Uma crise de valores

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Milhares de anos se passaram desde as primeiras discussões filosóficas, preconizadas por Sócrates, na famosa praça do conhecimento: Ágora. Mas será que as pessoas atingiram o estado de felicidade pelo qual têm lutado incessantemente desde os primórdios da existência?

Sem dúvida que não. Mas então no que conseguimos progredir ao longo de todo este tempo? É certo dizer que muito no âmbito das “coisas materiais”, no entanto, cabe ressaltar que estas conquistas somente nos proporcionaram conforto e nada mais…

Nos primeiros capítulos do terceiro milênio, a humanidade “engatinha” no que diz respeito à evolução intelecto-moral. O dinheiro ainda é sinônimo de poder e os ditames de Maquiavel nunca tiveram tamanha força!

São as grandes organizações empresariais que ditam as diretrizes político-econômicas dos países, enquanto que a desigualdade social é a “sombra” que assola o aparente desenvolvimento de alguns poucos que persistem nos mesmos erros…

Por outro lado, o progresso científico-tecnológico parece ter atingido seu ápice: a comunicação global instantânea, hoje, é uma realidade. A era da robótica e da engenharia genética saíram do campo da ficção e a economia pulsa na onda do “neoliberalismo” que, dentro de um contexto puramente capitalista, é mais do que natural…

Entretanto, apesar de todo este aparente desenvolvimento, o que se tem visto é uma crise existencial generalizada de valores.


As pessoas lutam com “unhas e dentes” por bens materiais, os quais depois de conquistados perdem o valor. A felicidade é efêmera e a chaga do século XXI contagia mais os ricos que os pobres, ela é a depressão e vem regada por muita ansiedade!


Muitos de nós, em virtude do ritmo acelerado da vida moderna, perdemos a paixão pela vida. Passamos a acordar e dormir sem agregar nada de bom, enfim, viramos autômatos! E o que é pior: somos totalmente conscientes disso…

O novo papel da filosofia, mais forte que nunca  (mesmo que não pareça para muitos), é o de resgatar os valores espirituais, ou melhor, os valores da Consciência, dando sentido ao conhecimento.

Certa vez, li uma frase (não me lembro ao certo onde) que de alguma forma mexeu muito comigo, lá no âmago mesmo… Ela dizia mais ou menos assim:

A maior qualidade de um filósofo é que ele pode possuir apenas um pequeno bem material, no entanto, sabe enriquecê-lo de valor.

Vê-se, portanto, que a verdadeira riqueza de um homem é a sua formação intelecto-moral, haja vista que esta é pessoal e imperdível. Lançamos mão aqui a uma sequência de citações que, ao meu ver, exprimem a epifania do ser pensante!

Em suma, ser filósofo, segundo Thoreau:

Não consiste meramente em ter sutis pensamentos, nem em fundar uma escola, mas em amar a sabedoria tanto quanto a própria existência, acomodada a seus ditames, uma vida simples, independente, magnânima e confiante.

Exorta-nos ainda Bacon o seguinte:

Devemos primeiro buscar as coisas do espírito, pois o resto será suprido, ou melhor, não sentiremos sua perda.

Fechando com esplendor, Will Durant nos lembra com propriedade que:

O que ficou foi o especialista científico que conhece mais e mais a respeito de menos e menos e também o especulador filosófico que conhece menos e menos a respeito de mais e mais.

Nossa missão, portanto, é buscar o equilíbrio dessas qualidades e despir a filosofia dos devaneios pseudo-sábios, lembrando-nos da simplicidade e eficiência de seu maior ícone: Sócrates. Mas fiquem tranquilos que o sacrifício com a cicuta não se faz mais necessário, não desta forma… É mais propriamente um suicídio intelectual!

Créditos:

Autoria por Ricardo Barreto

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Saiba mais:

  1. Barreto, R. L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.
  2. Durant, W. História da Filosofia, 1926, 2a ed., p. 1.

Manifesto ao “cretinismo”

#ricardobarreto #crônicas #cretinismo

Quantos não o são?! Estes que “sabem o que julgam, mas ignoram o que não sabem”… Oh, Sócrates! Mestre dos imortais!! Ninguém jamais escapa ileso ao “cretinismo”, esta chaga que rumina até mesmo os doutos de sabedoria. Quem não tem seus momentos de afazia, neste mundo errante onde não há paz, só agonia!?!

No sentido literal, interpretado pelo senso comum da avassaladora maioria dos mortais, o “cretinismo” nada mais é do que a deficiência de desenvolvimento mental. Acontece que, se pararmos para observar suas manifestações mais profundas, constaremos estupefatos que é extremamente contagiante, como o mais temível vírus.

Já apregoava o grande Mestre que ninguém está ileso, pois vivemos desde os primórdios da humanidade entre “cegos guiando cegos”…

Como então não cairmos no abismo abissal da “santa ignorância”, haja vista que mesmo aqueles quase “super-homens” nietzscheanos vêm-se oprimidos e solitários diante dessa “demência” que assola a humanidade?

No Brasil parece que esta situação deplorável fica ainda pior. Quando não se houve falar da ladroeira institucionalizada, restam-nos os usuais comentários futebolísticos, a ciranda-remota dos “desinformantes” canais de televisão [agora YouTubers], ou o som infame do “tapinha”… [vixe, nesta época este era o hit de sucesso do verão]

Santa ignorância! Que fazer? Oh, Céus!! Por falar das “Alturas”, me perdoem os sinceros e desinteressados crentes d´alma: que sacrilégio, hein!?!

Segundo analistas da economia informal, um dos melhores “negócios” da atualidade [com isenção fiscal para ONGs] é abrir uma “igrejinha” lá para as bandas da periferia, bem pertinho daquele bar “destruidor de lares” e repleto da mais desoladora falta de perspectiva humana!

Como toda dicotomia, o tão manjado “ópio do povo” sempre mostra suas facetas e muito bem balanceadas… Certo, pastorado de araque?! Em nome de Jesus, o catzo!!

Cristo, o grande Mestre espiritual da civilização ocidental, vivenciava o amor desprendido dos anseios materiais, bem diferente destes aproveitadores da desgraça social. Quem nos dera ser “100 % Jesus”…

Quanto àqueles corruptos que impregnaram-se no poder, ou ainda aos que se opõem até chegarem lá [sim, esta história a gente já conhece aos montes e não só no Brasil], meus mais sinceros pêsames, pois vocês definitivamente “não sabem o que fazem”…

Enquanto não houver crescimento ético-moral, seja político, intelectual ou religioso, vamos continuar neste pardieiro! E o que mais me entristece são os “pequenos safados”!! Não pela gravidade das suas faltas, mas porque são muitos e somados  resultam nesta miséria social em que estamos assolados!!!

Vamos a um exemplo despretensioso de “pequena safadeza”. Outro dia [na verdade já faz um bom tempinho] fui ao cinema e não me atentei para o fato de que era quarta-feira (dia de meia-entrada). Dei, então, o valor integral do ingresso e não fosse pela namorada vigilante teria sido convenientemente enganado… Que desgrama!

Por este e alguns outros motivos aqui evidentes [só contar o número de exclamações, rss], a crônica livre talvez seja a forma mais adequada e direta de expressar tamanha indignação! Isto mesmo, colocar a boca no trombone!! Primando pela sua base fundamental: não importar-se com as consequências… Amo o preceito da liberdade de expressão.

Àqueles que porventura sintam-se ofendidos com qualquer crítica um pouquinho mais felina, mesmo que despretensiosa na sua intenção, perdoem-me pois presumo seja eu mesmo o maior alvo delas pelo simples fato de acreditar que na autoanálise reside a melhor forma de evoluirmos.

Salve a reforma íntima! Que ela seja, sempre, o mais verdadeiro “pão nosso de cada dia”.

 

Créditos:

Autoria por ricardobarreto.com

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Para saber mais:

  1. Barreto, R. L. LIVROVIVO: 2000-2002, 1a ed., Editor-Autor, 2003.