VERDADE versus EGOCENTRISMO – 127 – 129

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #verdade #egocentrismo #lógicafilosófica #métodocientífico #consciência #lobby

§ 127

Da lógica filosófica ao método científico. Como reconhecer a verdade? Sem um método lógico de verificação estamos fadados à eterna dúvida e, assim, susceptíveis ao domínio do ego, da ausência de conhecimento, dos falsos profetas… A verdade caracteriza-se pela imutabilidade, carecendo de variáveis, ou seja, ela é independente. Não importa se relativiza o material ou imaterial, o temporal ou atemporal. O que importa é que ela passe incólume por “atos de verificação”. Estes devem ser necessariamente reprodutíveis, o que implica na existência de fatos observáveis de forma sistemática e controlada. Pasmem. Aqui, 99,9% das falsas teorias vão por água abaixo! Daí em diante, tudo o mais resulta de elaborações do raciocínio, com as devidas implicações, conclusões e previsões. Foi assim que a lógica filosófica evoluiu para o tão famoso “método científico”, mas foi assim também que assistimos muitos falsos profetas apregoando a tal da “verdade científica” como absoluta quando já comprovadamente demonstrou que não o é! Somente um tipo especial de ato de verificação com impactos vitais para nossas existências, evitando a ilusão do egocentrismo humano.

Figura. Fluxo lógico do método científico.

§ 128

Como sonhar acordado. Vamos realizar um breve experimento de lógica filosófica para ampliar este conceito dos “atos de verificação”. Veja bem. Se hoje tenho consciência de quem sou, amanhã, ao acordar, devo confirmar este fato, caso contrário corro o risco de sonhar acordado, ou o que seria ainda pior, achar que o sonho pode tornar-se realidade. Uma técnica bem simples é contar a sua respiração até dez e só então se levantar. O simples fato de conseguir emitir o comando mental significa que você está de fato consciente e não propriamente sonhando. Aqueles que praticam constantemente meditação precisam ter o pleno domínio desta técnica para não perscrutarem os liames da loucura. Vemos, portanto, que o contrário da verdade é a dissimulação, a hipocrisia, a inconsistência. Ou seja, a verdade nada mais é do que o corolário da constatação dos fatos. Tão simples e lógico quanto isto! Ela existe e está a nossa volta em todos os momentos. Não é algo surreal, inimaginável, somente à altura dos seres angelicais… Basta ter olhos de ver, a percepção da realidade simples como é, nua e crua, sua impermanência e a vacuidade do zen,1 desde o primeiro instante da sua existência. O fato de existir, per se, é a mais pura verdade, o Deus em si, aquele que nos remete indubitavelmente à consciência cósmica.

§ 129

 Mais um lobby da consciência. Se a verdade é assim tão simples, por que mentimos tanto? Na verdade, faltar com a verdade é sempre muito mais fácil porque não depende de verificação, basta soltar a mente no piloto automático! Temos uma imensa dificuldade de aceitar as nossas próprias fraquezas. Este é o peso do egocentrismo. Sim, o ego, inabalável, atua como um verdadeiro “lobista” da nossa consciência. E quando percebe uma circunstância que pode representar qualquer tipo de ameaça de rebaixamento, atua no sentido contrário: o da autoafirmação. Em realidade, este é mais um tipo de mecanismo que pode afetar as nossas crenças e os nossos pensamentos (já vimos anteriormente o mecanismo de gatilho emocional). É o que os psicólogos chamam de mente inconsciente, aquela nossa voz interior que vive a nos pregar peças, criando situações irreais, exacerbando medos ou apegos que acabam por nos convencer de algo que não somos, ou algo que gostaríamos de ser, num verdadeiro truque de auto ilusionismo que só serve para nos trazer infelicidade. Portanto, seja implacável consigo mesmo e não abra mão do escrutínio da própria consciência!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Suzuki, D.T. Uma introdução ao zen-budismo, São Paulo: Mantra, 1ª ed., 2017.

PROSPERIDADE versus MISÉRIA – 124 – 126

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #prosperidade #miséria #maya #impermanência #superconsciência #Patanjali #ioga

§ 124

A natureza do universo. Da sacralidade da vida ninguém ousa olvidar. O princípio vital outorga ao Criador tal privilégio, mesmo que muitos insistam em racionalizá-lo, alguns queiram até mesmo “brincar” de Deus e um ou outro, menos temerosos, insistam em sequer o aceitar… Pois bem, além da vida, por certo que a privação da liberdade é o maior de todos os castigos. Não há miséria maior do que ser obrigado a aceitar uma situação que não se queira, seja ela qual for. As prisões físicas, os cárceres privados, enfim, tudo o que inibe a mobilidade do corpo físico é somente a primeira e mais conhecida forma de prisão. Qual não é o sofrimento de um singelo colibri quando privado de voar numa gaiola! No entanto, para o ser humano, dotado de um nível de consciência superior ao dos animais, os maiores sofrimentos são aqueles que cerceiam a nossa mente e não o corpo físico. De alguma forma, todos nós sofremos algum tipo de “privação mental” pela falta de discernimento, acreditando que algumas situações são permanentes quando não o são. Veja. O rico sovina acredita que construiu a casa dos seus sonhos, vem o câncer e… O político corrupto acredita que seus apoiadores são leais, vem as eleições e… O apaixonado acredita que possui o amor de outrem, vem o amante e… O que todos têm em comum? A ilusão de que valores sutis, como a prosperidade, o poder ou o amor, se conquistam com “coisas ou pessoas” no mundo físico. Ah, se conhecessem o conceito budista da “impermanência” … Quanto sofrimento não teriam poupado! Sim, levaremos vidas miseráveis enquanto nos for forçoso o convívio no plano físico, imposto pela lei de karma. Já dizia Patanjali,1 o filósofo indiano sistematizador da ioga, que o mundo físico é, na verdade, a maior de todas as ilusões. Atenção, portanto, aqueles que não enxergaram esta verdade! Certamente, os mais “recalcitrantes”, um dia a aceitarão com facilidade…

§ 125

Rompendo a “impermanência”. Ao nos livrar de Maya estamos, em verdade, nos livrando da tal “impermanência” budista. Eis o primeiro atributo do que se conhece por divino, o conceito de eterno, de imutável… Por que então o Criador é dito todo “poderoso”? Pela sua onipresença, ubiquidade e a capacidade de intervir no plano físico, instantaneamente, através de toda e qualquer consciência, muito embora seja mais facilmente reconhecido através das consciências dos grandes profetas ou mestres espirituais como Jesus e Buda, em decorrência da maior propagação das suas mensagens. Já vimos que tais consciências atingiram a tão almejada perfeição, ou auto iluminação, de modo que são plenas de valores sutis, quais sejam a paz, poder, pureza, prosperidade, verdade, amor e felicidade.

Este é o ponto de rompimento, o estado de plenitude do espírito, a existência permanente das consciências. Sua significância se dá, outrossim, pelo estado de “inteireza”, quer dizer que é imutável.

Ou seja, algo que atingiu total estabilidade e não carece mais de interações exteriores, seja com o ambiente ou com outras consciências.

§ 126

Uma superconsciência. Seria correta a extrapolação de alguns que chamam o Criador de Superconsciência? Não propriamente. Em realidade a superconsciência é mais um estado vibratório que apenas algumas poucas consciências, particularizadas como guias, avatars ou mestres espirituais, são capazes de atingir. Já atingiram tal estágio de pureza, livres de karma, que se desprenderam da necessidade de interagir diretamente com outras consciências, desfrutando da liberdade para vibrar pelas coletividades em diversos mundos (habitados no plano físico ou não) e em diferentes estágios evolutivos (normalmente os mundos de onde vieram e onde são lembradas como mártires ou santos). Estão, por assim dizer, a um passo de retornarem ao “estado fundamental”, como seres de luz, fundindo-se, finalmente, ao Criador… Fiquem certos de uma coisa: são muitos os caminhos e nem tão poucas as moradas no universo cósmico! Não é forçoso tornar-se uma mártir ou santo. O estado de conexão plena a que tanto buscamos encontra-se ao alcance de todos: pela constante meditação até atingir a autorealização!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Patanjali, Os yoga sutras de Patanjali, São Paulo: Mantra, 2015.

PROSPERIDADE versus MISÉRIA – 121 – 123

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #prosperidade #miséria #moedadivina #Bitcoin #criptomoedas #meditação #EckhartTolle

§ 121

A “moeda divina”. Hoje a mineração de ouro já não é mais tão cobiçada quanto os sofisticados cálculos matemáticos processados por megacomputadores para se gerar Bitcoins. Temos assistido pequenos investidores, porém audaciosos, se tornarem milionários da noite para o dia. Sim, ficou fácil tal proeza! Agora está muito mais para “roleta russa” do que a loteria da esquina… Basta ler a coluna diária de qualquer site de investimentos, comprar um “punhado” da criptomoeda da vez e shazam!! Tem até países como o Irã se aproveitando da brecha para romper bloqueios econômicos dando impulso à mineração em grande escala. Fato é que este novo tipo de especulação financeira foi bastante criticado no início, no entanto vem ganhando importância nos últimos anos, sendo reconhecido gradativamente por órgãos reguladores, grandes bancos e fundos de investimentos. Em 2021 atingiu-se a impressionante cifra de mais de 1 trilhão de dólares de criptomoedas circulando no mundo! Agora pense comigo sobre o outro lado da história. Será que o ser humano ainda não se apercebeu que donde vem tanta “pseudo” prosperidade também vem a sua miséria futura? Por que insistem em apostar todas as “fichas” em algo que perece tão rápido quanto vem?? Vale a pena idolatrar especuladores bilionários e fanfarrões como um Elon Musk??? Penso que não. Vejo muito mais valor gerado na obra de um Dalai Lama ou uma Malala Yousafzai. Verdade seja dita: a única e mais valiosa de todas as moedas é isenta de qualquer tipo de especulação e tributação: é a “moeda divina”!

Há de chegar o tempo em que o ser humano irá minerar a “moeda divina” ao invés de criptomoedas! Não por desafios matemáticos e sim pelo ativismo social e ambiental.

§ 122

Evolução em dois planos. Vamos então desviar nossa atenção para a mais valiosa de todas as moedas: aquela que é gerada pela vibração cósmica (OM). Gerar valor nos planos físico e sutil independe do estágio de amadurecimento do ser consciente. Existe uma linha muito tênue que separa estes dois planos a todo instante. Há uma constante interconexão entre os mesmos, sendo que a “energia imanente” e a “energia consciencial” são os únicos pontos de interface. No fundo só existe uma única forma de energia que chamamos de “energia vital”. É a energia divina, a energia criadora, geradora da vida propriamente dita! Sem ela, os seres, humanos ou não-humanos, não passariam de matéria inanimada. Demais formas de energia, são apenas variantes para mesma designação, dependendo da sua origem que são irradiadas diretamente da Fonte, daí o nome de “energia imanente”. Quando oriunda da uma consciência, diz-se tratar-se de “energia consciencial”, muito embora já esteja claro para o leitor, nesta altura, que a consciência que habita o ser é, na realidade, uma centelha divina!!

§ 123

O poder da meditação. Mas como será que estas energias ditas “sutis” podem interagir entre si? O segredo está no “estado de conexão”. Diz-se que a consciência se “conecta” quando está plenamente no momento presente, com todos os sentidos aguçados na essência do ser que é divino! Eckhart Tolle nos alerta para o poder do agora,1 dando outra “roupagem” para algo milenar: a meditação. Dar-se-á estes estados meditativos quando forçosamente desliga-se das preocupações do plano físico, mais precisamente dos sentidos que o ligam a este mundo, desacelerando-se os pensamentos e, então, os direcionando para a Fonte criadora. Os iogues indianos são os mestres nesta ciência da meditação.2 Qualquer um é capaz de tal “conexão”. Na verdade, já o fazem até mesmo de forma inconsciente quando dormindo… Ou senão, quando em oração, estamos “conectados”. Quando ouvindo uma bela canção, estamos “conectados”. Quando apreciamos, silenciosamente, o espetáculo de um belo pôr do sol, sim, estamos muito conectados!!! A Fonte Criadora é onipresente e inesgotável. Basta a consciência ressonar na sua frequência.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Tolle, Eckhart, O poder do agora: um guia para iluminação espiritual, Rio de Janeiro: Sextante, 2002. 

2. Goleman, D. A ciência da meditação: Como transformar o cérebro, a mente e o corpo, 1a ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017.

PROSPERIDADE versus MISÉRIA – 118 – 120

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #prosperidade #miséria #sistemadecrenças #amadurecimentoconsciencial #SaulodeTarso #CaminhodeDamasco

§ 118

Um sistema de crenças. Pasmem! Ser próspero não tem nada a ver com o acúmulo de riquezas materiais. Da mesma forma, a miséria não se trata aqui de um estado de extrema pobreza. Longe disso… Jesus nos deu a dica ao exaltar que bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus (Mateus 5:3-9). O conceito de prosperidade está diretamente ligado, outrossim, às qualidades do espírito, mais propriamente à capacidade de um ser consciente evoluir espiritualmente através da constante mutação do seu sistema de crenças e experiências de interação com outros seres. Isto se dá, naturalmente, através do processo reencarnatório, tão conhecido em muitas doutrinas espiritualistas e que reflete o amadurecimento da consciência através de muitos e muitos ciclos de vida.

§ 119

Amadurecimento consciencial. Um sistema de crenças fortemente arraigado só se constrói nas mentes singulares que já passaram pelos cinco marcos do amadurecimento consciencial:

  1. Germinação: a consciência desperta da Fonte responsável por sua criação, uma centelha de vida, em dado continuum no espaço-tempo;
  2. Florescimento: após efêmera absorção de conhecimentos superficiais, alvorece para interação com um pequeno círculo de consciências;
  3. Encantamento: segue longa jornada para absorção de conhecimentos aprofundados e sua propagação a um público mais amplo;
  4. Hibernação: fase de questionamentos e o “expurgo” de conhecimentos considerados desnecessários, bem como a limitação da convivência;
  5. Despertar: na vida contemplativa, mantém profunda e constante comunhão com Deus, sendo considerado um Mestre pelos seus discípulos.

Deve-se observar que o “amadurecimento consciencial”, ao contrário das reencarnações que são cíclicas e temporais, é totalmente desconectado do “espaço-tempo”, englobando existências tanto no plano físico como sutil. Por ora, deixemos ao leitor a incumbência de refletir, per se, sobre cada um destes marcos da evolução do espírito, procurando identificar em que estágio se encontra nesta trilha da autorrealização. O caminho que Buda, Cristo e alguns outros seres que reconhecemos como “despertos” percorreram.

§ 120

No caminho de Damasco. Na história do cristianismo temos um exemplo clássico de consciência que passou notadamente por estes cinco marcos da autorrealização, passando da “hibernação” ao “despertar” e, ao mesmo tempo, corroborando para que a fé na santa Igreja tomasse uma escala inimaginável (por mais de 16.000 km) em meio ao julgo do Império Romano. Conta-se que o então Doutor da Lei, Saulo de Tarso, perseguidor implacável dos cristãos na antiga Jerusalém, ficou literalmente cego por três dias após uma visão que teria tido de Jesus Cristo durante o conhecido Caminho de Damasco. Fato é que, após recuperar sua visão pelas mãos do inexplicável Ananias, deixou de perseguir os cristãos e tornou-se, através do seu profundo conhecimentos das escrituras e oratória inigualável, o maior propagador dos ensinamento de Jesus Cristo.1 Este é um caso marcante de “despertar”, primeiro pela forma que se deu, através de um fenômeno raro de visão de uma consciência no plano sutil, possivelmente propiciada pela estafa físico-mental ocasionada após longa jornada até Damasco, admitindo-se que o mesmo não era dotado de faculdades mediúnicas. Normalmente, o “despertar” se dá através de eventos traumáticos, seja por uma crise de stress, uma separação, uma perda de um ente querido ou após uma experiência de “quase-morte”. Saulo certamente estava num longo período de “hibernação”, mesmo que não aparentasse tal propensão. A bravura dos cristãos destemidos na fé como Estevão, de alguma forma, o afetou profundamente…     

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Francisco Cândido Xavier: Paulo e Estevão: episódios históricos do cristianismo primitivo, 1a ed. especial, Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2002.   

PUREZA versus KARMA – 115 – 117

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§ 115

Fenômenos de materialização e ressurreição. Não é nada fácil de acreditar, porém são inúmeros os credos religiosos com relatos deste tipo de fenômenos que só acontecem entre os puros ou praticamente livres de karma… Sabemos que onde há seres “santos”, há milagres! E milagre nada mais é do que um evento inusitado que choca a humanidade e cuja explicação ainda é desconhecida da ciência. São, via de regra, conduzidos por seres evoluídos, versados nas técnicas de manipulação da energia cósmica universal. Existem inúmeros relatos de fenômenos de materialização de objetos, curas de enfermos irreversíveis e, o mais impressionante de todos os fenômenos de materialização: a ressurreição. Recentemente tomei contato com relatos de fiéis do grande líder espiritual indiano, Sai Baba, que era capaz de materializar objetos tão variados quanto um relógio de ouro ou operar curas inacreditáveis de paralíticos.1 A materialidade dos fatos é inequívoca, com testemunhos recentes de inúmeras autoridades científicas e de diversas religiões. Já a ressurreição é um fenômeno bem mais raro. Acontece no intercurso evolutivo da humanidade quando seres muito evoluídos, que já se libertaram da necessidade de reencarnar, carecem de se manifestar com uma missão evolutiva específica, através de comunicação individual e/ou coletiva. Talvez o caso mais conhecido tenha sido a ressureição de Jesus Cristo que foi crucial para sustentar a fé entre seus discípulos e apóstolos. Paramahansa Yogananda, em sua autobiografia, também relata materializações e aparições lúcidas do seu guru Sri Yukteswar.2

§ 116

Perturbações da mente consciente e subconsciente. Já falamos um pouco sobre como podemos acessar estados de “superconsciência” através da concentração seguida de meditação. Também reforçamos o poder dos estados meditativos para manter o controle da mente. Agora veremos o contrário:

O que realmente nos tira do sério ou nos faz sorrir? Na verdade, não se trata de “algo” ou “alguém”. O grande segredo está em aceitar que só depende de nós mesmos…

Nós somos 100% responsáveis pelo que nos acontece! É o nosso karma que determina o agora, o daqui a pouco e o mais adiante… São, na verdade, os “gatilhos emocionais” que disparam determinada ação (ou reação) ligada à interpretação da nossa mente sobre aquele fato, a qual pode ser positiva, neutra ou negativa, de acordo com as experiências “gravadas” em nossa memória consciente ou subconsciente. A visão budista é um belo exemplo dessa teoria milenar, da época dos Vedas indianos. A explicação para todo sofrimento provém de apenas duas condições: o apego ou a aversão. Ou sentimos “apego” por algo que nos atrai ou sentimos “aversão” por algo que tenhamos experiência traumática anterior. Se me apego demais a alguém e esta pessoa morre ou me deixa, sofro imensamente. Ao passo que, se tenho pavor de altura e sou forçado a viajar de avião, dá arrepios só de pensar! Para complicar ainda mais, quando durmimos, a mente subconsciente popula a “tela dos sonhos” com um mix de todos estes medos…            

§ 117

Karma coletivo e evolução planetária. Existe muita gente que já se apercebeu que esta pandemia vai muito além da tragédia humanitária dos lares arrasados pelas vítimas do Covid-19, dos desafios contra o relógio para médicos e cientistas, das “cabeçadas” políticas aqui e até mesmo em nações desenvolvidas para organizar o sistema de saúde, das empresas farmacêuticas impulsionando seus balanços com uma verdadeira “corrida pelas vacina”, dos impactos macro e microeconômicos como desemprego e pressão inflacionária empobrecendo ainda mais a população das economias pobres e emergentes, bem como tantos outros efeitos que não nos venceriam as páginas… Primeira grande lição de tudo isso: o vírus (ou melhor, a natureza) merece respeito! Precisamos conhecer os limites da biologia molecular e tantas outras ciências que estão “brincando de deuses”, haja vista que os resultados podem ser catastróficos para toda humanidade. Do ponto de vista espiritual, o significado pode e deve ser muito positivo. Tanto que Divaldo Franco, expoente da doutrina espírita no Brasil, está apregoando que os grandes Mestres do plano sutil, estão em uníssono com os preparativos de transição do mundo de provas e expiações para o mundo de regeneração.3 Será mesmo este o significado de tudo isso?! Bem, o karma coletivo perante o planeta Terra é um só, mas o “remédio” certamente é diferente para cada povo e seus diferentes graus de responsabilização. De qualquer forma, a evolução como um todo é inconteste, assim como o foi nos dois períodos pós-guerra que amargamos no século XX, a gripe espanhola e tantas outras epidemias e guerras em diferentes escalas e países que marcaram decisivamente nossa história e, acima de tudo, o nosso porvir!      

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Murphet, Howard, Trilhando o caminho com Sai Baba, 5a ed., Rio de Janeiro: Nova Era, 2010.

2. Yogananda, Paramahansa, Autobiografia de um Iogue, 3a ed. Self-Realization Fellowship, 2016.

3. Divaldo Pereira Franco, No Rumo do Mundo de Regeneração, Editora Leal, 1ª edição, 2021.

PUREZA versus KARMA – 112 – 114

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§112

Propósito da economia consciencial. Numa economia em que o valor não reside mais em riquezas materiais do plano físico, qual seria o seu principal ativo? Algo intangível é claro, mas que ajude a elevar a consciência, ou seja, torná-la mais lúcida.

Uma consciência mais lúcida é aquela que está numa busca constante pela conexão com o Criador, até atingir o que os iogues chamam de autoiluminação ou autorealização.

No topo da escala de lucidez, ou seja, no estado de autoiluminação ou autorealização, podemos dizer que o corpo, a mente e o espírito se fundem num só, em conexão plena com a consciência cósmica. É através dessa conexão que se permite que a “energia criadora” (ou energia vital) crie, flua e sustente a vida na Terra e outros mundos. São acessadas camadas inacessíveis do plano sutil que só os estados meditativos da “superconsciência” são capazes de desvendar. No budismo chama-se tal estado de nirvana e na cultura yogue de samadhi. Na maior parte do tempo, quando encarnados, estamos no estado de “vigília consciente”, em que a mente, guiada pela “Consciência”, mantém o controle total sobre nossas pensamentos e ações. Somente durante o sono, quando se libera o “subconsciente”, é possível alguma conexão entre nossa alma e as camadas mais elevadas. Como já dizia Paramahansa Yogananda, se não dormíssemos a vida se tornaria insuportável! Os níveis elevados de consciência, portanto, não dependem de riquezas ou estados mundanos e sim da nossa capacidade de controle da mente em estados meditativos. A cada instante determina-se o quanto deveremos viver para voltarmos ao estado original. Este é o único e verdadeiro propósito da economia consciencial.

§113

Evoluindo da inovação social para inovação consciencial. Digamos que a humanidade já tenha atingido o estágio de “inovação social”, aquela que cria valor para sociedade e não somente para indivíduos ou um pequeno grupo a ele associado na forma de empresas.1 Esta na hora de evoluirmos para o próximo estágio: o estágio da “inovação consciencial”. É esta capaz de nos elevar para outros patamares existenciais e que pode tomar uma escala global (na verdade universal) conferindo verdadeiras “fortunas” em termos de valores no plano sutil. Mas os “bilionários”, neste caso, são seres como um São Francisco de Assis, Buda, Jesus Cristo, Madre Tereza, Chico Xavier, Babaji e mais alguns outros seres “santos” que compõem esta lista limitada no nosso planeta de provas e expiações. Só vencem aqueles que se tornarem “bilionários” de fato, mais propriamente aqueles que geram karma positivo para toda humanidade e não somente para eles! Na chamada economia consciencial não adianta simplesmente manter o saldo positivo… É preciso ir além. É preciso tornar-se o próprio Buda, ou senão, comungar com o espírito da “consciência crística”.

§114

Mais sobre a autorealização e autoiluminação. Como você descreveria o estado de pureza alcançado por estes seres santificados? Imagino um estado dependente de conexão e liberdade plena. Ou seja, aquele em que o ser permanece constantemente conectado a Deus e, consequentemente, não tem a obrigatoriedade de estar em dado lugar, nem de interagir com dadas consciências. Atingi o que chamamos de onipresença, ou ubiquidade espiritual. A mobilidade não tem amarras veiculadas pelos próprios pensamentos. São totalmente controladas as projeções lúcidas, sempre com um propósito de criação de valor para outras consciências. Não existe mais as preocupações de criar valor para si porque já se encontra repleto de valor. Mesmo que ainda não se encontre exatamente no ceio de onde partiu, goza da certeza de que já reverteu a “rota de fuga” e se aproxima cada vez mais rápido da fonte criadora, a Consciência cósmica universal.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

Saiba mais:

1. Sílvio Anaz, HSM Management, A inovação social aponta novos caminhos para as empresas, março/abril de 2014 (p. 58).

PUREZA versus KARMA – 109 – 111

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #pureza #karma #tempocurvo #Einstein #eter #contadevalores

§109

Uma conta de valores. Eis uma palavrinha indiana tão pronunciada hoje em dia, mas tão mal compreendida: o karma! Na verdade, certo mesmo seria dizer que ela é outrossim muito mal administrada… Seria como uma típica conta bancária em que os “depósitos” equivalem ao valor que criamos em nossa existência sutil e, por outro lado, os “débitos” equivalem ao valor que destruímos. Mas qual seria o saldo inicial desta conta? Sempre nulo como há de ser. Nossa conta é “aberta” somente no momento da criação da nossa consciência. Sem histórico bancário, diz-se que o ser consciente é puro, “à imagem e semelhança do Criador”. Preceito este completamente coerente do ponto de vista metafísico, dado que a Fonte não poderia criar (ou emanar) nada que não estivesse em consonância com o seu padrão vibratório. Ou seja, no momento da criação somos puros porque ainda não temos saldo algum: nem positivo, nem negativo! Ainda não fizemos nenhum depósito nem pagamos contas oriundas da nossa interação, construtiva ou destrutiva, com o universo e seres que nos rodeiam a partir do tempo (T0), qual seja o momento da nossa criação.

§110

Nosso tempo também é curvo. Einstein conseguiu comprovar de maneira brilhante que “o tempo é curvo”. Ora, pode parecer uma grande bobagem, mas o que será que ele nos responderia ao indagarmos como poderíamos determinar nosso T0? Não há experimento mental capaz de tal proeza, nem mesmo para um Einstein! As dimensões de tempo oscilam a cada diminuto instante. Dependem do nosso padrão vibratório e do ambiente que nos cerca (do “éter”, como já chamaram um dia e talvez voltem a chamar…). Não teríamos como fazer um retrospecto de cada instante, cada momento de interação com o universo físico e sutil, os seres que o permeiam e cujas realidades temporais são completamente distintas. Para medirmos este tempo, nos depararíamos com o paradoxo da impossibilidade de o fazê-lo com precisão, sem afetar a realidade do que se está sendo medido, ou seja, do que se é de fato… Para medirmos teríamos de deixar de existir como entidades reais! Isto mesmo, como o momento de uma partícula, assim fica mais claro o entendimento pelo menos aos leitores físicos ou estudiosos de plantão. Deveras complexo, mas quem disse que seria mais ou menos interessante se não o fosse. 

§111

Existem débitos e débitos. A classificação dos débitos em conta é muito simples e depende basicamente de duas variáveis que dizem respeito à sua “origem” e “intencionalidade”. No primeiro caso sabe-se que podemos ter débitos cuja causa primária se originou por nós mesmos (I) ou por conta de um evento externo (II), ou seja, do meio em que convivemos. Com relação à intencionalidade, há, por sua vez, os débitos voluntários (a) ou involuntários (b). Se cometo adultério, afligindo um relacionamento de anos de amor e confiança, gero um débito do tipo (Ia), em que eu mesmo fui o causador intencional da aflição. Por outro lado, se um motorista de ônibus atravessa o sinal vermelho e arrasta o seu carro por uns 20 metros, retirando a vida da sua filha que dormia tranquilamente no banco de trás e, num ato de fúria, você sai do carro, ainda cambaleante, e desfere golpes no tal motorista até desfigurar sua face, temos aí um débito do tipo (IIb). Aquele em que a causa primária foi externa (o motorista que irresponsavelmente furou o sinal vermelho) e involuntário no sentido de que o pai saiu completamente do seu estado de equilíbrio emocional, mesmo que por um instante, e cometeu um ato que nunca cometeria em juízo perfeito! Notadamente, até mesmo a lei terrena de responsabilidade civil tem seus atenuantes nas penas para este tipo de situação.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos

VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

PODER versus MEDO § 106 – 108

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #poder #medo #dogmas #dogmacientífico #dogmareligioso #aborto #neuroquímica

§106

O dogma do aborto. Observemos uma distinção primorosa entre juízo ético, declarações factuais e orientações práticas.1 Como a religião se apoia no valor, tem um juízo ético muito arraigado no significado da vida humana que é considerada sagrada. Decorre daí a declaração de um único fato: de que a vida humana se inicia no momento da sua concepção. E, claro, esse resulta numa orientação prática: a de que o aborto, a qualquer momento, deve ser considerado um atentado à vida humana, contrário, portanto, à vontade do Deus, seu Criador.

Figura. Aborto: um exemplo de dogma religioso.

É absolutamente inútil achar que você irá convencer uma mulher devota ao catolicismo a abortar o “fruto biológico” de um estupro, mesmo com o amparo da lei!

Muitos países já admitem tal procedimento até o sétimo dia de gestação, mais precisamente antes que o sistema nervoso esteja formado. Tal orientação prática se baseia, outrossim, em fatos científicos capazes de anular os efeitos instauradores dos dogmas religiosos.

§107

O dilema da engenheira de software americana. O rompimento de um dogma religioso, pela ciência, nunca se dá, portanto, no campo do juízo ético. No caso do dogma científico o rompimento se dá no sentido contrário, ou seja, da declaração factual para o juízo ético. Veja o seguinte dilema. Uma engenheira de software americana que trabalha numa startup de sucesso por US$100 a hora precisa decidir como proceder com seu pai que acabou de ter um AVC. De duas uma: ou traz seu pai para morar com ela e reduz sua carga horária fazendo home office para poder cuidar do pai ou contrata uma cuidadora mexicana por U$12 a hora e resolve a situação com apoio profissional. O que você acha que ela vai fazer? O juízo ético é de cada um, mas o fato é que a ciência (neste caso a econômica), muita vezes, tem falado mais alto…

§108

A neuroquímica do medo. Ao sentir-se ameaçada pelo medo, nossa mente dispara uma dose cavalar de noradrenalina,[i] promovendo o aumento dos batimentos cardíacos que favorece a reação de fuga imediata à eminência do perigo. Acontece que, em geral, não temos mais que fugir para enfrentar os perigos. Não são mais os leões que nos amedrontam… Boa parte do estresse e infelicidade das pessoas é fruto exatamente da falta de compreensão e controle deste mecanismo. Ao longo do dia as pessoas passam constantemente por breves situações de perigo, seja pela freada brusca no farol que fechou, a bronca inesperada do chefe ou o bebê que escorregou e caiu da banheira. São todas fontes de medo: de perder a vida, de perder o emprego, de perder um ente querido, etc. Imaginem o acúmulo de noradrenalina que decorre destas constantes fontes de medo. Num limite isto está adoecendo as pessoas. Sendo assim, me parece bem razoável acreditar que, se o medo é gerado pela incredulidade, a única fórmula infalível de revertê-lo, aquela que atuará na sua causa-raiz, é o autoconhecimento. A busca da compreensão em si daquilo que sustentará seus pensamentos, ou seja, suas crenças. Não falo de qualquer crença. Falo de transcendência. Falo de Deus. Falo de energias sutis que, como vimos, ainda estão nos campos da ciência de fronteira… Chegaremos lá!


[i] A noradrenalina, também chamada de norepinefrina, é um dos neurotransmissores que mais influencia o humor, a ansiedade, o sono e a alimentação junto com a serotonina, dopamina e adrenalina.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena (volume II)

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Saiba mais:

1. Harari, Yuval Noah, HOMO DEUS: uma breve história do amanhã, 1a ed., São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

PODER versus MEDO § 103 – 105

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§103

Da falibilidade humana à infalibilidade papal. Poderíamos muito bem pensar no contrário: corajosos são aqueles “descrentes” que preferem enfrentar o caos do “incerto” a acreditar num Deus às cegas. Todo ateu é sim muito corajoso, mas via de regra sofre de certa remissão dessa coragem ao chegar mais perto da morte ou ao atravessar o Rubicão do autoconhecimento… Qualquer um, independente do seu sistema de crenças, pode passar por momentos em que se questiona sobre a existência de um Deus. Quão surpreso fiquei ao saber que o próprio Santo Agostinho um dia indagou: “o que Deus fazia antes dele criar o universo?”

O conhecimento nos torna mais e mais exigentes nas perguntas e, na mesma proporção, menos e menos preocupados com as respostas…

Isto se justifica pelo simples fato de aceitarem que qualquer teoria, um dia, poderá falhar. Einstein não mostrou com a Teoria Geral da Relatividade que Newton (o pai da física clássica) estava errado? Importante mesmo é ter humildade e flexibilidade para mudar de teoria quando constatamos sua falibilidade ou, para aqueles mais audaciosos como Stephen Hawking e outros seres humanos geniais, propor novas teorias para as suas perguntas sem respostas… A infalibilidade papal é, portanto, um mito criado para dominar as massas. Muito mais inspirador é pensar como Hawking:1

            "Hoje nós ainda ansiamos em saber o porquê que estamos aqui e de onde viemos. O desejo mais profundo da humanidade é uma justificativa para nossa busca contínua. E nosso objetivo não é nada menos que uma descrição completa o universo em que vivemos." (nossa tradução)

§104

Da falácia do rigor científico. Os dogmas são meros mecanismos de defesa para nos protegermos naturalmente do desconhecido. Existem vários tipos de dogmas, no entanto considero mais instigantes os “dogmas científicos”. São muito mais difíceis de se refutar porque estão invariavelmente “travestidos” pelo rigor científico, matemático e/ou experimental. Vejamos o caso clássico e também o mais famoso entre os leigos: a equação de Einstein que indica a interligação entre matéria e energia (simplificado pela famosa equação E = mc2). Ao ser modificada pela transformação de Einstein-Lorentz (E = γ.mc2), temos algo um pouco mais suspeito onde:

Sem muito esforço, pode-se apreciar aí novas possibilidades… A massa relativa de uma partícula (m) cresce exponencialmente à medida que a sua velocidade se aproxima da velocidade da luz (c), até que a energia necessária para uma aceleração adicional se torne extremamente grande. Esta frustrante limitação levou (e ainda leva) a maioria dos físicos a acreditarem na “aparente impossibilidade” de se acelerar a matéria além da velocidade da luz. Em realidade, se assim o fizessem, precisariam aceitar a existência dos números imaginários, pois se deparariam com a √-1. E todo matemático minimamente sensato (ou físico que se preze) foge desta situação! Charles Muses assim não o fez. E criou um sistema algébrico próprio (os hipernúmeros e quadrados mágicos) para sustentar este aparente paradoxo, propondo aplicações audaciosas capazes de sondar aplicações sobre a consciência e suas interações com o plano físico. Claro que seria duramente criticado pela sua falta de rigor matemático. Detalhe: ele não era nem matemático, nem físico. Tinha que ser um filósofo mesmo! E da tradicional Columbia University… Ainda chegará o tempo em que os preconceitos com sustentação de pseudo-sábios serão deixados de lado e algum gênio tal como Hawking irá se debruçar sobre as “inovações matemáticas” de um infundado Muses (ou outro visionário que perpassa pelas linhas de fronteira da ciência) e revolucionar mais uma vez os pilares da mecânica quântica de Einstein, assim como ele próprio o fez com o mecanicismo de Newton. Isto não é um voto de fé, nem uma profecia. É simplesmente o que deve acontecer, ao seu tempo, para mais um salto no intercurso evolutivo da humanidade.

§105

Da origem do dogma religioso. Não há mais dúvidas sobre a matéria. Aí remonta a cisão entre o pensamento científico e o religioso. E para compreendermos este “divisor de águas” preciso o é refletir sobre qual é o real propósito de cada uma delas. O historiador da Universidade Hebraica de Jerusalém, Yuval N. Harari, já o fez e de forma brilhante com sua costumeira análise recheada de referências.2 Extraímos daí um sumo precioso às nossas reflexões. Primeiramente, ele faz uma distinção crucial sobre as bases da ciência e da religião: uma se vale da intangibilidade do conceito de “valor ou significado” para justificar seu propósito maior que é a “ordem social”. A outra, contrariamente, não abre mão dos “fatos e dados” para tirar suas conclusões acerca do universo, desde que estas sustentem o “poder da humanidade”. Apesar dos propósitos serem completamente dicotômicos, um não sobrevive sem o outro… A sua complementaridade é a chave que mantém coesa a sociedade tal como a conhecemos, século após século, desde os primórdios do humanismo.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Stephen Hawking, A Brief History of Time, New York: Bantam Books, 1988.

2. Harari, Yuval Noah, HOMO DEUS: uma breve história do amanhã, 1a ed., São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

PODER versus MEDO § 100 – 102

#ricardobarreto #culturadevalor #valores #cultura #aforismos #poder #medo #incredulidade #credulidade #cristãos #romaantiga #budismoprimitivo

§ 100

Da origem do medo. Procuremos sempre a causa-raiz dos eventos, mesmo que “velada”, nos arcabouços do subconsciente, nos recônditos simbológicos da psique humana. Mais fácil, certamente, seria encontrá-la no campo das “realidades observáveis”, sem necessitar de especulações filosóficas para inferir isto ou aquilo… Isto a ciência já o faz e com a primaz maestria do método!

Quem diria que a teoria do átomo de Demócrito seria algum dia comprovada cientificamente? Na Grécia antiga, muitos séculos antes da sua comprovação experimental, não passava da mais pura filosofia!!

Sem tocar nos aspectos físicos ou psicológicos da questão, quero afirmar aqui, com a maior contundência possível, que o medo se origina da incredulidade, da incerteza gerada pelo desconhecido, da imprevisibilidade gerada por uma situação fora de controle. Infelizmente, por mais sofisticado que o Homo Sapiens tenha se tornado,1 após milhares e milhares de anos em franca evolução biológica da espécie, a raça humana continua sem saber administrar boa parte dos seus riscos existenciais. Veremos o porquê que isto se dá e qual o perfil daqueles entre nós mais susceptíveis a tal frugalidade.

§ 101

Incredulidade do medo. Se o poder se fortalece pela legitimidade, o medo encontra guarida é na incredulidade. Falo aqui explicitamente da nossa incapacidade de admitir, com a convicção necessária, a existência de um Deus. A grande maioria das pessoas “diz” que acredita, mas nunca refletiu em profundidade sobre a questão. São levados por crenças já em desuso, anacrônicas ao nível de intelectualidade da sociedade moderna. Não se enganem porque existem também os “cultos ignorantes” que ainda não conseguiram fazer a “ponte” destas duas realidades (física e sutil) e permanecem assolados pelo “ateísmo científicista” que cega tanto quanto as crenças mais obsoletas! O agnosticismo ainda é a saída mais elegante, desde que nunca se deixe de buscar a verdade, a autorealização ou a autoiluminação. É aí que muitos se confundem com a tradição budismo,2 mas que cada vez mais se cristaliza entre orientais e ocidentais como “o caminho”…

§102

Credulidade em estágios. Os crentes, em realidade, apenas aceitaram o que lhes disseram em diferentes momentos da sua existência. São, como Jesus Cristo já o dizia, “ovelhas guiadas por pastores”, mas a transição, de “ovelha” para “pastor de rebanhos” e, num estágio mais avançado, de “pastor de rebanhos” para “pastor de si mesmo”, é um processo gradual e doloroso, como o despertar de um longo estado de letargia, ao qual o próprio Buda histórico chamou de “o despertar”. A convicção se dá pela lógica dos fatos e argumentos, quando estes não se contradizem, pelo menos ao nosso modo de enxergar a realidade. E certamente esta visão muda continuamente na medida que evoluímos. Respondendo, então, à questão da forma mais direta possível: assim como o poder se origina da legitimidade, o medo se origina da incredulidade. Aqueles, portanto, que têm um sistema de crenças profundamente arraigado, aqueles que acreditam num Deus (ou pelo menos não o negam), aqueles que pautam sua existência pela ética (suas ações, seus hábitos e seus valores). Tais seres são sim inabaláveis, desprovidos de medo, como os cristãos que foram devorados nas galerias romanas,3 bem como os budistas que muito antes foram dizimados na sua própria terra natal e berço de todas as religiões: a Índia! Namastê.    

Foto preta e branca de jogo de vídeo game com personagem de desenho animado

Descrição gerada automaticamente com confiança média
Figura. Perseguição aos cristãos na Roma antiga.
Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Harari, Yuval Noah, Sapiens: Uma breve história da humanidade, 26ª ed., Porto Alegre, RS: L&PM, 2017.

2. Peter Harvey, A tradição do Budismo: história, filosofia, literatura, ensinamentos e práticas, São Paulo: Cultrix, 2019.

3. Bruce Shelley, História do cristianismo: Uma obra completa e atual sobre a trajetória da igreja, Thomas Nelson Brasil, 1ª ed. 2018.