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§ 154
Significado dos mantras. Quer dizer que devo realmente decorar aqueles mantras “indecifráveis” do Yoga para conseguir meditar? Bem, cada um deve desenvolver sua própria técnica que pode ser, inclusive, um “mix” de técnicas… Não há uma regra para despertar o estado meditativo. Os mantras são apenas uma delas! Considerados ferramentas de conexão espiritual, originários do hinduísmo, porém utilizados também no budismo e outras tradições religiosas, são hinos, sílabas e frases, normalmente escritas em sânscrito, que apresentam vibração especial quando entoados, fazendo-se uso de um Japamala para marcar o ritmo, ou até mesmo pela força do pensamento para evocar divindades. Um dos mantras mais poderosos praticado pelo budismo tibetano é o seguinte: Om Mani Padme Hum. Sempre inicio minhas meditações entoando este mantra!
§ 155
Meditação autoguiada. Na minha técnica de meditação autoguiada, o mantra precedente Om é sempre acompanhado da visualização da Fonte Criadora, seguida dos grandes mestres espirituais, Jesus Cristo e Buda, finalizando com meu guru iogue: Paramahansa Yoganada. Inicia-se uma breve sessão de Zazen (cerca de 15 minutos),1 através da contagem ritmada com respiração e na posição típica com o auxílio de uma almofada Zafu. O objetivo, aqui, é a concentração da mente, assumindo o controle consciente e “tirando as rédeas” do Ego… Se algum pensamento lhe ocorrer, simplesmente o “abstraia” e volte ao estado de total ausência de pensamentos. Sinta a paz de estar pleno no momento presente. Então, estire o corpo num tapete de yoga e mentalize a energia criadora no seu primeiro chakra, o do valor da felicidade e de coloração violeta, localizado no topo da cabeça. Percorra, com este foco de energia, a coluna cérebro-espinhal até o “osso sacro”, chamado Múládhára, concentrando-se em cada um dos sete chakras com a luz correspondente que deve permeiar todas as células do corpo, formando uma corrente chamada de Kundalini que sustenta nosso ilimitado poder espiritual… Observe que adotamos, aqui, uma sutil alteração da correspondência dos chakras com os sete valores, sem prejuízo à sua significância original.
Finalizada a primeira etapa, se a meditação for matutina (logo quando acorda), procede-se breve sessão de energização, limitada a cinco exercícios para cada dia da semana, segundo os procedimentos das Lições da Sociedade de Autorrealização,2 descritas no Apêndice. Se for noturna (antes de dormir), os exercícios de energização devem ser substituídos pela leitura de um texto sagrado, preferencialmente a Bíblia cristã ou o Cânone budista. Finalmente, na terceira e última etapa, projeta-se a consciência na busca de um “refúgio”, qual seja um local reconfortante em meio à natureza. Pode ser um chalé de madeira nas montanhas ou um bangalô numa praia deserta, o importante é repousar seu olhar numa vista aprazível! Se for pela manhã, deve-se proferir mentalmente as famosas “afirmações científica” de Paramahansa Yogananda, cada dia focando no valor correspondente. Se for noite, recomendo a técnica tibetana da “bondade compassiva”, mentalizando a “doação” deste mesmo valor para algum Ser, ou uma coletividade de Seres, em situação de vulnerabilidade… Então, saio pelo refúgio e realizo alguma atividade corriqueira, tal como caminhar no bosque de araucárias, tomar banho de cachoeira, colher hortaliças e frutos frescos ou cuidar dos animais. O intuito é sentir-se “vivamente” naquele local revigorante, respirando daquele ar ameno, nem que seja por alguns instantes… Finalmente, retorno voltando a atenção ao momento presente, ouvindo os sons do ambiente e saúdo Namastê. Abro os olhos e terminou-se a meditação.
§ 156
Disciplina iogue. Felizes são aqueles que têm disciplina! Os sábios iogues, desde a época dos Vedas, já diziam que a meditação somente surti efeito após muitos anos de prática. Não tenha, portanto, a doce ilusão de que sua vida mudará da noite para dia. Nada de perene na natureza se faz assim. Tudo são processos contínuos, construídos ao longo do tempo e com muito esmero. É como no esporte: para se tornar um exímio “meditador” você deverá ter anos e anos de prática. Estou entrando em meu 10º ano e ainda tenho tanto a galgar! Mas, agora, deve estar se perguntando: com que frequência devo praticar a meditação autoguiada? Não se engane… Todo santo dia! Veja, com suas três etapas, pode levar entre 45 e 60 minutos. Portanto, organize-se para nunca perder este momento único de conexão consigo mesmo e, consequentemente, com o Criador. Confesso, caro leitor, que não consigo mais viver sem ela… Para aqueles com uma rotina atribulada, recomendo fortemente a prática diuturna, logo quando acorda e antes de dormir, com a casa mais tranquila. Os benefícios para o corpo e mente são indiscutíveis. Só tome cuidado para não dormir durante a prática. Recomendo a prática numa cadeira, preferencialmente forrada com um manto, mantendo a coluna e cabeça eretos e confortavelmente alinhados, mas não o suficiente para o corpo interpretar que está na hora de dormir. Pois bem, finalizo dizendo que, se algo eu pudesse escolher de verdadeiramente precioso neste livro, sem dúvida esta era seria a “lição de ouro”: meditar, meditar e, sempre, meditar. Não consigo pensar nada mais transformador, prático, ecumênico e providencial ao ser humano e à natureza quanto isso. Om shanti.
Créditos:
Autoria por Ricardo Barreto
Da obra no prelo VALOR: desvendando conceitos e quebrando mitos
VOLUME II – CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena
Saiba mais:
1. Kido Inoue, ZAZEN: the way to awakening, Bloomington: iUniverse, 2011.
2. Para acessar as Lições da Sociedade de Autorrealização, por Paramahansa Yogananda, 1956/1984, você deverá responder ao questionário específico e submeter à sede internacional da entidade, localizada em Los Angeles, California, US.