aqueles que acreditam num Deus (ou pelo menos não o negam), aqueles que pautam sua existência pela ética (suas ações, seus hábitos e seus valores). Tais seres são sim inabaláveis, desprovidos de medo, como os cristãos que foram devorados nas galerias romanas,3 bem como os budistas que muito antes foram dizimados na sua própria terra natal e berço de todas as religiões: a Índia! Namastê.    

Foto preta e branca de jogo de vídeo game com personagem de desenho animado

Descrição gerada automaticamente com confiança média
Figura. Perseguição aos cristãos na Roma antiga.
Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Harari, Yuval Noah, Sapiens: Uma breve história da humanidade, 26ª ed., Porto Alegre, RS: L&PM, 2017.

2. Peter Harvey, A tradição do Budismo: história, filosofia, literatura, ensinamentos e práticas, São Paulo: Cultrix, 2019.

3. Bruce Shelley, História do cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da igreja, Thomas Nelson Brasil, 1ª ed. 2018.

Recomendando informações com inteligência tecnológica

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Anteriormente vimos o “poder” da metodologia utilizada para geração dos documentos de inteligência científica. Agora, chegou a hora de estendermos este conhecimento para gerar os documentos de inteligência tecnológica.

Da mesma forma, temos aqui a divisão em 3 categorias: análises, monitoramentos e prospecções. Também vamos utilizar a mesma estratégia de nos aprofundar de forma gradativa nos diferentes níveis informacionais, desde o campo tecnológico mais abrangente, passando pelas aplicações específicas até, finalmente, identificar as empresas e inventores de destaque.

Eis a questão: como estes documentos podem contribuir no ambiente competitivo das empresas? Certamente ajudam os profissionais envolvidos em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) na tomada de decisão sobre as melhores estratégias de inovações tecnológicas a serem adotadas no médio e longo prazo. Vejamos, mesmo que de relance, como isto se dá na prática.

Análises tecnológicas

Sempre é a opção de escolha quando se trata de identificar macrotendências. Mais do que acompanhar o perfil da curva “S” do seu campo tecnológico, você deve estar atento à velocidade das evoluções. O campo “video streaming”, por exemplo, em 2002 tinha 376 patentes publicadas, crescendo ano a ano até fechar 2016 com 1.267 publicações. Ou seja, encontrave-se ainda em franca expansão!

No entanto, ao abrir este número no mapa, observa-se algo inusitado. Em verdade, o crescimento entre os países competidores (Estados Unidos, China, Japão, Reino Unido e Coréia do Sul) é praticamente “flat” ao longo deste período, o que demonstra que a tecnologia se encontra na fase de disseminação para outros países entrantes. Ou seja, já se foi a primeira onda de desenvolvimento!

Figura. Exemplo de competição tecnológica entre países.

Monitoramentos tecnológicos

Vamos lá. Você já sabe onde a coisa tá literalmente “bombando” no campo tecnológico video streaming, mas seu interesse é bem mais específico. Você quer saber, em realidade, quem tá “mandando ver” na área das EduTechs, mais propriamente das “learning platforms”: seu core business, ou melhor, sua core technology!!

É preciso, portanto, varrer a literatura de patentes para monitorar constantemente os movimentos dos seus competidores. Eis o propósito dos documentos de monitoramento tecnológico. É assim que você poderia descobrir que a empresa “Inventec Technology” tinha acabado de lançar uma plataforma com um diferencial tecnológico muito parecido com o da sua plataforma, obrigando-o a realizar um pivot de salvaguarda…

Sim, é possível este tipo de antecipação ao manter a disciplina e diligência para alimentar o radar tecnológico que apresenta uma listagem das patentes mais recentes ou mais relevantes da empresa ou do inventor em foco. Pois bem: quem iria imaginar que raios o chinês “Guo Zhinan” estava criando o mesmo sistema de certificação da sua plataforma de ensino?!

Prospecções tecnológicas

Não sofra do “complexo de avestruz”. No mundo da tecnologia não se pode “enterrar a cabeça” somente na sua área! As conexões interdisciplinares são cada vez mais frequentes e a experiência ensina que, normalmente, as inovações mais disruptivas vêm dos mercados adjacentes. Quem iria imaginar, na década de 80, que as câmeras fotagráficas seriam substituídas pelos telefones celulares?!

Sendo assim, o propósito da prospecção tecnológica é justamente identificar assuntos emergentes e novos entrantes. É possível levantar rapidamente uma listagem das aplicações relacionadas. Basta realizar pesquisas com a TAG da sua aplicação de interesse e selecionar TAGs dos títulos dos resultados mais relevantes. Então, realiza-se a pesquisa novamente com ambas as TAGs e calcula-se o grau de correlação. Sem dificuldades, você encontrará a importância da aplicação “video recommendations”.

Em verdade, tal capacidade de se recomendar vídeos de acordo com o perfil do usuário revela o universo dos algoritmos de inteligência artificial, de modo que já se esperava na competição tecnológica, comparando-se o desempenho ano a ano em termos do número de patentes publicadas, que aparecesse o Google como um dos players TOP 5, produzindo tecnologias de ponta na área. É claro que o YouTube despontou justamente daí!  

Vimos, portanto, que ao se analisar com cuidado a informação escondida por trás de bases de dados públicas de patentes, temos condições de tomar decisões que podem representar até mesmo a sobrevivência de toda uma indústria!

Fazendo-se uma analogia nem tão esdrúxula assim, podemos dizer que não são somente os lutadores de artes marciais que gostam de estudar seu adversário antes de desferir o primeiro golpe… Acontece que, quando se trata de inovação tecnológica, não se sabe ao certo quem é o seu adversário!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: algoritmos para boas decisões

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PODER versus MEDO § 97 – 99

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§ 97

Legitimidade do poder. Já dizia um importante filósofo brasileiro que “dominação é força ilegítima, poder é força legítima sobre os outros”.1 Gosto muito desta definição que nos remete ao profundo conceito de legitimidade. O que, de fato, legitima nossas ações? Ora, quando paramos para refletir sobre o que realmente exerce poder sobre nós, passamos a vislumbrar algo que está muito longe de ser o cargo do seu chefe, nem tampouco a aliança que carrega no dedo ou até mesmo o sangue que corre em suas veias!!

Nem chefe, nem esposa, nem os pais (ou os filhos) irão exercer “poder ilimitado” sobre você tão somente pela posição que eles ocupam em suas vidas. A fonte do poder reside num único aspecto: a liderança.

Real poder somente se exerce por aquilo (aquele ou aquela) que temos para nós como referência. Digo “aquilo” porque clichês, marcas, ou ideologias também são poderosas fontes de influência. O poder de um Hitler não estava somente na sua figura emblemática, muito embora detivesse habilidade de discurso como poucos!! Seu poder se fortaleceu sobremaneira por conta da associação de sua imagem com uma marca (a suástica) que representava, por sua vez, uma ideologia que foi uma das mais nefastas que a humanidade já conheceu: o nazismo. Gandhi também soube utilizar-se muito bem deste artifício erguendo a bandeira de libertação de um país através do mote da “não-reação”.

§ 98

O verdadeiro atributo de um líder. O conceito de liderança já foi tão explorado em diferentes tipos de literatura e ainda assim não se chegou num consenso… É que muitos dos que já escreveram sobre o tema, deram o enfoque que considero equivocado. Ou melhor, seguiram pelo caminho direto da prática, porém menos “sutil” em significado! Trouxeram-no para o campo empresarial, da política ou da religião, quando na verdade o conceito é bem mais elementar e abrangente. Em quaisquer circunstâncias, podemos identificar uma característica em comum entre todos os tipos de líderes: o otimismo. Não que as outras características sejam menos importantes, mas somente o otimismo tem a capacidade de contagiar outras consciências, atraí-las pela força do pensamento e, assim, tornar-se referência em pelo menos algum aspecto relevante. Ao cultivar rotineiramente pensamentos de autoconfiança, afirmando e reafirmando suas capacidades para si mesmo, o indivíduo reforça o poder que se manifesta em todas as suas atividades. Mais precisamente no “brilho dos seus olhos”, na gana de realizar, construir uma obra pela qual seja lembrado!! Quem não se sente bem ao lado de uma pessoa otimista? O otimismo é a mais representativa e profusa manifestação de poder. Sem ela não há poder. Dá para imaginar um Hitler otimista? Ah, como dá!

§ 99

Será todo líder também um profeta? Como poderia Hitler insuflar tanto ódio e intolerância se não fosse por um plano tão determinado de conquistas que transcendessem os aspectos puramente geopolíticos? Este sanguinário pode ter errado muito, mas quem estivesse ao seu lado, por mais ético e centrado que pudesse ser, correria forte risco de ser literalmente abduzido pelo seu “campo de distorção da realidade”. E fiquem certos de que este não é propriedade exclusiva de Steve Jobs, o gênio do Vale do Silício!! O campo de distorção da realidade é uma propriedade criada pela consciência, quando esta se projeta para o futuro, criando uma “visão” de como gostaria que o fosse. Visão esta que acaba transformando-se, inexoravelmente, em realidade. Sim, os profetas são aqueles que constroem o futuro com a força do pensamento! Não obstante os propósitos, louváveis ou não, podemos afirmar aqui que o líder é antes de mais nada um visionário, que contagia os seus seguidores com um otimismo que nada mais é do que o “produto” da sua própria consciência, a única capaz de criar campos de distorção da realidade. Não pensem que Nostradamus estava equivocado. O maior profeta de todos os tempos tinha uma visão aguçada, muito além do seu tempo. Normalmente estes seres, quase que por uma fuga da realidade do plano físico, optam por viverem constantemente em estado de projeção lúcida da consciência. Na fenomenologia da consciência, acontece quando esta tem contato com seres no plano sutil que estão desconectados da nossa realidade espaço-tempo e consegue, mesmo que de relance, antever eventos que ainda estão por vir. Não são delírios. Quem já estudou suas centúrias sabe do que estou falando.2 Alguns seres incógnitos têm este dom, mas dificilmente têm a coragem de colocar suas visões no papel. O legado de Nostradamus foi justamente fruto da perspicácia de ter encontrado um mecanismo de “camuflar” suas visões de uma forma incognoscível aos padrões intelectivos do seu tempo. Aqui nos deparamos com a transição do poder para o medo… Ou seja, saímos da zona da legitimidade e adentramos na zona obscura da tirania, qual seja aquela que domina pela força, de forma totalmente ilegítima.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Clóvis de Barros Filho, A FILOSOFIA EXPLICA AS GRANDES QUESTÕES DA HUMANIDADE, São Paulo: Casa do Saber, 2013.

2. Matt Montanez, The complete prophecies of Nostradamus, Codex Spiritualis, 2014.