Ciclo da Cultura de Valor (CCV)

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Qualquer animal, terrestre ou não, inclusive o próprio ser humano, carrega em si um foco singular de “energia vital”, também chamada de “energia criadora” ou “energia cósmica universal”, derivada da Fonte criadora de todas as consciências do universo: Deus.

Este, para mim, é um axioma propriamente dito! Já vimos, segundo o conceito milenar de karma, que a pureza da criação divina vai se perdendo ao longo da existência por interações mal sucedidas com outras consciências que afetam nosso Estado de Coerência e alimentam, desta forma, as atitudes destruidoras de valor.1

Existe uma única forma de resgatar esta pureza original da Criação: conectando-se constantemente à Fonte. Para tal é preciso atuar em duas frentes: primeiro a prática disciplinada da meditação/oração e, concomitantemente, desenvolver em si os valores outrora perdidos. Mas será que existe uma técnica sem quaisquer vínculos religiosos capaz de acelerar este resgate?

Longe da sofisticação do silogismo aristotélico,2 qual um fio condutor que nos guia pelos conceitos mais importantes a serem aqui apresentados, o Ciclo da Cultura de Valor (CCV) é a estratégia de escolha para reposicionar radicalmente o sentido das nossas vidas!

Ele prima pela prática e por isso abstêm-se dos debates filisóficos ou teológicos nos quais muitos se esbarram no caminho para o progresso espiritual. Afinal, como se processa no nível mental (digo dos algoritmos emocionais que disparam reações bioquímicas nos nossos cérebros) este tal CCV?

Foi Gandhi, o homem que libertou a Índia pela paz, uma consciência certamente à frente do seu tempo, através da palavra escrita, quem me inspirou decisivamente a traçar o Ciclo que é muito simples, constituído de 7 passos comportamentais e que nos propicia um método eficaz para busca do verdadeiro sentido da vida.3

Figura. O Ciclo da Cultura de Valor (CCV).

São deveras muitas e diversificadas as motivações por detrás dos nossos comportamentos, no entanto identificou-se um padrão processual que invariavelmente respeita a sequência dos 7 passos (ou máximas) enunciados pelo CCV, a saber:

  1. Ao “programar” nossa mente (algoritmos), nasce uma crença;
  2. As crenças geram, por sua vez, os pensamentos subjetivos;
  3. Os pensamentos se materializam, inicialmente, pelas palavras;
  4. As palavras são, muitas das vezes, seguidas por ações concretas;
  5. Já as ações, sejam recorrentes ou reincidentes, tornam-se hábitos;
  6. Sem os hábitos, por certo, não há concepção de valor consciencial;
  7. E tão somente os valores que conduzem ao que chamamos destino.

Alerto de antemão que este feito só será possível àqueles que se debruçarem num estado profundo de compreensão e prática dos mecanismos comportamentais que apresentaremos. Arrisco-me até a dizer, como Nietzsche o fez, que este preceito destina-se especialmente aos “espíritos livres”, aqueles seres impávidos e despidos de preconceitos. Os verdadeiros livre-pensadores de todos os tempos.4

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Segundo o Dr. Rollin McCraty, Diretor de Pesquisas do Institute of HeartMath, a Coerência seria caracterizada pelo estado em que o coração, a mente e as emoções das pessoas estão em cooperação e alinhados energeticamente, liberando mais energia que se manifesta em resultados harmoniosos para uma vida plena. Para saber mais, acesse AQUI.

2. Um silogismo (do grego antigo συλλογισμός, “conexão de ideias”, “raciocínio”; composto pelos termos σύν “com” e λογισμός “cálculo”) é um termo filosófico com o qual Aristóteles designou a argumentação lógica perfeita, constituída de três proposições declarativas que se conectam de tal modo que a partir das duas primeiras, chamadas premissas, é possível deduzir uma conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por Aristóteles em Analíticos Anteriores.

3. Gandhi foi o idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da não agressão, forma não violenta de protesto) como um meio de revolução. Inspirou gerações de ativistas democráticos e antirracismo, incluindo Martin Luther King Jr. e Nelson Mandela. Frequentemente afirmava a simplicidade de seus valores, derivados da crença tradicional hindu.

4. Pensamento livre ou livre pensamento é o ponto de vista, filosófico ou não, que sustenta que os fenômenos e todas as coisas devem ser formados a partir da ciência, da lógica e da razão e não devem ser influenciados por nenhuma tradição religiosa, autoridade ou qualquer dogma.

Busca insondável

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Nesta “busca insondável”, exalto ninguém menos que Gandhi, este ser iluminado que no brindou com o seguinte alerta:

“Seus valores tornam-se o seu destino”

Eu já não acreditava mais em destino, nem tampouco em espiritualidade tal como vista pela grande maioria das pessoas. Caro leitor, peço encarecidamente que não me julgue mal. É muito difícil mesmo de admitir isso…

Seria tão incrivelmente mais fácil se minhas crenças fossem estáveis, assim como o Hélio ou o diamante o são! Mas será que estes “corpúsculos”, ícones da realidade material, física propriamente dita, são mesmo tão estáveis assim?!

O racionalista

            Não adianta forçar. Prevalece sempre, pelo menos para mim, o universo científico e a nossa “busca insondável” pela compreensão dos fenômenos mais escusos à instrumentação humana, ao que chamo de “ciência de fronteira”.

Acredito, outrossim, num único fato, mesmo que ainda contando com explicações ou comprovações limitadas à experiência individual ou transcendental:  

Tudo que você possa imagina, existente ou não, detectável ou não, idealizado ou sentido, enfim, tudo mesmo está intimamente entranhado por leis naturais, ou divinas, conhecidas pela ciência ou não.

            Digo tanto a realidade física como a extrafísica, o dito “espiritual” e o palpável “material”, a vida e a morte, a dor e o amor! Pode ter certeza que esta é uma rede de interações muito mais entranhada e poderosa do que a “internet da coisas” e até a “internet das pessoas”!!!

Fica patente que estou pendendo mais para linha contrária, aquela vista equivocadamente como “materialista” e que, na verdade, distingue-se por procurar encarar os fatos como o são, dentro da realidade cósmica e universal, em verdade a única que existe.

O caminho da Yoga

Tudo isto estaria de fato coerente até me deparar com a parte mais profunda da Yoga, digo a Kriya Yoga,1 esta ciência espiritual que nos conecta a Deus, nosso Criador! E aprender que somos sim 100% responsáveis por tudo o que nos acontece aqui, agora, no passado remoto (ou não) e para todo o sempre. Destino existe sim e um só: a Fonte.

Infelizmente, ou felizmente, não adianta de nada encontrar explicações na providência dita Divina ou naqueles Mestres e Gurus que já se foram e estão ao lado do Pai… Então, a quem poderíamos culpar pelos nossos atos além de nós mesmos? Você mesmo, ou melhor, sua essência que é a alma.

Saiba desde já que ela é a única razão de você existir. É também a única que faz a ponte destes mundos aparentemente incomunicáveis, de mistérios insondáveis aos olhos da realidade puramente material.

É ela, portanto, que precisa ser estudada, entendida a fundo e cientificamente! É a ela que devemos render nossa fé, digo a “raciocinada” e não a “cega” que somente cerceia os indivíduos, as comunidades religiosas e tudo que nos cerca…

            Não me considero um sujeito assim areligioso. Somente defendo a liberalidade de pensamento que propicia a “busca insondável” da Verdade por aqueles que ainda não encontraram a sua fórmula única para uma vida próspera em todas as suas dimensões: material (mental e física neste caso), afetiva (ou emocional) e espiritual (do domínio das almas).

§

Depois de tantas perambulanças nas sendas das crenças humanistas, ora como filósofo, ora como crente, ora como historiador, ora como cientista, mas sempre um racionalista convicto, acho que só agora consegui me reconciliar verdadeiramente com Deus.

Para continuar a leitura, caro leitor, é preciso que admita apenas as duas únicas premissas existenciais do sistema Kantiano:2 1. Deus existe; 2. Somos uma alma. E ao perscrutar seus mistérios, irá descobrir uma nova maneira de encarar a vida: seus percalços e legados, como interagir com outros seres (conscientes ou não), com a natureza, o universo e, o mais importante, como render graças ao Criador, o Deus único que está em cada um de nós!

Não gosto do termo metafísico, espiritual, transcendental, esotérico, astral e tantos outros de origem religiosa ou não (mesmo os agnósticos e ateus) utilizados para retratar algo que sempre foi conhecido, desde os primórdios pelos sábios iluminados da Índia ou na antiguidade greco-romana, simplesmente por Yoga ou filosofia, cujo propósito maior é a eterna busca do homem pela autorrealização. Eu a chamo de teoria da CULTURA DE VALOR.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: uma dialética introspectiva

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Saiba mais:

1. Segundo a Sociedade de Autorealização, entidade fundada por Paramahansa Yogananda em 1920, a Kriya Yoga consiste em técnicas avançadas de meditação, cuja prática regular conduz à união com Deus e à libertação de todo tipo de escravidão da alma. É a técnica régia ou suprema de yoga, a união divina. Para mais detalhes acesse AQUI

2. Destaco aqui a introdução por Marilena de Souza Chaí, em Vide e Obra de Immanuel Kant, de Os Pensadores, São Paulo, Editora Nova Cultural, 2000.