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§ 4
Dos organismos vivos. São estes feitos de átomos, moléculas, organelas, células, órgãos, etc. Isto a ciência já nos mostrou e mais que amiúde! Somos uma verdadeira “máquina newtoniana”, em que cada engrenagem tem seu papel vital no continuum do espaço-tempo, controlada pelas leis da física, química e biologia: as ciências de base para o conhecimento do universo no plano físico.[1] Acontece que a ciência ainda tem muito o que nos mostrar, graças a Deus! Só para se ter uma ideia do caminho a ser trilhado, o volume de artigos científicos publicados mundialmente nos últimos anos, somente no campo da medicina, já supera todo o conhecimento acumulado em toda a história da humanidade! O fato é que existem formas de energia, ditas aqui “sutis”, que nossos equipamentos ainda não são capazes de detectar. Um eletroencefalograma (EEG) é capaz de detectar as ondas cerebrais oriundas dos pensamentos gerados em nossa mente, mas de nada adianta para monitorar o fluxo de energias oriundas da consciência. Estas fluem, outrossim, pelas células do corpo através de técnicas de mentalização alcançadas em estado meditativo, cujos efeitos benéficos para saúde estão ainda sendo decifrados pela ciência nas últimas décadas.*
§ 5
A ciência da meditação.* Traremos aqui apenas um exemplo de descoberta impactante – considerado um verdadeiro breakthrough – que nos remete a tratar com grande respeito o conhecimento milenar dos grandes iogues das montanhas gélidas do Himalaia: verdadeiros “tesouros vivos” de todas as nações, segundo os trabalhos acadêmicos do conceituado neurocientista da Universidade de Wisconsin em Madison: Richard J. Davidson.[2] Sua equipe “decifrou” os cérebros de iogues ultra experientes (alguns deles com mais de 50.000h acumuladas de meditação) comparados com um grupo de controle. O grande achado foi um padrão de oscilação de “ondas gama” completamente atípico.[3] O cérebro de um iogue avançado reverbera, continuamente e não somente durante a meditação, algo como 25 vezes mais que um ser humano comum! O que isto significa? As tais ondas gama, detectadas pelo EEG, são disparadas normalmente durante insights criativos, conectando diferentes áreas cerebrais harmoniosamente, durando normalmente não mais que uma fração de segundo. Elas ocorrem não somente quando encontramos a solução para um problema desafiador, mas também em experiências sensoriais intensas, tais como ao imaginar o abraço de um ente querido após anos de separação… A ciência comprovou que a prática da meditação por longos períodos de tempo promove “alterações de traço” no cérebro do iogue capaz de elevá-lo permanentemente a um estado de “consciência aberta” que só se atinge através de situações de foco extremo, conhecidas cientificamente como “estado de fluxo”.
§ 6
Os “estados de traço” e a resistência à dor. Muitas pessoas, ao sofrerem com doenças de diversos tipos, situações de trauma ou passarem por procedimentos médicos, sentem dor extrema de acordo com um “padrão em V” da matriz de dor, o qual se caracteriza pelas fases de ANTECIPAÇÃO > REATIVIDADE > RECUPERAÇÃO. Normalmente, as fases de “antecipação” e “recuperação” são as mais sofríveis por conta da duração que é diretamente proporcional à carga emocional que colocamos na sensação de dor antes e após o evento gerador, tal como uma queimadura. Neste sentido, mais uma vez o grupo de pesquisas do neurocientista Richard J. Davidson foi primoroso ao confrontar meditadores de longo data e grupos de controle, com experimentos de dor realizados através de protocolos científicos rigorosos,* demonstrando que os primeiros são praticamente ilesos ao fator emocional, demonstrando um “padrão em V invertido”, ou seja, a dor para eles é tão efêmera, apesar de intensa, sendo que praticamente não sentem dor na ansiedade antecipatória do “antes” e “após” o evento gerador… Isto explica, incontestavelmente, como os monges do Himalaia conseguem resistir ao frio intenso por longos períodos de tempo. São para mim, tais iogues, “blindados” aos efeitos das reações emocionais, os super-homens da vida real!
Créditos:
Autoria por Ricardo Barreto
Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena
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[1] A matemática deve ser encarada mais propriamente como uma “ferramenta universal” de todas as ciências, diga-se de passagem equivocadamente empregada, mais em umas do que outras…
[2] Fundador e diretor do Center for Healthy Minds que realiza estudos científicos sobre as emoções e seus efeitos sobre o cérebro. Para maiores informações, acesse https://www.richardjdavidson.com/.
[3] Geradas a partir de seu ciclo no eletroencefalograma, distinguem-se basicamente quatro tipos de onda mental: Beta: 14 – 30 oscilações por segundo (ocorrem no estado normal de vigília); Alfa: 08 – 13 oscilações por segundo (ocorrem em estados mentais relaxados e no sono); Teta: 04 – 07 oscilações por segundo (ocorrem em meditação e relaxamento profundo), Delta: 0,5 – 03 oscilações por segundo (ocorrem em momentos de sono profundo). As ondas gama são um padrão de oscilação neural com uma frequência entre 25 e 140 Hz, sendo o ponto de 40 Hz de particular interesse (extraído da Wikipédia em 01.03.2020).
* Daniel Goleman e Richard J. Davidson, a saber: A CIÊNCIA DA MEDITAÇÃO: como transformar o cérebro, a mente e o corpo, da editora Objetiva e publicado no Brasil em 2017.