Eventos com inteligência científica

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Já aprendemos a filtrar dados com inteligência científica. Também já vimos como obter informações científicas relevantes. O que falta agora? Pense comigo: não são só empresas que competem por clientes para obter lucros crescentes… Vivemos num mundo onde a “vantagem competitiva” se dá em qualquer esfera, mesmo no “mundo acadêmico”.

Um pesquisador não está propriamente preocupado com a remuneração que galgará após trilhar uma carreira universitária brilhante. Se fosse este o propósito, certamente teria partido para iniciativa privada, onde os salários são bem mais polpudos. Veja, Einstein abriu mão até mesmo do seu tão sonhado prêmio Nobel para acertos financeiros de um divórcio turbulento…

Todo cientista que se preze busca sobretudo o reconhecimento intelectual e isto pode se dar de diversas formas e em diferentes momentos da sua trajetória na academia. Vamos destacar aqui 3 dos eventos acadêmicos mais importantes e como eles podem decidir, com ainda mais inteligência, sobre qual caminho a trilhar, aumentando as chances de sucesso!

Fililiação acadêmica

Para todo aquele que passa pela “sabatina” de uma boa formação acadêmica, anos afinco nas pesquisas de mestrado e doutorado, chega o momento decisivo de escolher, afinal, a qual instituição de pesquisas deseja afiliar-se. Tal escolha é, de certa forma, vital ao sucesso na sua carreira uma vez que o “ambiente acadêmico” é determinante para propiciar os recursos físicos e humanos necessários na condução das suas pesquisas.

De que adianta um químico orgânico sintético escolher atuar numa universidade que não tenha laboratórios bem equipados e com um belo equipamento de Ressonância Magnética Nuclear? Certamente seus esforços ficarão restritos a pesquisas mais elementares e atividades didáticas, deixando de explorar todo o conhecimento que acumulou.

Vamos supor que você terminou o doutorado com excelência e a sua linha de pesquisas em química orgânica envolva compostos do tipo diazo compounds. Em qual universidade prestaria concurso no Brasil e exterior? Esta é a típica decisão que não deve ser pautada pelo que já se ouviu falar e sim numa pormenorizada análise de dados. Nem sempre o óbvio é a melhor decisão! Analise a tabela abaixo e diga qual escolheria.

Figura I. Instituições TOP 5 com pesquisas sobre diazo compounds.

Que no Brasil a Universidade de São Paulo seria a TOP 1, isto não tem surpresa alguma. Da mesma forma, para quem é da área, a University of Texas também não é propriamente inesperada porque sabe-se que lá está um dos grupos de pesquisas mais produtivos na área. Agora, venhamos e convenhamos, quem iria imaginar que a Huazhong University of Science and Technology seria uma opção bem interessante na China e possivelmente nem tão concorrida…

Publicando papers

Ok, digamos que você já conseguiu ser aprovado e afiliar-se na instituição de pesquisas mais “competitiva” da sua área. Também já passou por aquela difícil fase inicial de estruturação do laboratório, do corpo de pesquisadores, elaboração de projetos, etc. Tudo pronto! Projetos de pesquisas aprovados em órgão de fomento e rodando a todo vapor…

Claro que os bons frutos, em termos de descobertas científicas, já estão chegando como consequência de uma estratégia científica bem concebida e alunos engajados. Agora, inevitavelmente você se pergunta: onde devo publicar os resultados das minhas pesquisas, meus primeiros e suados papers? Dá sempre um friozinho na barriga de não ser aprovado ou, contrariamente, aquela autoconfiança excessiva típica dos novatos…  

Fato é que todo químico que se preze sonha em ter pelo menos uma publicação no tradicional e mundialmente reconhecido Journal of the American Chemical Society (JACS). No entanto, mediante o nível dos trabalhos submetidos, este feito é para poucos. Em minha passagem pela academia daria para contar nos dedos aqueles brasileiros que conseguiram…

Pois bem. Ao observar os indicadores dos periódicos científicos TOP 5, extraídos do observatório mensal de publicações com a TAG específica diazo compound, observou-se efetivamente que o JACS tem disparado o melhor fator de impacto! No entanto, também se observa um dado curioso: o periódico CHEMCATCHEM, apesar de ainda novo, já apresenta um alto grau de colaboração internacional entre os grupos de pesquisas, o que é um sinal de que num curto espaço de tempo terá indicadores bem mais polpudos…

Figura II. Periódicos científicos TOP 5 com publicações sobre diazo compounds.

Perseguindo insights

A busca pela grande descoberta cientíca, aquela que pode representar um verdadeiro “salto quântico” em sua carreira acadêmica, somente se dá mediante os insights ou mais propriamente aqueles momentos de extrema concentração e criatividade que os psicólogos chamam de “estado de fluxo” e que propiciam a tal da Eureka de Arquimedes!

Acontece que estes momentos estão longe de ocorrer numa banheira ou debaixo de uma árvore ao cair uma maçã como muitos imaginam. Descoberta científica não se dá por acaso, exceto as raras exceções da serendipitidade… Longe disso. Elas só acontecem perante aqueles que são incansáveis no domínio de determinada área do conhecimento. Aqueles que já erraram muitas vezes, mas que continuam tentando, em seus laboratórios bagunçados, alterando as variáveis, buscando alternativas para novas experimentações, enfim, pesquisando, pesquisando e pesquisando ainda mais!

É muito mais provável que o insight ocorra na frente da tela do computador ao analisar os trabalhos de algum outro pesquisador da área que tenha publicado recentemente algo que, simplesmente, lhe propiciou a “peça” que faltava no SEU quebra-cabeças de pesquisas…  Sendo assim, como atividade vital de todo e qualquer método de inteligência científica, deve-se prever o monitoramento dos seus “competidores”, em especial daqueles que estão na “crista da onda”. O que será que o “Michael P. Doyle” ou o Jiang Cheng estão fazendo? Será que minhas pesquisas têm alguma correlação com a deles??

Figura III. Pesquisadores TOP 5 com publicações sobre diazo compounds.

§

Vimos, afinal, que a tomada de decisão inteligente em pesquisas científicas está bem mais palpável do que, a priori, poder-se-ia imaginar um cientista. Não é necessária muita sofisticação, nem tampouco a contratação de plataformas caríssimas de analytics em que você se perde no meio de tantos gráficos e números…

Basta um pouco de perspicácia e, acima de tudo, de disciplina e método para organizar e realizar os registros dos dados e indicadores importantes para aferir a relevância das pesquisas. Não caia nunca na falácia de se pautar somente pelos indicadores usuais como o H-index dos pesquisadores ou o fator de impacto dos periódicos. Lembre-se da nossa regra de ouro: as grandes oportunidades estão nas “entrelinhas”!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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CONHECIMENTO versus IGNORÂNCIA § 43 – 45

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§ 43

Conhecimento e inteligência. Por que será que há ainda tanta confusão acerca do significado de conhecimento e inteligência? Entendo que, em grande parte, devido à confusão que muitos fazem ao considerar inteligentes aqueles que meramente praticam o “ato puro” de pensar, com o mínimo de lógica, diga-se de passagem nada diferente dos computadores, muito embora estes ainda de maneira rudimentar em comparação com a maravilhosa máquina que é o cérebro humano! O conhecimento, por sua vez, seria mais propriamente o arcabouço de todas as experiências pregressas, adquiridas em virtude da capacidade de cognição, aliada à correta aplicação da inteligência, e acessíveis através da memória integral.1 Importante destacar que estas experiências podem se dar no plano físico e sutil, independente do estado de consciência, mas dependentes, outrossim, do pleno funcionamento da mente que envolve não só o pensar, mas também processar e difundir a informação através da linguagem. Não adiantaria de nada saber detalhes de fenômenos complexos da natureza, em camadas de informação registradas de longa data, talvez de outras existências no plano terreno, caso na presente vida careça o ser do formalismo científico necessário para expressar e compartilhar tal conhecimento.

§ 44

Erudição, falácia do saber. Quer dizer, então, que poderia um simplório lavrador, nascido e criado na roça, até mesmo analfabeto, ter conhecimento superior ao de um douto erudito que sorveu de tudo, nos mais sofisticados ambientes acadêmicos? Não tenho dúvidas. Pode inclusive demonstrar não só inteligência superior, mas também conhecimento de maior valor para humanidade. Você nunca se deparou com uma pessoa que muitos até a classificariam de “ignorante”, somente a julgar pelas aparências e jeito de falar, mas que o surpreendeu com tamanha sabedoria, aplicada em circunstâncias inesperadas da vida? Eu vivenciei um episódio assim recentemente em Ouro Preto (MG), ao conhecer aquele que carinhosamente apelidei de “Dr. Chicão”. Talvez tenha sido ele um reconhecido cientista ou literato numa época longínqua, quem sabe até numa outra existência! Não podemos limitar nossa visão ao curto espaço de tempo de uma vida… Este é um erro que muitas crenças ainda insistem em cometer. Graça a ele, hoje tenho por certo que o conhecimento é o que diferencia de fato todas as consciências. Este pode ser acumulado ao longo de toda a sua existência, independente do plano em que você se encontra inserido. Melhor de tudo: vai vida, chega vida, sai corpo, entra corpo, e continua gravado, indelevelmente, no grande repositório cósmico que é a consciência divina.

§ 45

Uma primorosa lição de sabedoria (parte I). Era pleno verão, num fatídico janeiro de 2016, mas a cidadela histórica de Ouro Preto (MG) mais parecia uma “Durham inglesa” em meio à penumbra daquela chuvinha fina que não cessava há dias, sem falar do friozinho de 15 graus centígrados, impensável para aquela época do ano. Em meio ao sobe e desce dos morros íngremes e ao entra e sai das igrejas que marcaram época no Brasil colonial, eu não sucumbia ao cansaço, tamanha minha obstinação por encontrar um sebo, onde pudesse adquirir algumas obras literárias raras (por sinal, meu principal hobby favorito em toda e qualquer viagem). Já tinha vasculhado os recônditos mais conhecidos da cidade sem sucesso. Parecia que os “gringos”, claro, já tinham esvaziado tudo o que existia de valoroso nestes redutos de velharias e também de algumas preciosidades… Pois bem. Foi quando adentrei na última indicação feita pelo guarda da Igreja do Carmo: o tal do “Sebo do Chicão”. Confesso que não esperava grande coisa. Bati na porta insistentemente, mas parecia que não havia ninguém naquela casa secular, abandonada e merecedora de uma restauração daquelas. Eis que de repente, a porta se abriu e apresentou-se diante de mim um senhor careca (na verdade tinha alguns poucos cabelos brancos suados, ala Paulo Coelho), de poucos dentes, não muito cheiroso, fisionomia sofrida e literalmente “surrado” pelo tempo… Transmitia, ao mesmo tempo, um “ar” de humildade e melancolia em cada uma das suas palavras, mas ao ouvir minha curiosidade literária, abriu suas portas (fechadas para o público já há algum tempo) para que eu pudesse conhecer, mesmo que de relance, o que restava do seu bom e velho sebo que, vim a descobrir, já fora um dos mais conhecidos da cidade! Em meio aos diversos objetos antigos amontoados, desde ferraduras de cavalos de militares famosos do “Brasil colônia”, até peças de louça inglesa pertencentes a fidalgos que viveram ali nos tempos áureos de Tiradentes, nem parecia que o sebo tinha encerrado suas atividades após longos anos. Mas o que me intrigava mesmo era o olhar do Chicão: mesmo cansado e absorto, despertou interesse descomunal quando o indaguei sobre o motivo da minha busca… Dali viria um diálogo arrebatador: o diálogo com Chicão! (vide parte II)

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. O Conhecimento e a Inteligência, LIVROVIVO 2000 – 2002, publicado pelo autor em 2003.

RIQUEZA versus LUXÚRIA: § 40 – 42

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§ 40

Da distribuição da riqueza. Assim como na natureza, onde os estados extremos buscam sempre a condição de equilíbrio, assim também deveria ocorrer nas micro e macroeconomias. Assimetrias no fluxo de capitais geram situações instáveis que, cedo ou tarde, acabam por ruir de alguma forma. E, diga-se de passagem, nem sempre da melhor forma. A história está repleta de exemplos… Não é preciso nos esforçar para encontrar guerras ou revoluções promovendo “ajustes” sociais que não ocorreriam pela ganância daqueles que detém os recursos e a falta de petulância daqueles que não o têm. Por mais que economistas brilhantes como um Anthony B. Atkinson proponham soluções criativas para que as sociedades minimizem a concentração das riquezas nos “quartis” superiores da pirâmide social,1 dificilmente observaremos sociedades mais justas e igualitárias enquanto o modus operandi daqueles que detém o poder for pautado por artifícios para mantê-lo, abusando das mais engenhosas dimensões de perpetuidade. Eis aí uma típica questão do antivalor da luxúria!          

§ 41

Bilionários em ascensão. E por que então deveríamos considerar mais “louváveis” os recursos no plano sutil? Todos os recursos têm a sua função, independente do plano e dos propósitos dos seres que transitoriamente os detém. Existem seres gerando valor significativo aqui mesmo na realidade física e isto não tem nada de errado! O que dizer dos benefícios materiais gerados por bilionários “conscientes” como os fundadores da Bill & Melinda Gates e, mais recentemente, a criação da Chan Zuckerberg Initiative com o compromisso público de doação de 99% das ações de uma das maiores empresas de internet do mundo (o facebbok)? Numa sociedade madura, onde este tipo de iniciativa começa a se tornar mais frequente, não há dúvidas de que as soluções criativas do Prof. Atkinson para mitigar a desigualdade encontrarão terreno fértil para se propagarem como germes do verdadeiro valor da riqueza.

§ 42

Um sistema de valores conscienciais. Eis o prenúncio de uma migração gradativa de valores: de uma “economia de capital” para uma “economia consciencial”. Imaginem se empresas gigantes como uma Microsoft ou o próprio facebook, cujos orçamentos superam muitos países, distribuíssem parte significativa dos recursos para projetos socioambientais e não somente se voltassem para os interesses dos acionistas. Que tipo de retorno, na forma de vibrações, poderíamos esperar de uma paciente terminal de câncer quando recebesse a notícia da descoberta de um novo tipo de tratamento descoberto por um projeto de pesquisas apoiado pela fundação Bill & Melinda Gates? Ou senão o que dizer dos sonhos que não passavam antes pela cabeça de uma criança carente do Congo que acaba de conseguir uma vaga disputadíssima numa das escolas modelo de Palo Alto (California, US) financiada pela Iniciativa Chan Zuckerberg? Apesar destes exemplos ainda serem muito raros no atual estágio de evolução da humanidade, são passos decisivos para um novo “sistema de valores conscienciais”, capaz de promover avanços que vão muito além das políticas públicas, direcionados por uma missão libertária, despretensiosa e genuína, típica daqueles que trabalham em iniciativas colaborativas, distributivas e geradoras do verdadeiro valor da riqueza.   

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Atkinson, Anthony B. Desigualdade: o que pode ser feito? São Paulo: Leya, 2015.

Informações com inteligência científica

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Eis o dilema atual da inteligência científica: como obter informações científicas relevantes sem gastar tempo em inúmeros feeds e apps de diversas bases de dados científicas ao mesmo tempo? E ainda mais desafiador: como ajudar os pesquisadores a traçar suas estratégias competitivas de pesquisa científica?!

Sem sombra de dúvidas, o ciclo de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) não é algo linear e sim um processo complexo que avança gradativamente, sempre com muitos recuos e desvios. Uma ideia pode ir e vir, ser rejeitada inicialmente, depois de novas pesquisas de informações ser revisada e, finalmente, resultar num projeto de pesquisas que poderá ou não ser implementado no momento mais oportuno.

Para superar tal desafio, criou-se a “metologia ittiNomics” que aplica as técnicas de inteligência de valor aqui apresentadas para impucionar a inteligência competitiva nas esferas da pesquisa científica, inovação tecnológica e posicionamento de mercado.1 Seu verdadeiro “motor” reside na capacidade de sistematizar as pesquisas em bases de dados especializadas através da busca, geração e difusão da informação científica.

Conheceremos aqui seus processos elementares de análise, monitoramento e prospecção científica que podem ser divulgados através dos chamados documento de inteligência: os ittiDocs!

Análises científicas

Toda análise científica se preza a ganhar conhecimento sobre determinado ramo científico que são áreas do conhecimento de base utilizadas pelos cientistas para mapear o universo em que sua linha de pesquisas se encontra inserida. Segundo a metodologia, sugere-se aquelas que apresentarem mais de 1.000 artigos científicos publicados ao ano em determinada base de dados. Um exemplo dentro da química seria “síntese orgânica”.

Mais propriamente servem como análises de tendências estratégicas do ramo científico em questão. Apresentam unidades de informação padrozizadas dentre as quais destacamos a participação científica que mede a contribuição relativa no último anos dos países competidores e dos países entrantes em termos de número de artigos científicos publicados.

Por sua vez, a produção científica afere o número de artigos científicos publicados mês a mês no ano corrente do estado em foco (num dos países competidores ou entrantes). Possibilita, assim, uma visão do forecast para o próximo ano. Para conhecer outras unidades de informação, bem como exemplos práticos de documentos de inteligência científica, consulte a obra citada do autor. [*]

Tela de celular com texto preto sobre fundo branco

Descrição gerada automaticamente
Figura. Exemplo de seleção científica de ramos em “química”.

Monitoramentos científicos

No caso dos monitoramentos científicos pretende-se estabelecer uma varredura da literatura de artigos científicos para monitorar constantemente os movimentos dos competidores na sua linha de pesquisa. Pela metodologia sugere-se aquelas que apresentarem menos de 1.000 artigos científicos publicados ao ano em determinada base de dados. Podemos citar “síntese total” dentro do ramo “síntese orgânica”.

Na progressão científica é levantado o número de artigos científicos publicados ano a ano somente da linha de pesquisas em foco. Focando-se no nosso exemplo da “síntese total”, observou-se que teve entre 2002 e 2016 uma taxa anual de crescimento composto (CAGR) de 5,6% demonstrando que continua a ser uma área que atrai significativa atenção da comunidade científica. Observe que muitas linhas de pesquisas que já passaram pelo período “áureo” chegam a apresentar crescimento negativo ao longo dos anos.

Talvez a mais importante unidade de informação deste tipo de documento seja o radar científico. Representa uma listagem dos últimos artigos científicos mais relevantes da instituição de pesquisas ou do pesquisador em foco na linha de pesquisa. Claro que idelamente esta listagem deve ser atualizada semanalmente e, sempre que algum paper saltar aos seus olhos, nada como uma radiografia científica para aprofundamento dos seus principais dados.

Prospecções científicas

O último processo de inteligência que não poderíamos deixar de mencionar é a prospecção científica. Aqui a varredura da literatura serve para identificar assuntos emergentes e novos entrantes em uma pesquisa relacionada que são áreas do conhecimento similares a determinada linha de pesquisa, podendo apresentar cruzamento de informações, experiências e esforços. A “descoberta de drogas”, por exemplo, se relaciona com a linha de pesquisa “síntese total”.

Veja que através do panorama científico podemos observar as pesquisas relacionadas com “síntese total” e que chamaram a atenção nas primeiras colocações do ranking, tais como as técnicas ecologicamente corretas de “síntese verde”, a “síntese hidrotérmica” e a “síntese no estado sólido” que não utilizam solventes tóxicos.

Indo além, pode-se até mesmo avaliar a competição científica entre os pesquisadores e instituições TOP 5 comparando-se o desempenho na pesquisa relacionada em termos de número artigos científicos publicados anualmente no período considerado. Veremos mais a frente como este tipo de análise competitiva é fundamental do ponto de vista de tomada de decisão em pesquisa científica

§ 

Finalmente, gostaríamos de encerrar com um alerta específico aos pesquisadores brasileiros, ambiente no qual pude constatar a “fórceps” em sondagens por instituições de excelência nos principais estados de todas as regiões do país, que este tipo de análise informacional ainda está longe de ser empregada como rotina…

Apesar da triste constatação de que talvez seja esta até uma explicação complementar do motivo pelo qual, no geral, não produzimos pesquisas de alto impacto mundialmente falando, consolo-me em saber que ferramentas como o Clarivate Analytics são das mais empregadas nos países onde a ciência tem lugar de destaque na cultura nacional! Um dia chegaremos lá, oxalá!!! 


[*] A metodologia chegou a ser implementada através de uma startup chamada inovarvm cujas operações foram encerradas no Brasil por falta de “tração” na época. No entanto, o inventor (e presente autor) decidiu abrir parte da ferramenta (o observatório científico) através do seu website em: ricardobarreto.com. 

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Saiba mais:

1. Barreto, de L. Ricardo. IttiNomics: um guia especial para inovação aberta, Valinhos-SP, Editor-Autor, 2ª ed. 2016.

RIQUEZA versus LUXÚRIA: § 37 – 39

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§ 37

Das realizações da riqueza. Se a felicidade não é o determinante, existe alguma outra razão para a riqueza ser considerada um dos valores mais almejados por todos, independente do gênero sexual, posição política, raça ou religião? Ainda são muito poucos os que não desejam dispor de abundância de recursos materiais nos dias de hoje… Sem dúvida, ela propicia inúmeras realizações, desde um passeio vespertino numa Ferrari pelas estradas da Toscana até a viagem dos sonhos para contemplar a beleza e simplicidade do Nepal! Mas por falar em capacidade de realização, nos remete àquele que é também considerado um valor fundamental, ainda que o mais perigoso de todos devido à dicotomia que o precede: o valor do poder. Apenas um detalhe: tudo o que a riqueza nos traz são conquistas “externas”, restritas ao plano físico. Alguma dúvida de que a felicidade não é deste mundo? Bem, acho que aí reside um belo problema de referencial…

§ 38

Dos recursos da riqueza. Cite agora alguns destes recursos propiciados pela riqueza. Estes são muito fáceis de se lembrar… Temos os recursos financeiros, bens móveis e imóveis, empresas, propriedades agrícolas, títulos diversos, minas, poços de petróleo e outros direitos de exploração com cessão dos governos, metais e pedras preciosas, obras de arte, licenças diversas, direitos autorais, patentes, entre outros. Mas lembre-se de que estamos tratando aqui somente dos recursos no plano físico. Existem certamente outros tipos de recursos, muito mais louváveis e valorosos no plano sutil, os quais veremos em detalhe noutra parte desta obra. Por ora, basta saber que não há mal algum em acumular-se riquezas materiais, desde que não atrapalhe sua busca pela verdadeira felicidade. Não pensem que é fácil deixar de se iludir com a luxúria e o poder. Algumas tradições religiosas da Índia antiga a chamam de maya. Veja, nem todos os “príncipes” deste mundo são com um Buda ou lord Shiva! 1

§ 39

Empresas: a fonte principal das riquezas. Por que será que as empresas são consideradas um recurso tão especial para gerar o valor da riqueza? Quando bem administradas podem representar, inequivocamente, uma fonte significativa de renda através da distribuição dos seus lucros e dividendos aos acionistas, bem como a remuneração do capital humano nela envolvido através dos salários pagos aos funcionários pelo trabalho realizado, sem falar da propagação da riqueza por toda a cadeia de fornecedores e clientes, não nos esquecendo ainda dos impostos recolhidos pelo governo, que sustentam a classe política e são, finalmente, repassados à sociedade na forma de serviços públicos. Bem, pelo menos esta é a lógica por trás do capitalismo, ou mais recentemente do tão bem-sucedido neoliberalismo. Acontece que nem sempre esta distribuição de riqueza é igualitária, não somente nas empresas, mas também nas economias dos países em geral. Este assunto foi recentemente abordado com genialidade pelo economista Thomas Piketty,2 destacando a inexorável preocupação com a desigualdade.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Não deixemos de citar a obra basilar das escrituras da filosofia vedanta, o Bagavad-Gita: as iti is, 1968, Bhaktivedanta Book Trust, Los Angeles: California, 1968.

2. Para um merecido mergulho sobre o tema que é vasto, não deixe de conhecer e degustar a obra definitiva do economista francês Thomas Piketty: O Capital, 2014.

Filtrando dados com inteligência científica

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Já vimos que a “competência científica” é algo que se cultiva desde a mais tenra idade. Também vimos que as “instituições de pesquisas” são o segredo para o desenvolvimento de um país. Discorremos então sobre o que é e qual a importância da tal da “inteligência científica”. Mas ficou algo em aberto, uma pergunta cabal: como colocá-la em prática?

Tudo começa com o que chamamos aqui de data mining ou, no universo acadêmico, mais propriamente “vigília informacional”. Deve-se monitorar apenas uma métrica: a produção científica dos pesquisadores e das instituições de pesquisas a que estes são afiliados. Mede-se pelo número de papers publicados em periódicos científicos que, por sua vez, são acessíveis através de bases de dados especializadas.

São as “bases de dados científicas”, portanto, o ponto de partida para todo e qualquer processo de inteligência científica. Não importa se ela é multidisciplinar ou específica, nem tampouco se a sua abrangência é nacional ou internacional. Importante mesmo é saber se é a top of mind na sua linha de pesquisas! Vejamos como isto se dá.   

Seleção das bases de dados científicas

Antes de mais nada, deve-se dispor de uma lista de bases de dados científicas de acesso aberto para validação pela maior produção científica no último ano com as TAGs (ou palavras-chave) mais importantes na sua “pesquisa de interesse” e na principal “pesquisa relacionada”. Vejamos um exemplo prático.

Supondo que você atue como pesquisador dentro de uma indústria farmacêutica, interessado evidentemente na descoberta de novas drogas. Muito possivelmente sua TAG de interesse seria drug candidates e a TAG relacionada drug design. Então, você deve efetuar as buscas pelo abstract (ou título) em cada uma das bases de dados da lista.

Ao final do processo, você deverá selecionar minimamente duas bases: a TOP 1 entre as internacionais e multidisciplinares, bem como a TOP 1 entre as nacionais e específicas. Essa é a melhor maneira de se garantir boa representatividade e abrangência ao mesmo tempo… Neste caso específico (veja abaixo) ficamos com a PubMed e a ScienceDirect.

Figura I. Lista de bases de dados científicas.

Identificando pesquisas relacionadas

Agora, vamos supor que você não soubesse quais são as pesquisas relacionadas com a sua pesquisa de interesse. Como poderias repidamente identificar as mair importantes? As técnicas de text mining são essenciais nesta tarefa e muitas outras… Vamos continuar com o nosso exemplo do pesquisador da indústria farmacêutica.

O primeiro passo é acessar a base de dados TOP 1 selecionada anteriormente (a ScienceDirect, por exemplo) e pesquisar com a TAG da sua pesquisa de interesse (no caso “drug candidates”) no abstract e identificar TAGs de pesquisas relacionadas nos títulos dos resultados dos artigos mais recentes ou mais relevantes.

O próximo passo é descobrir qual o Grau de Correlação (GC) de cada uma das pesquisas relacionadas com a pesquisa de interesse. Basta realizar uma busca simple pelo abstract empregando as duas TAGs ao mesmo tempo e, posteriormente, calcular a contribuição relativa (%) de cada uma delas. Na tabela abaixo pode-se observar facilmente que as drogas anti-inflamatórias são uma pesquisa relacionada bem importante! 

Figura II. Pesquisas relacionadas pelo Grau de Correlação.

Identificando instituições e pesquisadores

Aplicando-se a mesma técnica, é também muito simples para se identificar os pesquisadores e instituições com maiores esforços na pesquisa de interesse ou na pesquisa relacionada. Basta realizar as buscas na mesma base de dados com a TAG no abstract e identificar as instituições e pesquisadores dos resultados mais relevantes.

Então, você deverá repetir a pesquisa combinando a TAG da pesquisa de interesse (no caso drug candidate) pelo abstract ao mesmo tempo com o nome da instituição em affiliation (ex. Pfizer) ou do pesquisador em author (ex. Carlos A.M. Fraga). Após registrar a respectiva produção científica de cada um deles, ordene a lista decrescente para obter o ranking de relevância (figura III). 

Observe que a produção científica mede tão somente o número de papers publicados em determinado período. Não pode ser tomado como uma verdadeira medida do “impacto” das pesquisas na referida área acadêmica. Veremos mais a frente que outros parâmetros devem ser considerados para uma avaliação mais fidedigna para tomada de decisão. De qualquer forma, não deixa de ser um belo indício… Afinal de contas: não é à toa que a gigante da indústria farmacêutica Pfizer está em primeiro lugar e disparado!

Figura III. Instituições e pesquisadores pela produção científica.

§

Vimos, afinal, que filtrar dados com inteligência científica não é um “bicho de sete cabeças”! Longe disso. Não importa qual seja sua pesquisa de interesse e pesquisas relacionadas. Depois de encontrar a base de dados científica mais apropriada, usando técnicas muito simples para realizar as buscas, você estará a um passo de obter as informações de que precisa para decidir com sucesso o rumo das suas pesquisas…

Imagine quão mais produtivo e efetivo você seria como pesquisador, independente da afiliação, se constantemente avaliasse as bases de dados científicas, identificando sempre novas oportunidades de investigação, bem como um “farol” sobre as instituições de pesquisas e pesquisadores de excelência em cada uma delas? Veremos então como ir além.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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RIQUEZA versus LUXÚRIA: § 34 – 36

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§ 34

Louvados os seres que têm objetivos de vida e não meros objetivos. Ter uma casa ou levantar R$ 1 milhão estão longe de ser objetivos de vida. Agora, reflitam comigo, estruturar um lar harmonioso em família ou conquistar sua independência financeira para dedicar-se a uma causa social, o que vocês acham? Não importa quais sejam seus objetivos, mas que sejam verdadeiramente desafiadores e com um propósito maior! Liste-os no papel ou num quadro bem visível na parede da sua casa, estabeleça prazos, trace resultados importantes a serem galgados no caminho e, acima de tudo, comemore cada pequena conquista com todos os envolvidos. É assim que um dia você, afinal, sentirá o prazer de atingir a META final! Mas o que pode ser considerado, de fato, um objetivo maior? Primeiro você deve dividir sua vida em três dimensões de valor: a pessoal, a profissional e a social. Aí sim: escolha somente um ou dois objetivos maiores em cada dimensão para não perder o foco. Pode ser algo tanto do plano físico como sutil, nunca nos esquecendo de um princípio fundamental da Cultura de Valor: o fato inconteste de que estas dimensões estão sempre relacionadas. Para ilustrar, cito uma META minha na dimensão social que envolve a abertura de uma biblioteca ao público do munícipio de Valinhos-SP, propiciando um espaço de convívio para os amantes da boa leitura e da arte de escrever! E o primeiro resultado importante que espero atingir até 2027 é levantar um acervo de pelo menos 5.000 livros. Hoje estou na casa dos 2.500, contando com as bibliotecas de meu pai e falecido avô. Acontece que, aos poucos, os amigos começam a destinar caixas e mais caixas de livros e a coisa parece que vai tomando forma e mais rápido que imaginávamos…

§ 35

Sonhar com lucidez: eis a questão. Como podemos, então, nos desvencilhar do interesse individual numa sociedade pautada pela economia de capital, puramente centrada no acúmulo de bens materiais, cuja ganância é o combustível de todas as nossas ações? É preciso ganhar “lucidez”, despertar para os verdadeiros bens que enobrecem a alma e banir, definitivamente, a luxúria das nossas consciências. Isto é o equivalente de transpor-se no espaço-tempo, numa outra dimensão de valor, onde se vislumbra outros horizontes, uma visão existencial mais ampla… Um sonho de verdade, melhor dizendo! Só que sem perder de vista a realidade da vida mundana. No entanto, é preciso ter em mente que nenhum sonho se constrói sozinho. É preciso de apoio, seguidores, facilitadores e influenciadores. É preciso saber como mobilizar indivíduos pela sua causa, caso contrário você não vai chegar lá tão fácil… Seja um líder em prol das suas próprias causas, digo das grandes causas. Saiba cativar pessoas, envolvê-las, demonstre incansavelmente o valor daquilo que busca que será capaz, assim, de grandes realizações e bem maiores das que você imagina!

§ 36

Do luxo ao lixo e pra valer. Quer dizer que as pessoas ditas “luxuosas” não têm sonhos, por assim dizer, tão louváveis? Precisamente. A luxúria funciona como uma “venda” que as impede de enxergarem os verdadeiros valores da consciência. Seus sonhos, em realidade, são meras ambições materiais que se esvaecem com o tempo, com a moda, com a cobiça, com a derradeira morte… Quem poderia considerar um iate de 72 pés, ou uma casa charmosa em Genebra um grande sonho? Podem pensar, erroneamente, que eles geram felicidade que é sim um valor essencial. Entretanto, logo perceberão que estão profundamente enganados porque o valor, para ser genuíno, precisa ser sustentável e não efêmero como o torpe prazer. Nunca confunda felicidade com prazer, amor com paixão, paz com sossego e assim por diante… Depois da casa em Genebra, ou do iate de 72 pés, certamente virão outros sonhos ainda mais ambiciosos, numa “espiral” ascendente de prazeres que levará um dia à sua própria derrocada. Depois do jatinho de 12 lugares ou de uma pequena ilha em Key West, nunca cessará a necessária satisfação do EGO porque sempre estará faltando algo fora de você, do seu verdadeiro EU! Veremos em breve qual é a única cura para aqueles escravizados pelo ditame “do luxo ao lixo”. 

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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RIQUEZA versus LUXÚRIA: § 31 – 33

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§ 31

Do verdadeiro conceito de prosperidade. É realmente certo associar riqueza com prosperidade? Em absoluto! Você somente prospera se gera riqueza. São, neste caso, conceitos diretamente relacionados e indissociáveis. O problema se dá porque muita gente confunde o verdadeiro significado de riqueza. Enxergam tão somente a riqueza material, mais propriamente a monetária, enquanto existem outras formas de riqueza e, diga-se de passagem, muita mais preciosas…

§ 32

 Economia consciencial e as formas superiores de patrimônio. Então, para ilustrar, vamos citar alguma forma diferente de riqueza e nem tão preciosa assim… Muitos devem se lembrar daquela passagem bíblica em que Jesus cita os “pobres de espírito”. Ou seja, quis ele dizer que os “ricos de espírito” são, contrariamente, aqueles que já possuem a verdadeira felicidade. A grande diferença, portanto, está no conceito mais holístico de patrimônio. No plano físico dizemos que ficamos tanto mais ricos quanto maior fica o nosso patrimônio, muito embora nem sempre na forma de bens de capital como bem destacado pelo nosso ilustre economista francês Thomas Piketty.1 Na “economia consciencial”, por sua vez, também não existe patrimônio físico. Nem tampouco estamos falando de bens intangíveis que podem gerar ativos com boa liquidez! Outrossim, uma realidade em que os verdadeiros ricos são aqueles que geram valor outro que não o monetário. Valores de paz, poder, pureza, prosperidade, verdade, amor e felicidade… Os ricos são, nessa perspectiva, aqueles que propagam sua riqueza através da colaboração e não da espoliação dos seus bens. Ao contrário da economia de capital, quando se possui algo, não o privamos dos outros de usufruí-lo. Na verdade, muito pelo contrário! Incentivamos o seu uso e o compartilhamento para propagar seus benefícios, buscando atingir o maior número possível de consciências afins, na pura essência do conceito da “colaboração em massa”.2 E aquilo que não gera benefício coletivo, com o tempo, simplesmente deixa de existir. Perde o propósito. Perde, afinal, o valor.

§ 33

Tipos de colaboração entre consciências afins. Quais são as possíveis formas de colaboração consciencial? Tem-se a colaboração individual (consigo mesmo), a coletiva (entre indivíduos ou grupos de indivíduos) ou em massa (multidões ou plêiades de indivíduos). Basta haver senso comum entre as consciências que visam um “objetivo maior”, normalmente relacionado à propagação dos benefícios de um bem consciencial, o único “ativo” da economia consciencial capaz de gerar valor no plano sutil, indo além dos limites físicos da realidade.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Para um merecido mergulho sobre o tema que é vasto, não deixe de conhecer e degustar a obra definitiva do economista francês Thomas Piketty: O Capital, 2014.

2. Tapscott, Don, Wikinomics: como a coloboração em massa pode mudar o seu negócio, Rio de Janeiro, Nova Fronteira: 2007.

EMPREENDEDORISMO versus COMODISMO: § 28 – 30

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§ 28

Vários nomes, uma só técnica. Como podemos acelerar esta busca e romper com a perambulação do tal “andarilho” interno que todos nós temos? Os psicólogos modernos chamam a técnica de “reprogramação mental”. Os médicos holísticos preferem chamá-la de “resposta de relaxamento”. Os iogues indianos, por sua vez, já a praticam há milênios… É a meditação! Buda mesmo, que atingiu a iluminação através do famoso “Caminho Óctuplo”, admite que os iogues das antigas tradições indianas já a praticavam muitos anos antes do seu próprio insight… Patanjali, que viveu 500 anos após Buda, em seu Ioga Sutra revela a influência decisiva dessas práticas de meditação. Até mesmo o Cristo exalta a meditação em diversas das suas passagens em que busca o isolamento dos apóstolos para meditar… Na atualidade, observa-se vários entroncamentos dessa tradição milenar, passando pela Kriya Yoga com a autorealização, alcançada através das afirmações científicas,1 ou a meditação Vipassana,2 da percepção consciente que nos leva sutilmente para além da experiência sensorial. No fundo estão todas a falar sempre da mesma coisa, em diferentes níveis de aprofundamento, com pequenas variações de procedimento e escopo. Após conhecer um pouquinho de cada tipo de meditação, resolvi dividi-las em apenas duas situações: ora a “meditação transcendental” para domar a mente da torrente de pensamentos que nos abduzem do momento presente, equilibrando o fluxo energético da Kundaliní através da visualização dos chakras,* ora a “meditação autossugestionada” para alterar uma crença arraigada que nos mantem pesarosos pelo passado ou receosos do futuro, impedindo-nos de alcançar nossos objetivos diários ou até mesmo um desafio importante. Os nomes são meramente referências aqui empregadas para facilitar a prática diária.

§ 29

Síntese da meditação autossugestionada. Não existe uma fórmula padrão, mas mesmo assim nos propusemos a sintetizá-la, de modo a facilitar a prática dos iniciantes. Procure um ambiente tranquilo, onde seja menos provável de você ser interrompido. Sente-se numa posição confortável, com a coluna ereta, feche os olhos e respire profundamente por alguns instantes, observando o ar entrar e sair pelas narinas. Comece pela primeira etapa da mentalização. Observe os tempos do exercício que pode durar ao todo de 15 a 30 minutos. Estes visam maximizar o efeito propiciado pelo fenômeno de relaxamento fisiológico que se dá nos estados de foco e concentração mental (relembre os conceitos da resposta de relaxamento anteriormente apresentados).

Figura. Ciclo da meditação autossugestionada.

Imagine um local que lhe traga profunda paz como, por exemplo, uma paisagem nas montanhas. Então imagine-se lá, admirando de longe um lago imenso refletido por árvores frondosas e cavalos selvagens soltos nos campos, em perfeita harmonia com o som de um riacho cristalino que desce da montanha. Inicie então o próximo passo que envolve a identificação de um problema ordinário ou desafio maior. Vamos supor neste caso que o seu desafio é escalar aquela montanha! Reconheça que você está “perdendo” muita coisa pela preocupação excessiva e desnecessária… Descubra do que você precisa para inverter a situação. Falta o quê exatamente: coragem, poder, conhecimento ou colaboração? Depois entenda o porquê que não as tem e faça uma autocrítica, mas sem autopunir-se… Busque então soluções e trace um plano mental para alcançá-las. Se é de coragem que você precisa, imagine-se nos preparativos para tal escalada na montanha, separando os mantimentos, o cajado, um bom calçado e, o mais importante, descansando o corpo para a jornada vindoura. Finalmente, projete sua consciência para a execução do plano mental. Esta é a parte mais importante de todo o processo: a etapa de “projeção autoconsciente”. Imagine-se iniciando a escalada da montanha… Sinta o sol raiando em sua pele, o suor do esforço da escalada e a brisa que o suaviza ao atingir o topo da montanha. Você conseguiu, em sua mente já conseguiu! Então, finalmente, respire profundamente e retome seus pensamentos para o controle do seu corpo, movimentando pés e mãos. Pronto. Abra os olhos e retome suas atividades.

§ 30

Refinando a técnica. Após muitas experiências meditativas, recomendo a “meditação autossugestionada” sempre pela manhã, bem cedinho logo quando acorda, e a “meditação transcendental” à noitinha antes de dormir, quando tudo está mais tranquilo, mas sem cair no sono antes da hora… Este detalhe é muito importante pelo simples fato de a mente normalmente estar mais “desacelerada” e o estômago já mais vazio. O processo de digestão consome muita energia corporal, atrapalhando assim a entrada e permanência nos estados meditativos. Não é à toa que muitas das pessoas que têm a meditação já incorporada em suas vidas acabam por se tornar vegetarianos, mas cada um tem a sua dinâmica própria que deve ser respeitada. Para finalizar esta parte, gostaria de lembrá-los que a meditação trata-se de um processo cognitivo extremamente poderoso por agir nos recônditos das nossas memórias, em todos os níveis da mente: o consciente, o subcosnciente ou o inconsciente. Na segunda parte deste livro detalharemos a prática da “meditação transcendental”.

[*] Kundaliní é uma energia adormecida que fica concentrada na base da coluna.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Paramahansa Yogananda, AFIRMAÇÕES CIENTÍFICAS DE CURA, 1ª ed. Self-Realization Fellowship, 2008.

2. Hart, William, MEDITAÇÃO VIPASSANA: a arte de viver segundo S.N. Goenka, Associação Vipassana do Brasil, 1987.

Inteligência científica

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Longe de mim querer evocar a importância ciência, aquela que pode ser considerada o “Santo Graal” da sociedade moderna! Deixemos estas questões para os acadêmicos, estes seres exultantes que perseguem obstinadamente suas teorias, por certo com a destreza e liberdade que só aqueles desprovidos de interesses espúrios o têm…

Acontece que sem ela não tem tecnologia. E sem tecnologia não tem invenção, muito menos inovação! Como já vimos noutro contexto,1 a inovação é o resultado de três pilares: ciência, tecnologia e mercado. E a inteligência é a ferramenta que dá “liga” no montante de informações que permeiam a busca pelo melhor desempenho, mais propriamente o “diferencial competitivo” em produtos, processos ou modelo de negócios.

Comecemos então pela tal da “inteligência científica”. O que seria?  Por que ela é ainda tão pouco conhecida e valorizada em nosso país? Vejamos que tudo começa pela formação das competências e são elas justamente o propulsores que revolucionam as nações mais desenvolvidas.   

Competência científica

Saber ciência não se aprende na universidade. Calma, não me crucifiquem ainda! Quero dizer que saber ciência é algo pra lá de cultural, ou seja, algo que deve ser cultivado desde cedo, em casa, no círculo mais próximo de amizades, em qualquer lugar do nosso convívio social ordinário e não somente no rebuscado ambiente acadêmico… Quem já leu a biografia completa do Eisntein tem uma noção exata do que estou falando.2

Toda criança deve guardar a recordação daquela luneta “mágica” no alpendre do quarto em que o pai lhe guiava nos primeiros degraus do conhecimento do cosmos. Ou daquele fatídico dia em que ganhou sua primeira medalha na olímpiada de ciências do ginasial. Enfim, a ciência deve permear até mesmo aqueles momentos únicos da conquista do primeiro amor, como a metáfora euclidiana que usou ao chegar no topo da montanha naquela romântica tarde de outono…

Pois bem. Espero que agora tenha ficado mais claro o que é a “cultura científica” e o porquê que ela leva aos grandes cientistas. Certamente é por isso que o Brasil ainda não se encontra no hall dos laureados pelo prêmio Nobel, oxalá! Enquanto, vivermos numa sociedade onde apenas jogadores de futebol ou cantoras pop estão na “boca do povo”, tenham certeza de que bem distantes ainda estamos do grau de maturidade científica das grandes nações.

Nem por isso podemos dizer que somos de todo um fracasso. Longe disso! O Brasil tem uma produção científica “respeitável” no contexto mundial, muito embora a relevância dos trabalhos publicados não seja das maiores. Veja, ao fazermos uma consulta do número de artigos científicos publicados (conhecidos no meio como papers) no ano de 2019 pela Wiley Online Library,[*] veremos que o Brasil, com 5.390 papers, não fica tão distante assim de países desenvolvidos como o Japão (com 12.670 papers) e a França (com 9.903 papers). Voilà! Se não nos falta competência científica, o que pode estar errado?   

Instituições de pesquisas

Claro, sempre deve haver um motivo relacionado à política pública… São as instituições de pesquisas, mais propriamente as universidades que estão minguando. Não se pode formar um Bill Gates, um Thomas Piketty ou um Richard Dawkins sem fomentar, em primeiríssimo lugar, os verdadeiros celeiros de todo o conhecimento!

É dali, meus caros leitores, que nascem o pensamento crítico, a capacidade de fazer associações menos óbvias, o raciocínio analítico aguçado que brota somente naqueles que passam anos a fio, percorrendo bibliotecas, debruçados em livros massivos e vasculhando as bases de dados de papers para apresentar algo que o valha para os seus orientadores, os professores acadêmicos, desde a iniciação científica ainda na graduação, até os exames mais avançados da pós-graduação nos mestrado e doutorado. Quem já fez sebe que o buraco é mais embaixo!

Acontece que, no Brasil e na quase totalidade das nações subdesenvolvidas ou em desenvolvimento ao redor do mundo, são pouquíssimas as universidades que possam verdadeiramente ser consideradas como centros de excelência acadêmica. Elas são medidas normalmente por um conjunto de indicadores baseados na performance da sua pesquisa acadêmica, nos desdobramentos gerados em termos de inovações tecnológicas e no impacto social para a comunidade onde se encontram inseridas.

O Scimago Institutions Rankings,[**] pertencente ao Scopus e que faz parte de uma das maiores editoras científicas do mundo (a Elsevier), nos mostra que seis das melhores universidades do mundo (as TOP 10) são americanas. Evidentemente que Harvard, MIT e Stanford estão no topo da lista! E onde estão as brasileiras? Bem, a única que está entre as TOP 100 é a nossa USP – Universidade de São Paulo, mais precisamente na sexagésima primeira posição. Pasmem: o Brasil tem apenas 6 instituições entre as 500 primeiras colocadas enquanto os EUA têm 250!!

§

Fica claro, portanto, que existe um verdadeiro “abismo” entre nós e eles! E a única solução seria um “Plano Nacional de Desenvolvimento da Ciência”, nos mesmos moldes que os Estados Unidos o fizeram no período do pós-guerra. Isto levará anos, ou melhor, décadas de muita boa vontade política… E tomará rios de dinheiro do orçamento público, o qual espera-se que um dia possa finalmente ser destinado para educação. Mas será que existe algo que possa agregar ou pelo menos encurtar um pouquinho este árduo caminho?

Sim. É a tal da “inteligência científica”. Segundo Tavares (2008-2009),3 pesquisador pioneiro ao cunhar este termo, sua conceituação envolve a capacidade de um profissional aplicar os princípios da “metodologia científica” em suas decisões, mais propriamente o seguinte:

A competência de interpretar os dados gerados pela pesquisa acadêmica para decidir racionalmente sobre métodos e procedimentos que comprovem a eficiência, a eficácia e a efetividade das ações desenvolvidas no trabalho realizado.

Trocando em miúdos, o que ele quis dizer é que todo conhecimento científico deve ter um propósito definido e que este esteja perfeitamente alinhado com a missão e visão de onde se pretende chegar! Ou seja, se o nosso ilustríssimo Ministro da Ciência e Tecnologia (e seus sucessores) mobilizarem a comunidade em prol do tal Plano Diretor da Ciência, explorando a competência brasileira em certas ilhas de excelência como, por exemplo, a energia renovável e biotecnologia, certamente galgaremos patamares científicos nunca antes perscrutados. Nunca deixarei de ser um entusiasta da ciência, desde que ela mire, no final do dia, para a inovação!


[*] Considerada uma das maiores editoras do mundo e congrega mais de 1.600 periódicos científicos no seu portfólio. Conheça AQUI .

[**] Colsulte gratuitamente os filtros detalhados de pesquisas na base de dados do Scimago Institutions Rankings AQUI.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: boas decisões sempre

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Saiba mais:

1. Barreto, de L. Ricardo. IttiNomics: um guia especial para inovação aberta, Valinhos-SP, Editor-Autor, 2ª ed. 2016.

2. Isaacson, Walter, Einstein: sua vida, seu universo, São Paulo: Companhia da Letras, 2007.

3. TAVARES, C. A. Visão holística da avaliação de competências à luz da metodologia científica. Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, Recife, v. 5/6, p. 79-102, 2008-2009.