Muitas perguntas, poucas respostas

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Mesmo não acreditando mais na dita “ilusão”, não propriamente ainda em seu conceito mais puro de maya, empregado pelos sábios swamis hindus, outrossim a de que a vida é cheia de surpresas, eu continuei firme em meus propósitos reflexivos, resoluto na nova trejetória evolutiva.

Veio por assim dizer, repentinamente, uma vontade incontrolável, até mesmo imatura – admito – só que tão genuína quanto a minha necessidade sincera de refletir sobre algumas das questões mais essenciais da vida!

Já que minha sina é mesmo a de refletir, profanar a linha de pensamento “rasa” que só leva à mediocridade, por que não compartilhar estas reflexões com os leitores? Não vejo outro motivo para escrever senão este. São indagações simples, porém profundas, do tipo:

  • O que importa de fato em nossas existências?
  • Nós, humanos, somos mesmo melhores que outros animais?
  • Para onde iremos após a morte do corpo físico?
  • Qual a relação de consciência e imanência?
  • Deus existe ou tá todo mundo enganado?

Mistérios da vida

Quando pensamos abertamente nestes mistérios, deixando os preconceitos, paradigmas e estereótipos de lado, constatamos que a maioria das respostas são invariavelmente vagas ou, o que nos deixa ainda mais preocupados, quando são convictas demais…

Na verdade, antes de buscar tais respostas, nos deparamos com um único fato: quanto desperdício de tempo! Vem aí um sentimento de indignação que nos impulsiona a questionar o porquê de tantos devaneios peseudo-sábios… Abaixo revelo as 3 indagações que me conduziram a um momento único de epifania existencial:

INDAGAÇÃO 1: como pudemos nos deixar levar por correntes efêmeras de pensamento esotérico, por legiões de acadêmicos presunçosos ou por religiões dogmáticas que nos satisfazem por um tempo, mas se mostram aos poucos vazias em sua própria essência?

INDAGAÇÃO 2: como deixamos passar a oportunidade ao alcance de todos, de preenchermos nossas lacunas existenciais com os verdadeiros valores, os valores da consciência, sem depender de mais ninguém, somente nós mesmos e, claro, com a ajudinha de um Guru?

INDAGAÇÃO 3: como, afinal, admitir que estamos ainda tão distantes do estado de imanência, porém tão perto de ressonar com a energia cósmica universal que se encontra dentro de nós mesmos?

Momento PI

Tenho cristalizado em minha mente o exato momento que este despertar se deu para mim. Acreditem: foi numa viagem a trabalho para Coréia (a do Sul) no ano de 2013. Estava eu à procura de qualquer sorte de distração para consumir aquelas intermináveis 24 horas de voo, quando me deparei com um filme pra lá de encantador…

Foi ele, em verdade, o grande responsável pela guinada na minha forma de pensar tais questões filosóficas e também religiosas, tendo desencadeado uma vontade quase que compulsiva de encontrar tais respostas, pelo menos um pouco mais plausíveis e menos impositivas, para as indagações supracitadas. O filme se chama “As Aventuras de Pi”.

Considerado um épico que nos leva a uma profunda reflexão sobre o verdadeiro sentido da vida e de como Deus está presente em todas as religiões,1 mesmo naquelas cujos devotos lutam incessantemente para se afastar Dele…

A cena do tigre agonizando num barquinho em alto mar é particularmente tocante. Melhor dizendo: imperdível! Confiram agora mesmo e tenham, per se, um momento de epifania!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena

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Saiba mais:

1. Life of Pi (no Brasil, As Aventuras de Pi) é um filme americano, baseado no romance de 2001 de mesmo nome por Yann Martel. O filme é dirigido por Ang Lee e baseado em um roteiro adaptado por David Magee. Life of Pi foi lançado em 21 de novembro de 2012. Em 10 de janeiro de 2013 foi anunciado que Life of Pi havia recebido onze indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, tendo vencido os prêmios de Melhor Diretor, Melhor Trilha Sonora, Melhor Fotografia e Melhores Efeitos Visuais.

O racionalista livre-pensador

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Há tempos tenho para mim, como grande desafio, escrever sobre a fé. Pode parecer piegas demais para quem está numa linha de pensamento voltada para filosofia e nem tanto para religião, mais propriamente na abordagem dogmática e não a libertadora que verdadeiramente nos conecta a Deus!

Quero abordá-la aqui em seus diversos estágios: desde a fé “cega” até a “raciocinada”, sem discriminação de sorte alguma. Com um pouco mais de ousadia, quero aventurar-me a escrever sobre a verdadeira jornada evolutiva de cada ser humano rumo ao “autoconhecimento”, ou melhor, à sua “autorealização” como já apregoava o meu guru indiano Paramahansa Yogananda.1

Figura. Yogananda visitando Gandhi na Índia em 1936.

           

O samadhi

Quero falar da nossa busca quase que instintiva pelos estados de EACs – Estados Alterados de Consciência que nada mais são do que estados gradativos de conexão com o universo, ou com o Criador melhor dizendo, aos quais a sabedoria indiana já sinalizava há milênios pela palavra samádi do sânscrito, que significa a “meditação completa”, ou o estado de concentração e quietude plena da mente.

Veremos que esta busca constante pelo samádi nos levará, inexoravelmente, à sutil compreensão do conceito de imanência. E tal compreensão irá nos encher de valores nos planos físico e extrafísico, estabelecendo uma conexão irreversível com o Criador.

Os mais incrédulos, aqueles que sempre dizem que precisam “ver para crer”, podem achar que as pessoas não mudam. Para os racionalistas livre-pensadores, como digo que o sou, é que nosso único juíz é a própria consciência governada pelo espírito ou a alma. É ela, somente ela e mais nenhum outro dito pastor, guru ou profeta, que “colocará o dedo nas nossas feridas”. E é ela mesma, acreditem, que também nos apontará o caminho. Somos 100% responsáveis pelo nosso destino!

Tal busca e compreensão independe de religião ou credo, estando relacionada, outrossim, ao propósito maior da nossa própria existência. Aquela que podemos chamar de uma viagem com origem e destino marcados: a Fonte.

Temos ainda que admitir o fato inconteste de que fomos criados um dia como espíritos puros e ignorantes, “à imagem e semelhança do Criador” (Gênesis 1:26-27). Se até a ciência admite premissas teóricas (e não são poucas), por que nós, pretensos filósofos racionalistas ou iogues praticantes, não poderíamos adotar as nossas?

Bem, ao continuar no campo das suposições filosóficas, assumamos que ao longo da jornada evolutiva, através das inúmeras interações que experimentamos com outros seres conscientes, adquirimos “impressões energéticas” que precisam ser literalmente “apagadas” para podermos retornar à Fonte livres de karma.2

§

Pensava eu, portanto, que só estaria apto a escrever sobre a fé quando a sabedoria fosse capaz de aguçar o discernimento acumulado em uma existência repleta de experiências, construtivas e destrutivas em valor, mas que fossem acompanhadas de momentos de profunda reflexão.

Não importa seu “tipo psicológico”. Não é preciso ser daquele “introspectivo intuitivo” junguiano. Acontece que a verdadeira sabedoria não se acumula no espectro limitado de interações de uma única existência. Em verdade, não devemos considerar se alguém é ou não sábio. Isto é uma falácia e das mais perigosas… É como a água: ela simplesmente o é. E pronto. Somos substância, substância divina!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: uma dialética introspectiva

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Saiba mais:

1. Paramahansa Yogananda viveu entre 1893 e 1952, sendo reconhecido como um dos maiores emissários da antiga sabedoria indiana no Ocidente. Sua vida e seus ensinamentos continuam sendo uma fonte de inspiração e de luz para pessoas de todas as raças, culturas e credos. Para detalhes sobre as experiências maravilhosas da sua vida, não deixe de conhecer e decifrar sua obra clássica intitulada Autobio-grafia de um Yogue, publicada em português em 2008 e reeditada em 2013 pela Sociedade de Autorrealização. Adicionalmente, para um resumo sobre sua vida e obra, acesse AQUI.

2. As religiões orientais chamam estas “impressões energéticas” de karma. O importante é reconhecer que elas atrapalham o estabelecimento de conexões geradoras de valor no plano extrafísico com outros seres conscientes e especialmente com Deus. 

Busca insondável

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Nesta “busca insondável”, exalto ninguém menos que Gandhi, este ser iluminado que no brindou com o seguinte alerta:

“Seus valores tornam-se o seu destino”

Eu já não acreditava mais em destino, nem tampouco em espiritualidade tal como vista pela grande maioria das pessoas. Caro leitor, peço encarecidamente que não me julgue mal. É muito difícil mesmo de admitir isso…

Seria tão incrivelmente mais fácil se minhas crenças fossem estáveis, assim como o Hélio ou o diamante o são! Mas será que estes “corpúsculos”, ícones da realidade material, física propriamente dita, são mesmo tão estáveis assim?!

O racionalista

            Não adianta forçar. Prevalece sempre, pelo menos para mim, o universo científico e a nossa “busca insondável” pela compreensão dos fenômenos mais escusos à instrumentação humana, ao que chamo de “ciência de fronteira”.

Acredito, outrossim, num único fato, mesmo que ainda contando com explicações ou comprovações limitadas à experiência individual ou transcendental:  

Tudo que você possa imagina, existente ou não, detectável ou não, idealizado ou sentido, enfim, tudo mesmo está intimamente entranhado por leis naturais, ou divinas, conhecidas pela ciência ou não.

            Digo tanto a realidade física como a extrafísica, o dito “espiritual” e o palpável “material”, a vida e a morte, a dor e o amor! Pode ter certeza que esta é uma rede de interações muito mais entranhada e poderosa do que a “internet da coisas” e até a “internet das pessoas”!!!

Fica patente que estou pendendo mais para linha contrária, aquela vista equivocadamente como “materialista” e que, na verdade, distingue-se por procurar encarar os fatos como o são, dentro da realidade cósmica e universal, em verdade a única que existe.

O caminho da Yoga

Tudo isto estaria de fato coerente até me deparar com a parte mais profunda da Yoga, digo a Kriya Yoga,1 esta ciência espiritual que nos conecta a Deus, nosso Criador! E aprender que somos sim 100% responsáveis por tudo o que nos acontece aqui, agora, no passado remoto (ou não) e para todo o sempre. Destino existe sim e um só: a Fonte.

Infelizmente, ou felizmente, não adianta de nada encontrar explicações na providência dita Divina ou naqueles Mestres e Gurus que já se foram e estão ao lado do Pai… Então, a quem poderíamos culpar pelos nossos atos além de nós mesmos? Você mesmo, ou melhor, sua essência que é a alma.

Saiba desde já que ela é a única razão de você existir. É também a única que faz a ponte destes mundos aparentemente incomunicáveis, de mistérios insondáveis aos olhos da realidade puramente material.

É ela, portanto, que precisa ser estudada, entendida a fundo e cientificamente! É a ela que devemos render nossa fé, digo a “raciocinada” e não a “cega” que somente cerceia os indivíduos, as comunidades religiosas e tudo que nos cerca…

            Não me considero um sujeito assim areligioso. Somente defendo a liberalidade de pensamento que propicia a “busca insondável” da Verdade por aqueles que ainda não encontraram a sua fórmula única para uma vida próspera em todas as suas dimensões: material (mental e física neste caso), afetiva (ou emocional) e espiritual (do domínio das almas).

§

Depois de tantas perambulanças nas sendas das crenças humanistas, ora como filósofo, ora como crente, ora como historiador, ora como cientista, mas sempre um racionalista convicto, acho que só agora consegui me reconciliar verdadeiramente com Deus.

Para continuar a leitura, caro leitor, é preciso que admita apenas as duas únicas premissas existenciais do sistema Kantiano:2 1. Deus existe; 2. Somos uma alma. E ao perscrutar seus mistérios, irá descobrir uma nova maneira de encarar a vida: seus percalços e legados, como interagir com outros seres (conscientes ou não), com a natureza, o universo e, o mais importante, como render graças ao Criador, o Deus único que está em cada um de nós!

Não gosto do termo metafísico, espiritual, transcendental, esotérico, astral e tantos outros de origem religiosa ou não (mesmo os agnósticos e ateus) utilizados para retratar algo que sempre foi conhecido, desde os primórdios pelos sábios iluminados da Índia ou na antiguidade greco-romana, simplesmente por Yoga ou filosofia, cujo propósito maior é a eterna busca do homem pela autorrealização. Eu a chamo de teoria da CULTURA DE VALOR.

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: uma dialética introspectiva

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Saiba mais:

1. Segundo a Sociedade de Autorealização, entidade fundada por Paramahansa Yogananda em 1920, a Kriya Yoga consiste em técnicas avançadas de meditação, cuja prática regular conduz à união com Deus e à libertação de todo tipo de escravidão da alma. É a técnica régia ou suprema de yoga, a união divina. Para mais detalhes acesse AQUI

2. Destaco aqui a introdução por Marilena de Souza Chaí, em Vide e Obra de Immanuel Kant, de Os Pensadores, São Paulo, Editora Nova Cultural, 2000. 

Sobre a ÉTICA EVOLUCIONISTA (parte II)

Extraído do prefácio da obra ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral

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Chamo a atenção dos leitores para o título da obra “Ética Evolucionista: a Razão da Moral”, o qual diz per si que a ética é dinâmica e que leva à compreensão da moral.

Podemos também observar que houve uma preocupação de pesquisar e citar autoridades clássicas e atuais da ética e moral que balizaram seu trabalho, procurando transmitir as diversas opiniões sobre o assunto e que contribuíram para a evolução do ser humano.

Desta forma, para analisá-la, necessário se faz antes de mais nada uma menção aos mais antigos códigos morais da humanidade.

Códigos morais

Através das religiões tribais, ainda presentes em nossos dias, podemos vislumbrar as virtudes esquecidas pela civilização de hoje, que o homem procurou regular diante da sociedade através da mitologia e da metafísica. 

Historicamente, podemos afirmar que os mais antigos códigos morais, como o de Hamurabi, preconizavam a vingança social do “olho por olho dente por dente” e influenciaram nossa civilização de hoje. 

Entretanto, foi o judaísmo que nos deixou o maior legado, através dos “dez mandamentos de Deus”, considerado o maior código de conduta do homem, o qual Jesus preconizou seu cumprimento e o resumiu na lei universal do amor, hoje sacramentada por todas as religiões cristãs.

Ética e moral

Neste ensaio filosófico, o autor procurou mostrar a diferença entre ética e moral, exemplificando-as de maneira simples e atual, sem dogmatizar ou se prender a termos filosóficos e definições cansativas.

Percebe-se, igualmente, sua independência quanto às diversas correntes filosóficas e religiosas, procurando enfatizar aquelas que agem de maneira mais racional e livres de preconceitos ou dogmas, que interfiram no livre arbítrio e na liberdade de pensar.  

Outro aspecto interessante de seu ensaio é o de mostrar a atual tendência de globalização social, política e econômica, devido ao avanço da ciência nestes últimos séculos; demonstra ainda estarmos muito longe do avanço ético-moral idealizado.

Escândalos pra quê?

Foram abordados escândalos e aspectos bem atuais como a estética e a netica (ciência da informação), assim como um assunto muito em voga nos dias de hoje, que é a ética aplicada na política.

Um exemplo de corporativismo antiético, citado pelo autor, foi o do escândalo da Parmalat, ao qual poderíamos acrescentar outros como o da indústria armamentista, tabagista e farmacêutica, fabricantes de armas destruidoras, cigarros, a talidomida e o agente laranja, drogas estas que mataram e continuam matando milhões de pessoas. 

Não podemos nos esquecer que escândalos políticos foram fartamente registrados na antiga Grécia e Roma, como também por um de nossos mais brilhantes políticos: Rui Barbosa.1

Mediante tanta imoralidade, vamos agir e lembrar um dito de Luther King,1 em defesa dos justos e da não violência, a saber:

“O que mais me preocupa não é o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética; o que mais me preocupa é o silencio dos bons”.

§

Assim, todos nós, leitores, podemos acompanhar, neste ensaio, a evolução sob os seus dois aspectos essenciais, ou seja, o existencial e o moral nos diversos campos da ciência.

Gostaríamos de finalizar a leitura deste trabalho acrescentando um antigo preceito de que “nada imoral pode ser justo e nada injusto pode ser Moral”. Assim sendo, toda lei ou regra justa deve fundamentar-se na ética e na lei moral.

Campinas-SP, primavera de 2007

Por Henri B. F. Barreto, meu pai, químico pesquisador e profundo conhecedor da doutrina espírita!

Créditos:

Autoria por Henri Barreto. Edição por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.

Sobre a ÉTICA EVOLUCIONISTA (parte I)

Extraído do posfácio da obra ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral

#ricardobarreto #éticaevolucionista #filosofia #ética #poetasbrasileiros #silvabarreto #posfacios #livre-pensamento #éticacientífica #éticareligiosa

Nada mais feliz foi a decisão do moço Ricardo de Lima Barreto, ao escolher para o pórtico desta obra a figura magistral de Rui Barbosa, um dos maiores pensadores brasileiros. Foi uma espécie de decisão mística, ao invocar inspiração para um trabalho literário repleto de locuções lítero-filosóficas.

Seria muito mais fácil apreciar esta obra se ela não tivesse nenhuma conotação com os mistérios da vida. Entretanto, não é o caso presente. A profundidade de suas pesquisas, principalmente na área da metafísica, da ética e da moral, obriga-nos aguçar nossa mente nas raízes dos conceitos. Se assim não fizermos, seremos arrastados pela torrente de seu raciocínio e, conseqüentemente, pelas suas conclusões.

Recomendo a leitura, com carinho, dos referidos capítulos, “Ética Científica e o capítulo neológico Nética, cujo valor está nas análises meticulosas que o autor fez, principalmente neste último onde fez várias indagações, duvidando que as informações obtidas possam contribuir para a nossa felicidade (Leia o meu poema “A Procura da Felicidade”, onde, como poeta a encontrei).

Sobre o livre-pensamento

O conceito mais profundo aqui examinado foi o metafísico do “Livre Pensamento” que eu, um antigo ATEU, passei para o materialismo para evoluir e me fixar, finalmente, na moderna filosofia do “Livre Pensamento”.

Não se trata, na realidade, de um “Pensamento Livre”, mas, sim, de um “Livre Arbítrio” para apreciação de cada preceito religioso sem interferir ou condenar os fundamentos filosóficos de cada um, desde que praticados fielmente e, principalmente, sem fanatismo que constitui um execrado mal de todas organizações sociais e religiosas.

Luto pela perfeição de todos os preceitos sadios que regem uma sociedade humana, sejam eles de caráter físico ou metafísico. Até um Código de Hamurabi, com seu princípio feroz do “olho por olho, dente por dente” poderia ser melhor interpretado e adaptado à velha Mesopotâmia sem a filosofia da “Justiça Vingativa”.

O que mais me impressionou, conforme já disse anteriormente, foi sua perspicaz análise do denominado “Livre Pensamento”, corrente filosófica que eu abraço e que combate o maior inimigo da liberdade religiosa – o fanatismo.

Sobre a matéria, Ferrater Mora, no seu Dicionário de Filosofia vol. II, pág. 57, muito bem a apreciou. Diz ele que o termo Livre Pensador pode tomar dois sentidos: um amplo e outro restrito.

No primeiro sentido chama-se “Livre Pensador” todo aquele que não aderiu a um determinado dogma. Nesse sentido são os libertinos, os libertários, ou seja, anarquistas, inimigos de todo governo, não entendidos como sectários, que segue uma seita. No segundo sentido se chama “Livre Pensador” os diversos grupos de pensadores dos séculos XVII e XVIII, especialmente na Inglaterra e na França.

A característica predominante dos “Livre Pensadores” franceses e ingleses era predicar a tolerância religiosa e aplaudir o racionalismo. Os livre pensadores em questão rechaçaram, quase sempre, os mistérios sobrenaturais e os dogmas das Igrejas oficiais; às vezes admitiam um cristianismo primitivo, em seu entender mais puro. “A veces opusieron el Estado a la Iglesia como medio de fomentar la tolerância religiosa” (Ibidem).

Sobre a ética religiosa

Todas as religiões tiveram, como preceito positivo, a prática do bem. O fanatismo, entretanto, destruiu, em quase todas, este preceito ético, desvirtuando-as.

Em um dos capítulos o autor desta obra exalta a caridade como sendo o maior legado do ser humano. Sempre professei uma filosofia contrária à caridade. Sobre o assunto escrevi:

“A caridade é a maneira pela qual compensamos nossas faltas, dando a algum mendigo as sobras de nosso prato. Se sonhamos com o céu, ela visa a compra de um passaporte para esse Paraíso após a morte. Se nele não acreditamos, nada mais representa do que uma descarga do peso de nossa consciência, porque a esmola é um vilipêndio, é um ultraje à honra de que foi vencido na luta pela vida por aquele que a natureza dotou com superior capacidade física e mental”.

Sobre a ética científica

Não poderemos afirmar que, neste trabalho, há o melhor e o pior capítulo porque o autor primou pela busca da perfeição em todos eles. Entretanto, eu, particularmente, prefiro o capítulo “Análise V – Ética Científica”, de inspiração Nietzschiana como de conteúdo mais profundo e sem qualquer afirmação discordante de meu entendimento.

No capítulo “Ética Científica”, o autor expõe as muitas iniqüidades cometidas contra aqueles que ousassem pensar além dos limites impingidos pela “Santa Igreja”. Taxados de bruxos, muitos cientistas foram considerados hereges pela Igreja Católica e queimados vivos nas fogueiras por causa de suas ideias tidas como revolucionárias.

A este respeito foi publicado, recentemente, um livro do Acadêmico Arnaldo Niskier, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, “Branca Dias – O Martírio”, muito ilustrativo que merece ser lido por todos que desejam conhecer a verdade histórica da Inquisição, mancha negra de um período do falso cristianismo que contrariou a pregação do próprio Cristo.

§

O valor deste livro está na profundidade analítica dos temas que o autor, bem novo, avançou com coragem em busca de soluções, principalmente filosóficas e religiosas.

Finalizando o presente Posfácio, já muito longo, não poderei deixar de reconhecer a bem elaborada análise das duas principais proposições: A ÉTICA E A MORAL.

Acredito, piamente, no êxito desta publicação, sem entrar nas apreciações Kardecistas de um dos capítulos e do Prefaciador.

São Paulo, primavera de 2007

Por Silva Barreto, meu avô, procurador do estado de São Paulo, profundo intelectual e POETA aclamado, com mais de 20 livros publicados!

Créditos:

Autoria por Silva Barreto. Edição por Ricardo Barreto

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Saiba mais:
  1. Barreto, Ricardo de Lima, ÉTICA EVOLUCIONISTA: a razão da moral, 1a ed. Editor-Autor, 2008.

Parábola da vizinha fofoqueira

#ricardobarreto #livrovivo #parábolas #contos #filosofia #sabedoria #sábios #vidaalheia 

FORMATO DO CONTEÚDO: blog post

TEMPO DE LEITURA: 00:01:03

GÊNERO LITERÁRIO: contos

Prezados anciãos, esta é uma daquelas “estórias” que põem a gente para pensar… Eu a ouvi há muito tempo, em alguma palestra que já não me lembro nem sequer do tema, mas daquela singela mensagem de cunho moral nunca mais me esqueci!

Era uma vez uma dona de casa muito fofoqueira que, certo dia,  iria receber a visita inusitada de um sábio. Quando chegou, ela recebeu-o cordialmente e já logo soltou a “língua felina”, contando os podres da vizinha:

_ Todo dia, quando acordo, tenho que aturar a vista das suas roupas imundas no varal! Acho que ela não deve usar nem sabão em pó!!! Suas roupas estão sempre tão encardidas… Veja lá você mesmo?

O sábio olhou em direção à janela, analisou a cena e disse:

_ Minha senhora, empreste-me um pano limpo.

Ela o emprestou de imediato. Ele foi até a janela calmamente, limpou a vidraça e disse:

_ Veja agora com seus próprios olhos.

A mulher ficou olhando, atônita! Então ele continuou:

_ Não é a roupa dela que está suja e sim a sua vidraça…

Na vida, é assim mesmo. Nós vivemos enxergando somente a “roupa suja” dos outros e não nos lembramos de limpar a própria!

A filosofia, portanto, se encaixa muito bem no papel do sábio, nos ajudando a ter mais consciência de nós mesmos, ao invés de ficarmos atentos somente aos defeitos dos outros. Salve os sábios, salve a sabedoria!

 Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

Conteúdo exclusivo de ricardobarreto.com

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Saiba mais:
  1. Barreto, R. L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.