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§ 70
A psicologia das cores e o inconsciente coletivo. É claro que deve haver uma explicação para cada um destes significados das cores. Como profundo admirador da filosofia e, ao mesmo tempo, um entusiasta das “ciências da mente”, tenho de admitir que a resposta perpassa pela compreensão de um fenômeno psíquico-social extremamente complexo que é a formação do “inconsciente coletivo”. Assim como a percepção de valor, a “percepção de beleza” também depende do consenso entre as pessoas que a admiram. E este, muitas das vezes, não se mostra nem um pouco evidente! Em alguns casos até que conseguimos encontrar lógica nos impulsos mais instintivos do ser humano. Vejamos o caso do vermelho. Quem não fica chocado, ou até mesmo paralisado, quando se corta acidentalmente e vê o sangue jorrando e tingindo tudo de vermelho? Já a intimidação do preto deve remontar aos tempos primitivos quando o homo sapiens ainda sequer sabia como fazer uma fogueira e a escuridão o colocava à mercê dos predadores mais vorazes. A luz do dia (representada pelo branco) sempre trazia esperança na vida, com a previsibilidade dos perigos mais iminentes. Em diferentes épocas da humanidade, temos condição de reconhecer estes padrões de comportamento coletivo. Basta um olhar mais atento sobre a motivação primária, ou seja, aquela que afeta nossa consciência ou que ameaça a vida terrena.
§ 71
O dilema da feiura. Ah, todos a ignoram… Diga-me, afinal, o porquê! Identificada a origem da beleza, não é preciso dizer muita coisa sobre a feiura. Trata-se tão-somente de ausência da beleza. Simples assim. Dir-se-ia mais propriamente que se trata da assimetria dos traços; da falta de propósito ou significância das cores; da desarmonia do arranjo de formas. Ok, esta é a causa. Vamos, agora, inferir sobre os seus efeitos. O feio é abominável porque gera repulsa ou gera repulsa porque é abominável? Eis o dilema da feiura! Ela simplesmente não apraz, não é, a priori, capaz de gerar prazer. Portanto, a tal “percepção de beleza” está diretamente relacionada com o prazer proporcionado, assim como a percepção de valor está diretamente relacionada à satisfação de uma necessidade.
§ 72
O estado da arte. Quem não se apraz com o ronco dos motores de uma Harley Davidson? Não é preciso ser um motociclista tarimbado para admirar e reconhecer de longe uma motoca destas quando passa ao seu lado numa rodovia. Confesso que até abro uma frestinha da janela e desligo o som só para ouvir com maior precisão o ronco possante desta “máquina dos deuses da engenharia”. Os japoneses e outros até tentaram copiar, mas por sorte o sistema patentário já naquela época privilegiava aqueles que buscam atingir a perfeição pelo pioneirismo.[*] Salve o inventor responsável pela peripécia: Sr. WILLIAM S. HARLEY, com a patente datada de 1919.1
Era o que faltava para fecharmos o conceito de beleza: todos os sentidos no plano físico são passíveis de proporcionar prazer, até mesmo a audição! É através dos sons que, muitas vezes, nos tocam no fundo d’alma… Não é só o ronco da Harley. Quem não se comove com uma melodia ao piano de Sergei Rachmaninoff ou com o farfalhar dos eucaliptos no final de uma tarde de outono? A experiência sinestésica é peculiar a cada indivíduo. Basta abrirmos os “poros” vivendo o momento presente! Vê-se, portanto, que a beleza ou a feiura são apenas canais que vibram e ressonam (ou dissonam), proporcionando uma “ponte” que nos leva, peremptoriamente, do plano físico ao sutil e vice-versa. Eis que chegou o momento de migrarmos nossa conversa para os valores no plano sutil. Vamos lá?!
[*] Acesse a patente na íntegra em: http://www.google.com/patents/US1472068 .
Créditos:
Autoria por Ricardo Barreto
Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena
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Saiba mais:
1. Patente US No 292,730, depositada em 25 de abril de 1919.