COMPETIR OU COLABORAR

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Eis um dos grandes dilemas dos tempos atuais: quando competir ou colaborarar? Enganam-se redondamente aqueles que emitem um julgamento aprioristicamente sem antes passar por uma reflexão profunda sobre o tema que é tão vasto quanto as áreas de interação do ser humano nas esferas pessoal, profissional e social.

Num mundo cada vez mais automatizado e repleto de informação, é preciso antes de mais nada saber qual estratégia assumir, visando ao mesmo tempo a evolução pessoal e os resultados organizacionais. Certamente não é uma “escolha” fácil. Requer muita perspicácia para avaliar qual estratégia deve gerar maior valor no longo prazo, lembrando que a “escolha” é só o começo da jornada que também dependerá das ferramentas disponíveis e, sobretudo, da expertise de como aplicá-las na execução do plano. Vamos lá?!

A ESTRATÉGIA COMPETITIVA é a mais evidente por motivos até mesmo antropológicos, ligados à sobrevivência de uma entidade, segundo o conceito mais amplo que vimos anteriormente, dos processos algorítmicos. Por outro lado, a ESTRATÉGIA COLABORATIVA, requer condições bem específicas e propícias aos “fenômenos de rede”, mais propriamente das redes de valor que têm ganhado cada vez mais importância em algumas áreas do conhecimento de base e aplicado.

Via de regra, em toda e qualquer análise estratégica, independente do campo de aplicação, é preciso primeiramente encontrar os pontos de divergência e/ou confluência. Veremos que o primeiro está relacionados à “destruição criativa”, cerne da inovação schumpteriana de meados do século passado e que revolucionou a forma de se criar vantagem competitiva. 1

Figura. Joseph Schumpeter, economista austríaco precursor da teoria da inovação.

Já o segundo é bem mais recente (eu dato o seu nascimento mais precisamente em 2006 com a publicação do livro Wikinomics) e chamamos aqui mais propriamente de “síntese restritiva”, resumindo o propósito do conceito propalado por Tapscott & Williams. 2

Para chegarmos à origem genésica das estratégias competitivas (o que são, para quê servem e como formulá-las) precisamos de entender primariamente o conceito mais abrangente, para não dizer filosófico, do termo “competição”. Eis os 3 questionamentos basilares que não podem deixar de ser pautados antes de avançarmos:

                                    1. O que se entende por competição?

                                    2. Quais as formas de se competir?                          

                                    3. Ela é mesmo salutar?

 Não se pode negar algo que nos é uma característica intrínseca. O ser humano é naturalmente competitivo e, por consequência, as instituições humanas a que ele pertence. Lutamos constantemente pela busca da melhor performance, pela superação dos nossos pares e as conquistas advindas, sejam elas monetárias, sociais, políticas, religiosas, etc.

Acontece que vivemos na atualidade uma “hipercompetição” generalizada em quase todos os campos de aplicação possíveis e imagináveis. Praticamente já não existem áreas do conhecimento humano inexploradas. Em tempos de globalização econômica e da tal ubiquidade computacional e informacional, o “kit de ferramentas” convencional da competição do Prof. Michael Porter já não é mais suficiente para os indivíduos e organizações se reinventarem continuamente.

Acreditem: neste contexto, a “inovação schumpeteriana”, antes vista como a salvação pelos gurus da estratégia, pelo menos no seu formato original, está em cheque! Mas será que existem novas e inusitadas formas de “destruição criativa” que não estejam diretamente vinculadas à inovação?

Bem, veremos que sim e trata-se justamente da tal “síntese restritiva” que conjuga a evolução de uma série de tecnologias que propiciaram a coloboração em massa numa escala antes inimaginável! Precisamos, mais do que nunca, entendê-la e decifrá-la porque sua lógica é bem diferente do que estávamos habituados…

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: tome boas decisões sem esforço

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Saiba mais:

1. Shumpeter, J. Capitalism, socialism and democracy, London: Allen & Urwin, 1943.

2. Tapscott, D., Williams, A.D. Wikinomics, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

Mundo redondo, universo plano

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O mundo pode ser redondo, mas o universo é plano. Ao navegar no cosmos, em sua magnitude infinita, pode-se assumir somente 2 direções: a que nos leva a Deus e a que nos afasta Dele!

Cada Ser, em sua singularidade de vida, apresenta-se tal como um vetor numa trajetória incomparável de interações mentais, espirituais e conscienciais que podem ser “geradoras” ou “destruidoras” de valor, dependendo de como afetam o meio que estão inseridos nos planos físico e extrafísico.

Figura. Trajetória vetorial dos Seres rumo a Deus.

Somos, assim, compostos essecialmente de apenas 3 atributos existenciais que permitem toda a expressão do Ser, quais sejam:

  1. Inteligência: manifesta através da mente no plano físico;
  2. Espírito: manifesto pela alma no plano extrafísico;
  3. Consciência: canalizada pela conexão com Deus.

Este conceito é de vital importância. Devemos sedimentá-lo, com total serenidade e aceitação. Em última instância, são afetadas as inteligências, espíritos e consciências, sempre num certo raio de interferência que depende da intensidade da energia criadora emitida.1

O problema do ser, portanto, reside no discernimento de como controlar suas faculdades moldando estes 3 únicos atributos. Lapidar a inteligência, o espírito e a consciência: eis os verdadeiros objetivos da nossa existência!

Ao contrário dos atributos, temos inúmeras faculdades que são basicamente aquelas ações que conseguimos realizar graças aos nossos atributos. Ou seja, o atributo leva à faculdade e nunca o contrário.

Veja só. O pensamento (faculdade de pensar) brota da mente que é acionada pela inteligência. É assim que decido, por exemplo, se preciso sair para comprar pão agora, se devo vender um determinado ativo na bolsa de valores antes da reunião do FED ou se, por ventura, preciso fazer um check-up para não arruinar o feriadão da família!

As faculdades da alma são muito mais sutis e ainda tem gente que acha que se resolve com pílulas… A faculdade de sentir com os “olhos d´alma” requer a sensibilidade dos sentidos extrasensoriais, velados aos que se iludem pelo mundo material. Você realmente acredita que é a ocitocina que move o coração de um pai que revê a filha depois de uma longa viagem de trabalho? 

Se controlar os sentimentos que regem as relações entre os Seres já é uma missão tão desafiadora, que dizer então da maior de todas as missões, aquela que deveria ser nosso grande propósito existencial e que, por certo, pouquíssimos estão perseverando? Orar e meditar são indubitavelmente as faculdades supremas e olha que ainda assim tão poucos as volarizam…

Veremos que os valores que realmente importam são os conscienciais, ou seja, aqueles que nos conectam a Deus!

Isto não quer dizer que os valores da mente ou do espírito devam ser negligenciados. Muito pelo contrário… São eles que nos conduzem, afinal, aos verdadeiros valores. É que o Deus que existe em cada um de nós é a única realidade que importa. Acreditem: tudo o mais é realmente, como já diziam os Vedas, pura ilusão!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Indo além dos nossos propósitos, completamente despreocupado com o rigor matemático que não seja puramente filosófico, podemos elucubrar o quantum de energia vital, tal como revelado pelo guru da Kriya Yoga Paramahansa Yogananda em 1949, como sendo o menor valor que esta grandeza possa assumir. E, ainda, denominar este “pacote” energético de vitráton. Sabendo-se que este tipo de energia associa-se à capacidade de “gerar” ou “destruir” valor, quanto maior for a quantidade de vitrátons, tanto maior será a sua intensidade e, consequentemente, a sua capacidade de interação com outros seres. Para saber mais, acesse AQUI.

DADOS, INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO E INTELIGÊNCIA

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Digamos que exista um processo sistêmico, dinâmico e colaborativo, capaz de aumentar significativamente suas chances de sucesso em qualquer tipo de processo de tomada de decisão, estratégica ou nem tanto… [hehe] Precisamos, antes de mais nada, de entender um pouco mais a fundo o que são dados, informação, conhecimento e inteligência.

Em realidade, são conceitos bem distintos, muito embora exista uma certa gradação entre eles, dentro de uma escala de discernimento com o tempo: o dado gera a informação que, por sua vez, leva ao conhecimento, refletido finalmente em inteligência aplicada no resultado de eventos futuros. Vide abaixo a representação esquemática adaptada do trabalho de de Štefániková et al. 1

Dentro das organizações, os dados podem ser vistos como simples registros de eventos, devidamente estruturados, sem um significado propriamente dito. Num laboratório de pesquisas, por exemplo, pode-se classificar como dados os registros dos experimentos, tabelas, gráficos, resultados analíticos, entre outros.

Já a informação deve encerrar um significado próprio, tanto que o próprio Peter Drucker (nosso guru da gestão empresarial) afirmou certa vez que “as informações são dados dotados de relevância e propósito”. Veja que a significância, neste caso, está diretamente relacionada à capacidade de transmitir uma mensagem entre um gerador e um receptor. Simples assim: um cientista acabou de ler um artigo sobre a aplicação de nanotubos de carbono para proteção de alimentos em caixas de papelão. No café, seu pupilo ficou interessado e, claro, absorveu uma breve aula sobre o tema e bem fresquinha…

Por sua vez, quando se fala de conhecimento, qualquer explicação direta e simples seria uma difícil missão, tamanha a complexidade deste conceito. Podemos tão-somente nos arriscar aqui a propor uma definição um pouco mais atualizada: “seria o repositório de informações em constante evolução, devidamente estruturado e conectado a uma rede de colaboradores”.

Figura i.3. A gradação do discercimento com a evolução e o tempo.

Mais importante, agora, é observar a distinção entre conhecimento e inteligência. Notem que os dados, a informação e o conhecimento estão no campo do passado enquanto que a inteligência é a única que volta-se para o futuro.

Lembrem-se da máxima popular: de nada adianta o conhecimento se este não for devidamente aplicado!

É como ter uma enciclopédia gigantesca sem um professor para transmitir os ensinamentos nela encerrados. O papel da inteligência é, portanto, crucial para atingir o discernimento com o tempo, seja em processos organizacionais ou em situações importantes das nossas vidas, conectando o passado com o futuro, os que sabem com os que precisam saber. A inteligência serve para ajudar as pessoas a decidirem com sapiência!

Deve-se enfatizar ainda que existem diferentes naturezas informacionais, sejam elas estruturadas ou não-estruturadas. Os dados, informações e conhecimentos estruturados são aqueles sistematizados, organizados e disponíveis para acesso dentro ou fora das organizações. Já aqueles não-estruturados são sempre externos, sem quaisquer tipos de filtros ou tratamentos analíticos.

Um exemplo seria o dado relacionado ao número de patentes depositadas por uma determinada empresa competidora, acessível através de bases de dados tecnológicas como a PATENTSCOPE do Wipo (Escritório Mundial de Patentes). Veremos em detalhes mais a frente o papel deste tipo de base de dados na geração de informação relevante para Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I).

Ainda como preâmbulo, não poderíamos deixar de mencionar a grande revolução que estamos vivenciando nos últimos anos com o advento dos algoritmos de machine learning e o aparecimento das primeiras aplicações da inteligência artificial (AI), tais como o reconhecimento de voz e imagens, bem como a sua difusão “meteórica” em campos antes inimagináveis como a medicina e o ensino.

Por muito tempo o ser humano reinou absoluto como a única fonte de conhecimentos, os quais eram ditos tácitos pelo fato de carecerem da “externalização” pelas pessoas que o detinham através das suas experiências singulares. É por este motivo que os ativos de conhecimento sempre imperaram para formação do patrimônio intelectual e competências das pessoas nas organizações.

Hoje em dia isto já não é mais uma realidade intransponível! Em tempos de big data, estamos migrando dos “ativos de conhecimento” para os “ativos de dados” e, consequentemente, do “conhecimento tácito” para o “conhecimento explícito”, muito embora avassalador…

Os mecanismos de inteligência estarão cada vez mais presentes na rotina das organizações e das pessoas. Tudo, ou mais propriamente qualquer processo que se baseia em dados e informação, será um dia passível de automação! As novas aplicações da inteligência artificial estão cada vez mais ousadas, substituindo gradativamente nós (os humanos) em muitas atividades…

Se este cenário lhe preocupa, não adianta evitá-lo. Comecemos entendendo em quais circunstâncias devemos competir ou colaborar. Só depois vamos começar a entender como alguns “robozinhos” podem ser bons amigos nos nosso dia a dia! Vamos lá?

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: metodologia aplicada aos processos de tomada de decisão

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Saiba mais:

1. 4Štefániková et al.The need of complex competitive intelligence, Procedia Social and Behavioral Sciences, 2014, 669 – 677

Processos de tomada de decisão

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Apesar de citar as informações científicas, Hayek1 estava se referindo, outrossim, ao processo de tomada de decisão estratégica nas organizações, muito embora o conceito possa ser extrapolado ao nível do indivíduo, desde que se caracterize um processo cíclico aplicável até mesmo em situações elementares do cotidiano.

O importante é que este processo deve compreender necessariamente a identificação de um problema qualquer, a busca de alternativas para sua solução, atividades de execução da alternativa escolhida e, finalmente, a avaliação dos resultados para enfrentar possivelmente novos problemas, reconhecidos por semelhança ao problema original.

Figura. Processos cíclicos de tomada de decisão.

Mergulhando mais a fundo no tema, diga-se de passagem negligenciado por muitos, precisamos lançar mão dos trabalhos de mais um Nobel de economia, desta vez exaltando o professor emérito de psicologia da Universidade de Princeton: Daniel Kahneman. Ele desvenda os modelos mentais que estão por trás dos processos de tomada de decisão, destacando estritamente duas formas de pensar: o “pensamento estatístico” epensamento causal”. 2

O primeiro é analítico, reflexivo e ponderado. Beseia-se num conjunto de fatos e dados (as alternativas do esquema acima) que são meticulosamente calculados (idealmente via algoritmos) e avaliados antes de se apresentar uma solução para algum problema específico. Já a segunda forma de pensar (a causal) se apóia em ideias associativas, preconcebidas com base no histórico de memórias e experiências pregressas armazenadas num banco de dados extremamente vasto.

Kahneman afirma com propriedade que nós, seres humanos autônomos e conscientes, agimos constantemente de acordo com uma ou outra forma de pensamento, dependendo da circunstância e, claro, do perfil psicológico do observador.

Assim, pode-se dizer que todos nós temos dupla personalidade, ora governados pelo EU consciente, preciso mas lento, ora dominados pelo EU não-consciente, muito mais rápido apesar de enviesado por vezes!

Aliás, sobre os viéses relacionados à busca automática pela “causalidade”, ele cita um evento internacional altamente relevante no combate americano ao terrorismo, mais precisamente o dia em que Saddam Hussein foi preso… Veja, a renomada agência de notícias econômicas americana (Bloomberg) destacou no fatídico dia as seguintes manchetes contraditórias:  

  • MANCHETE 1: TÍTULOS DO TESOURO AMERICANO SOBEM: CAPTURA DE HUSSEIM PODE NÃO CONTER O TERRORISMO;
  • MANCHETE 2: TÍTULOS DO TESOURO CAEM: CAPTURA DE HUSSEIN IMPULSIONA APELO POR ATIVOS DE RISCO.

De fato, neste dia, inicialmente os preços das apólices inicialmente subiram, no entanto, meia hora mais tarde elas cairam acentuadamente… Este é apenas um entre os numerosos e perspicazes exemplos que comprovam a sua tese de que “um grande evento gera consequências, e consequências necessitam de causas para explicá-las”!

Portanto, sempre que possível ou mais propriamente quando houver tempo e capacidade de processamento suficientes (neste caso a poderosa mente humana) deve-se optar pelo pensamento estatístico e não o causal para todo e qualquer processo de tomada de decisão.[*]

Acontece que, para qualquer organização ou indivíduo lograr êxito no processo de tomada de decisão, este depende de dados não só abundantes mas também fidedignos, ou seja, pautadoos por informações úteis, corretas, entregues na hora certa e para a(s) pessoa(s) certas, quais sejam aquelas que de fato detêm o conhecimento para decidir estrategicamente. Este é o cerne do que chamaremos daqui em diante de INTELIGÊNCIA DE VALOR. Mas antes de desvendar esta nova metodologia, deve-se diferenciar definitivamente o que são dados, informação, conhecimento e inteligência.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: metodologia aplicada aos processos de tomada de decisão

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Saiba mais:

1. Hayek, Friedrich A. The Use of Knowledge in Society1945.

2. Kahneman, D. Rápido e devagar: duas formas de pensar, 1a ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.



[*] Observe que o pensamento causal (ou autônomo) é muito eficiente em situações triviais do cotidiano como andar pela rua ou dirigir um carro. Para tarefas mais complexas tais como a decisão de investimento num apartamento na planta, você precisa se desvencilhar do impulso de compra e raciocinar! Isto significa colocar a massa cinzenta para funcionar… O campo da Inteligência Artificial, com seus algoritmos e o uso de dados massivos, vem ganhando cada vez mais força no dia a dia das pessoas, justamente pela limitação humana (mente, cérebro e memória) para galgar tomadas de decisões muito mais acertadas. Quem não gostaria de ter um ROBÔ à disposição para saber quais as melhores ações devo comprar e vender na bolsa de valores todos os dias?!   

VALOR: dimensões e agentes de mudanças

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Para entendermos o conceito mais abrangente de INTELIGÊNCIA, antes de mais nada, é preciso conhecer quais são os insumos que alimentam os processos que levam a ela, mais precisamente os dados, a informação e o conhecimento! Leia atentamente a seguinte frase (mantida propositalmente em sua língua original):

Today it is almost heresy to suggest that scientific knowledge is not the sum of all knowledge […] It is with respect to this that practically every individual has some advantage over all others because he possesses unique information of which beneficial use might be made, but of which use can be made only if the decisions depending on it are left to him or are made with his active cooperation.

Alguma ideia de quem escreveu e quando esta frase foi publicada? Muito provavelmente deve ter chutado algum geek famoso do Vale do Silício em algum momento após a invenção da internet. Então, pasmem! Foi publicada em 1945 pelo ganhador do prêmio Nobel de economia Friedrich A. Hayek. 1

Sem mais delongas, vamos assim iniciar nossa jornada rumo à proposta de uma metodologia aplicada aos processos de tomada de decisão, chamada inteligência de valor e especificamente voltada para assistir na prosperidade das pessoas, organizações e nações!

Antes disso, no entanto, precisamos lançar mão de um conceito ainda mais amplo… Eis que surge o pano de fundo para definir VALOR!

O que é valor?

O primeiro passo para se tipificar “algo” como valoroso, seja lá o que for, é que se tenha um propósito para sua existência. Via de regra, em se tratando de “entidades”, são normalmente questões relacionadas à satisfação de suas necessidades ou desejos. Sendo assim, a priori, definiremos “valor” mais ou menos assim (definições nunca são tão precisas, mas precisamos delas mesmo que Nietzsche se zangue com isso…):

Tudo aquilo que se deseja acumular e/ou manter ao longo da existência de uma “entidade”.

Ao contrário do que podem estar pensando, uma ENTIDADE sempre representa, pelo menos aqui, um conjunto complexo de processos e estruturas regidos por algoritmos variados que disparam ações, afetando o meio em que se encontram inseridas.

Uma entidade pode, portanto, ser autônoma (ex. seres humanos) ou controlada (ex. robôs). Pergunta: você estranharia se um robô tivesse somente desejos ou se um ser humano vivesse somente da satisfação das suas necessidades, certo? Bem, deixemos estas questões para as ciências cognitivas, desde que muito bem amparadas pela antropometria e pssicometria, por favor!

Vamos entender, outrossim, como satisfazer uma necessidade ou desejo de uma entidade, seja ela autônoma ou controlada. Uma necessidade é algo que a entidade precisa para realizar uma atividade momentânea capaz de afetá-la “positivamente” ou o meio ao seu redor. Já o desejo envolve o atingimento de objetivos previamente estabelecidos, ou seja, planejado com antecedência.

Por ser premeditado, mexe profundamente com as nossas “expectativas de valor”. Temos aí a origem de muitas das frutações do mundo atual que decorrem justamente do gap existente entre o “valor esperado” versus “valor percebido”. E ele é diretamente proporcional à carga emocional naturalmente envolvida na satisfação dos desejos…

Dimensões de valor

Não há, portanto, nada de errado em robôs terem desejos e humanos necessidades. Somos todos (humanos e robôs) como um VETOR apontando sempre em uma das seguintes “dimensões de valor”: a pessoal, profissional e social.

Independente do desejo ou da necessidade, para se “criar” ou “destruir” valor, é preciso de um “agente de mudanças”, cuja influência é capaz de alterar a grandeza deste vetor. Tal agente pode ser um individuo, uma organização ou o próprio Estado.

Figura i.1. Dimensões de valor e os tipos de agentes de mudança.

Para exemplificar, não poderíamos deixar de exaltar o caso emblemático de Steve Jobs, tratado aqui como mais uma entidade autônoma que simplesmente fundou aquela que seria por muito tempo a empresa mais valorizada do mundo. Veja suas últimas palavras sobre o legado da Apple, já no estágio terminal do seu câncer: 2

Minha paixão foi contruir uma empresa duradoura, onde as pessoas se sentissem incentivadas a fabricar grandes produtos. Tudo o mais era secundário. Claro, foi ótimo ganhar dinheiro, porque era isso que nos permitia fazer grandes produtos. Mas os produtos, e não o lucro, eram a motivação.

Observe que ele encarava a Apple como um poderoso “agente de mudanças”, muito embora a raiz da sua motivação fosse, na verdade, o valor do empreendedorismo que o movia rumo à satisfação de um único desejo: a criação de grandes produtos como assim o foi e continuam sendo o iPhone, iTunes, Toy Story e tantos outros!

§

Estes produtos e serviços, considerados miraculosos no mundo moderno, somente puderam nascer graças aos avanços tecnológicos que observamos nas últimas décadas. No entanto, não devemos nunca nos enganar! Por trás de tanta tecnologia, sempre há uma complexa estratégia de negócios…

Sendo assim, antes de falarmos de big data, algoritmos de relevância, inteligência artificial, machine learning e sistemas de recomendação, comecemos pelos primórdios: os processos de inteligência! Vamos lá?

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Obra no prelo: INTELIGÊNCIA DE VALOR: metodologia aplicada aos processos de tomada de decisão

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Saiba mais:

1. Hayek, Friedrich A. The Use of Knowledge in Society, 1945.

2. Walter Isaacson, Steve Jobs: a biografia, São Paulo: Companhia da Letras, 2011.

Conhecimento, inteligência e moral: uma tríade que faz a diferença!

É perceptível certa confusão na aplicação destas palavras pela grande maioria das pessoas, sejam elas cultas ou ignorantes. Todos os seres humanos são dotados de inteligência, simplesmente por serem munidos de um computador muito avançado: o cérebro.

Isto significa que a inteligência nada mais é do que a faculdade de se pensar. Como tal, ela precisa ser desenvolvida através da prática. Assim como os músculos, o cérebro também necessita de exercícios, muito embora alguns prefiram um tríceps bem desenvolvido do que um cérebro “bombado”!

Já o conhecimento, por sua vez, é o arcabouço de todas as experiências adquiridas em virtude da boa aplicação da inteligência. Portanto, a melhor maneira de se desenvolver intelectualmente é através da prática intelectiva, como através da leitura, jogos, solução de problemas, artes, etc.

E a mente: onde fica nesta história toda? Digamos assim: esta é a que faz o “argamassa” entre o cérebro e a inteligência. Seria como os códigos de programação, ou melhor, os algoritmos que regem o pensamento e se materializam em nossos cérebros através de reações bioquímicas.

Os mais instigantes devem ainda estar se perguntando: faltou a Consciência? Bem, esta é uma outra longa história que deixaremos para tratar num capítulo a parte… Haja assunto!

Alguns acham que pelo simples fato de possuírem um currículo primoroso são dotados de inteligência privilegiada. Grave equívoco! Isto porque pessoas simplórias como um lavrador podem demonstrar inteligência superior à de um erudito…

Então, o que de fato os diferencia? Com certeza a resposta é muito ampla, dependendo do ponto de vista de cada um. Se fôssemos nos basear simplesmente nas definições dadas acima, chegar-se-ia facilmente à seguinte conclusão: o diferencial é o conhecimento.

Entretanto, como reencarnacionista que o sou, acredito que o nosso conhecimento é o resultado de todas as nossas experiências existenciais, inclusive as pregressas de outras vidas no plano físico ou extrafísico (veremos mais detalhes sobre este tema quando falarmos da Consciência). Neste sentido, aquele que hoje não passa de um humilde lavrador, em outra encarnação pode ter sido um grande cientista!

Existe outro elemento não mencionado ainda que influi diretamente tanto na inteligência como também no conhecimento… Ele é a moral. Poder-se-ia defini-la, essencialmente, como sendo a faculdade de se fazer o bem.

Quando o indivíduo é dotado de bons princípios, tudo o que ele produz tem grandes chances de dar certo, enquanto que a pessoa dotada somente de más intenções já parte equivocada, de modo que suas obras serão inexoravelmente inócuas.

Conclui-se, daí, que sábio é aquele que sabe harmonizar a tríade: inteligência, conhecimento e moral. O caminho é demasiado longo, no entanto, todos podem e deverão chegar lá. Pelo menos um dia!

Autoria por Ricardo Barreto

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Permitida a reprodução mediante backlink para ricardobarreto.com

Para saber mais:

  1. Barreto, R.L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.