ÉTICA SEXUAL – parte II

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Voltando nossa atenção agora para certas questões de estética, é indiscutível que gosto é gosto, mas mesmo assim podem-se prever certos padrões de beleza baseados em estudos de simetria e harmonia.

No Brasil a coisa fica ainda mais difícil, num país onde a herança colonizatória gerou uma riquíssima diversidade étnica que possibilitou o surgimento de padrões de beleza um tanto quanto exóticos…

Vamos entender, afinal, o que gera em nós essa apreciação e desejo quase que compulsivos pelo sexo e não pelo “belo” necessariamente?

Além da testosterona

Segundo pesquisadores ingleses, a atração sexual ocorre numa fração de segundo, somente o tempo necessário para desencadear uma complexa seqüência de impulsos bioquímicos a nível molecular, conforme descrito:

A atração começa no hipotálamo, área do sistema nervoso responsável pela produção de hormônios que controlam características do organismo como a fome, o sono e o humor. Dali envia-se uma mensagem à hipófise, que produz hormônios para as glândulas sexuais. Essas reagem produzindo estrogênio, progesterona e testosterona. Em seguida, o coração dispara, os músculos tencionam e o impulso está dado.

Imaginem só o caos que seria se o impulso fosse efetivo a cada pessoa atraente que nos deparássemos pelas ruas?! Ainda bem que a razão, na maioria dos casos, fala mais alto… Mesmo assim, algumas pessoas, especialmente os homens, não conseguem controlar como deveriam seus impulsos sexuais mais íntimos. E o pior é que isto acaba por gerar sérios conflitos éticos, quando não chega a casos mais extremos, tais como estupros, pedofilia e até mesmo a necrofilia. 

Estes são desvios psicossociais inconcebíveis que merecem medidas enérgicas por parte da justiça criminal. Não se pode sequer imaginar o que é “sentir na pele” o estupro de uma esposa ou o abuso sexual de uma filha. Quando se leva para o lado pessoal, todos os padrões ético-sociais são deixados de lado.

Considero que a reabilitação, nestes casos, é irreversível num curto espaço de tempo, o que justificaria a pena perpétua, mas em condições humanas e não segundo o vergonhoso sistema prisional brasileiro que mais corrompe do que corrige.

Voltando ao caso dos impulsos sexuais mais controláveis, temos ainda uma constatação científica muito curiosa para averiguar: mulheres que dormem ao lado de um homem tendem a menstruar e ovular mais regularmente ao mesmo tempo em que, nesse homem, a barba cresce mais rápido.

São muitos os benefícios de uma vida sexual mais estável.  Acredita-se que o controle hormonal, na prática, faz bem para a pele, o humor e até melhora a memória. Portanto, é perfeitamente natural essa nossa constante busca pelo parceiro ideal. Respeito o celibato, desde que seja uma opção do livre-arbítrio em caráter de devoção missionária e não imposta por dogmas religiosos.

Semelhante atrai semelhante     

Depois de analisadas as bases fisiológicas e sociais que regem a atração sexual, verificaremos então alguns comportamentos resultantes desse intrincado balanço físico e mental. Muitos estudos comportamentais foram realizados por psicólogos ao redor do mundo a esse respeito, não obstante, cabe salientar algumas constatações curiosas feitas por alguns deles…

Quase como uma premissa, todos apontam que, no campo dos relacionamentos, assim como na natureza, semelhante atrai semelhante (lei de afinidades). Seja pela aparência física, ou pelo estilo de vida, o fato é que pelo menos 80% dos casais são semelhantes em quatro fatores:

  1. Faixa etária;
  2. Grau de escolaridade;
  3. Religião;
  4. Raça.

Isto sem mencionar a questão de nível social que ainda impera fortemente em nossa sociedade, mesmo que de forma mais velada em muitos casos… Quem não conhece alguém que tenha se casado por interesse, deixando de lado o seu verdadeiro amor?

As pessoas nem imaginam o verdadeiro “crime” que cometem contra si mesmas ao reprimirem seus sentimentos em nome de interesses puramente mundanos. Faltam com a ética pessoal contra si mesmas, contradizendo seus princípios morais, o que certamente comprometerá todos os seus planos futuros de felicidade.

O único consolo é que, nos relacionamentos mais superficiais, com o tempo e a convivência, os parceiros acabam estabelecendo vínculos fugazes, mas ainda assim sinceros, porque todos, sem exceção, carregam pelo menos alguma qualidade latente que acaba por ser valorizada pelo companheiro…

Lei da oferta e da procura

Outro fato curioso foi confirmado pelos pesquisadores da Universidade de Louiswille nos Estados Unidos: quando uma mulher mostra interesse por um homem, ele se torna mais facilmente objeto de desejo das demais.

Parece uma praga! Quando se está sozinho, as coisas ficam ainda piores e prevalece a percepção de que ninguém se interessa por nós. Basta começar um novo relacionamento que logo começa a “chover” pretendentes. É a força do desdém em ação, muito parecida com a tal “lei da oferta e da procura”…

Ou seja, quando ninguém tem interesse por determinado indivíduo, seu “valor” cai e poucos se interessam por suas “ações”. Ao aparecer um pequeno “investidor”, desperta-se imediatamente a atenção dos outros, “inflacionando” o valor do indivíduo outrora menosprezado. Por isso que a aparência e autovalorização não deixam de ser formas de “especulação” que ditam, em grande parte, o sucesso na nossa sociedade.

Sim, “beleza traz dinheiro”! E quem não se lembra daquele ditado que “depois de uns bons copos de cerveja não existe mulher feia”. Pois é: pesquisadores descobriram que, realmente, após cinco copos de cerveja, cerca de 25% das pessoas perdem completamente seus padrões de beleza. E não adianta reclamar de dor de cabeça no dia seguinte…

Encontraram explicações até para o ciúme excessivo. Dizem que as pessoas mais feias são também as mais ciumentas. Isto porque, como são menos atraentes e inseguras, temem mais pela perda do parceiro. Dá para acreditar mesmo sendo pesquisa científica?

§

Afinal, espero somente que fique registrada a mensagem mais importante de que o sexo não tem nada de errado, muito pelo contrário! Só não deve ser encarado como diferencial para escolha do parceiro de toda uma vida.

A construção de um relacionamento duradouro vai muito além da testosterona! Lembrem-se: esta só serve, quando muito, nos primeiros meses de relacionamento… A paixão é efêmera, mas o amor verdadeiro dura pela eternidade.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Daniela Pinheiro, Veja, 2004, 1837, 74-81.

ÉTICA SEXUAL – parte I

#ricardobarreto #éticaevolucionista #filosofia #ética #éticasexual #atraçãosexual #infidelidadeconjugal

Ora, que pode haver de ético quando se fala de atração sexual? À primeira vista, pode até parecer que não há relação alguma, não obstante, se olharmos mais a fundo, veremos que muita coisa está atrelada ao sexo e seus desejos…

Tudo o que está ligado com os instintos fundamentais do ser humano é um fator crucial em nossas decisões do cotidiano. É o que se costuma chamar, em linguagem de psicólogo, de “gatilho emocional”. Ou seja, quando uma vontade intrínseca, ligada à nossa realidade genésica, determina as nossas ações.

O fenômeno da atração

Chamou-me especialmente a atenção uma reportagem instigante veiculada na imprensa em 2004, na qual foi analisada de forma bastante sutil, porém muito bem embasada, as questões socioculturais e científicas por trás deste tema tão delicado.

A tese defendida nesta reportagem pode ser resumida sucintamente pelo seguinte excerto:

Além da aparência física, da conta bancária, do temperamento ou do simples impulso de reprodução proposto por Charles Darwin,  ainda há uma confusão de hormônios, circuitos cerebrais e substâncias químicas influenciando a questão de com quem se gostaria de ir para cama.

Existem duas vertentes distintas com explicações complementares para o fenômeno da atração sexual. De um lado os sociólogos, antropólogos e demais adeptos das ciências humanas com suas justificativas baseadas nos padrões sócio-culturais.

Na contramão, por sua vez, está uma plêiade de cientistas, médicos, biólogos e químicos, com suas provas fundamentadas nos mecanismos bioquímicos e no código genético do corpo humano. Quem será que está com a razão: a ciência ou os humanistas?

Sou da opinião que o melhor seria pensarmos que ambos estão na direção correta… De fato, existe a tão falada “química do amor”, contudo, o ser humano não se resume a um emaranhado de vias metabólicas, regidas pela herança genética, outrossim, a um complexo sistema físico-mental, onde os fatores psicológicos têm certamente um papel significativo.

Por outro lado, o entendimento de como os homens e as mulheres são estimulados sexualmente requer uma análise ampla e profunda que vai muito além do estudo de artigos científicos, exigindo sobretudo uma reflexão crítica sobre as questões ético-comportamentais envolvidas.

Infidelidade conjugal

Pode parecer estranho, mas o despertar da sexualidade foi a grande motivação das pesquisas acadêmicas de Mirian Goldenberg, uma conceituada antropóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ela começou o seu trabalho levantando a seguinte indagação: “o que mais te atrai no sexo oposto?”. As respostas dos dois grupos (masculino e feminino) foram unânimes: os homens se ligam primariamente à beleza, enquanto que as mulheres se atentam mais à inteligência.

Confirma-se, assim, aquela famosa tese de que os homens são movidos muito mais pelo instinto do que as mulheres, as quais preferem analisar critérios mais subjetivos.

O fato é que a mulher é capaz de sentir desejo tão intenso quanto o homem. A diferença é que ela não é escrava do impulso.

Eu continuaria dizendo que o homem consegue isolar melhor o componente sexual do lado sentimental. Não que eu defenda esta tese, mas é um fato. E muito da infidelidade conjugal se baseia justamente nele. Já que tocamos nesta importante questão ética, vamos aproveitar para tentar elucidá-la mais amiúde.

Sou partidário da tese de que, em termos comportamentais, não existe diferença alguma entre homens e mulheres. Está certo que são realidades fisiológicas (hormonais) bem distintas, mas isto não deve justificar a subjugação dos homens, em certas circunstâncias, ao poder da testosterona!

Aquele velho ditado que diz “a carne é fraca” não deve nunca justificar os desvios inconsequentes que levam muitos pais de família à infidelidade conjugal, arruinando relacionamentos que poderiam perseverar e gerar melhores frutos do que uma efêmera aventura extraconjugal. A razão da Consciência deve sempre prevalecer.

Também não sou do tipo puritano hipócrita a ponto de condenar a infidelidade em toda e qualquer situação. Muitos relacionamentos são “frágeis” demais para serem tratados como uniões estáveis… Existem pessoas que ficam juntas mais por conveniência do que por um sentimento recíproco e genuíno de afinidade, quiça de amor! Detalhe importante: entenda-se por genuíno tudo o que é puro e verdadeiro.

§

No mundo impulsivo e superficial de hoje em dia, são cada vez mais frequentes as transgressões sexuais. Eu diria até mesmo que o comportamento infiel ou o sexo vicioso e seus transtornos mentais, por mais estranho que possa parecer, é ou está ficando natural…

Logo, se quisermos vivenciar relacionamentos duradouros, profícuos e sinceros, devemos nos amar de forma madura, o que significa, antes de qualquer coisa, a busca pelo autoconhecimento e, numa estágio mais elevado, a auto-realização! Só assim, estaremos aptos a dar e receber o afeto de outrem.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.
  2. Daniela Pinheiro, Veja, 2004, 1837, 74-81.