Detalhamos aqui algumas das ferramentas apresentadas neste livro, visando impulsionar a geração de valor consciencial.
Determinação de valor esperado
Comecemos definindo algum valor específico que você gostaria de realizar a sua autoavaliação. Usando o mesmo exemplo empregado na Introdução, vamos tratar aqui do valor da “felicidade”.
Vimos que o “valor esperado” é aquele em que cada um estabelece uma inferência estatística, baseada nas suas próprias observações, sobre a frequência e o impacto com que gera determinado tipo de valor no dia a dia.
Digamos que, em cada 100 circunstâncias de encontros sociais, familiares e profissionais, você acredita (isto mesmo, uma crença porque via de regra o “valor esperado” é significativamente distinto do “valor percebido”) que gerou o valor da felicidade em 50% deles. Desenhando isto numa análise típica de quadrantes, temos:
Isto quer dizer que, muito provavelmente, numa escala 0 a 5, sua autoavaliação sobre este valor específico da felicidade, seria algo em torno de 2,5.
Determinação do valor percebido
Imagine agora que, numa espécie de enquete com 50 das 1.000 pessoas com quem você efetivamente interagiu nestes 100 encontros, apenas 5 (ou 10%) enxergaram de fato este valor em você. Teríamos então o seguinte quadro:
Notem que, na média, sua avaliação entre elas necessariamente está deslocada para o lado negativo (menor que 2,5), ficando possivelmente bem próxima de 1,0.
Isto é, portanto, o que chamamos de “valor percebido”, aquilo que os outros enxergam sobre você dentro de certo espaço amostral. Importante observar que, segundo os conceitos estatísticos, quanto maior o espaço amostral, maior a precisão dessa medida.
Determinação do valor real
Então, aplicando-se o modelo bayesiano que prevê o procedimento de atualização e validação das inferências (sua autoavaliação contra a avaliação dos outros), temos o que mais se aproximaria do seu “valor real” de felicidade, ou seja, algo entre 1,0 e 2,5, ou muito próximo de 2,0. Teríamos, mais propriamente, a seguinte análise de quadrantes para este caso:
Seria como se fizéssemos o teste com todas as 1.000 pessoas com quem você interagiu. Note como existem circunstâncias dúbias, ou seja, ocorreram casos em que você não gerou valor de felicidade e algumas pessoas entenderam que sim (100 entre 600), ou algo como 17% dos casos. Por outro lado, também houve casos em que você gerou de fato valor, mas este não foi entendido como tal (100 entre 400), ou 25% de incidência.
Este tipo de análise estatística é muito interessante porque nos mostra como o pensamento consciente pode influenciar no fluxo do subconsciente e vice-versa… Mais um motivo para buscarmos o pleno domínio dos pensamentos e não ficar a mercê dos domínios do nosso subconsciente.
Relembremos, antes de mais nada, da sua conceituação: valor nada mais é do que tudo aquilo que a nossa “consciência” deseja acumular e/ou manter ao longo da existência, seja no plano físico ou “sutil”, cuja distinção já foi bem esclarecida alhures.
Não
se pode restringi-lo a um “ente”, um ser espiritual ou até mesmo à capacidade
de influência sobre os mesmos, nem tampouco aos objetos físicos, ou ao
sentimento de posse dos mesmos, propiciado pela riqueza mundana. É, outrossim, um
conceito complexo, dotado de caráter abstrato, tão relativo como o espaço-tempo
einsteiniano!
Para entendê-lo é preciso, antes de mais nada, desvendar sua origem, a neogênese, como ele se deriva das coisas, dos seres, das situações… Enfim, como gerar valor de fato?! O valor, via de regra, relaciona-se à satisfação de uma “necessidade” ou de um “desejo” não atendido.
Neogênese do valor
Em primeiro lugar, uma “necessidade” dita consciente é aquela de que precisamos para realizar uma atividade que seja capaz de afetar positivamente uma consciência, digo a sua a de outrem. Para ilustrar, apliquemos a técnica schumpeteriana da “destruição criativa”,1 que apresenta uma forma elegante de fazer análises do tipo reducionistas, até chegarmos às necessidades primárias, aquelas que vão ao âmago das coisas… Primeiro um exemplo prático como de costume.
Imagine que você está desempregado há mais de um ano e decide montar uma empresa. Deve primeiro escolher um ramo de atuação, levantar o capital, encontrar o local apropriado, um nome certeiro, etc. Então vem a dúvida cruel: analisando-se todos estes quesitos, será que você está realmente apto para montar este negócio?
A estatísticas não mentem, mas o fato é que muitos o fazem até com um certo grau de sucesso, gerando uma renda capaz minimamente de sustentar suas famílias. Mas o que difere estes “seres mortais” daqueles como o fundador da rede Habibs,2 que de uma padaria alçou voos mais altos, criando uma das maiores redes de fast food do país? Isto mesmo: valor. Em especial, neste caso, o valor do empreendedorismo.
O
valor do empreendedorismo, portanto, nos diferencia da população mediana. Exige
trabalho duro, disciplina, ousadia e uma série de outros atributos… É algo extremamente
árduo de se conquistar, tanto que para grande maioria parece algo até mesmo inatingível,
coisa de super-homem mesmo!
Quem diria que Steve Jobs era um cara normal, quando na garagem da casa dos seus pais, fundaria aquela que seria por muito tempo a empresa mais valorizada do mundo? Vejam o que ele próprio disse sobre o seu legado, em suas últimas palavras já no estágio terminal do câncer que o levou: 3
Minha paixão foi construir uma empresa duradoura, onde as pessoas se sentissem incentivadas a fabricar grandes produtos. Tudo o mais era secundário. Claro, foi ótimo ganhar dinheiro, porque era isso que nos permitia fazer grandes produtos. Mas os produtos, e não o lucro, eram a motivação.
Valor: real, esperado ou percebido?
Ainda nos falta falar brevemente sobre o conceito de valor real, valor esperado e valor percebido. A análise probabilística bayasiana nos permite determinar de maneira bem simplificada cada um deles, aplicando-se apenas o conceito, sem lançar mão de quaisquer cálculos matemáticos mais rebuscados.4 Abaixo um exemplo inequívoco!
O
valor esperado é aquele em que cada um estabelece uma inferência estatística, baseada
nas suas próprias observações, sobre a frequência e o impacto com que gera
determinado tipo de valor. Digamos que em 100 circunstâncias de encontros
sociais, familiares e profissionais, você acredita que gerou o valor da “felicidade”
em 50% deles. Isto quer dizer que, muito provavelmente, numa escala de 0 a 5,
sua avaliação sobre o valor esperado seria neste caso de 2,5.
Imagine
agora que, numa enquete com 50 das 500 pessoas com quem você interagiu nestes
100 encontros, apenas 5 (ou 10%) enxergaram de fato este valor em você e, na
média, sua avaliação entre elas tenha sido de 1,5 (na mesma escala de 0 a 5).
Isto é o que chamamos de valor percebido, aquele que os outros enxergam sobre você
dentro de certo espaço amostral.
Aplicando-se
então o tal modelo bayasiano que
prevê o procedimento de atualização e validação das inferências, ou seja, sua auto
avaliação versus a avaliação dos
outros, temos o que mais se aproximaria do valor real da felicidade que você
gerou, ou seja, algo entre 1,5 e 2,5, muito próximo de 2,0…
§
Podemos
dizer agora o mais importante: um “desejo” consciente é muito maior do que uma “necessidade”
consciente, isto porque envolve cargas emocionais intimamente ligadas ao Ser,
sua alma mais propriamente.
Ao
mesmo tempo, não precisa nos levar necessariamente às alturas, entretanto o que
o difere deveras de um desejo comum, ordinário, é o fato de estar forçosamente
relacionado com o nosso “sistema de crenças”.
É
no prazer gerado pelo “gozo” da consciência, o que chamamos aqui de VALOR em suas
diferentes acepções, que se encontra a verdadeira essência da nossa existência,
o propósito maior das nossas vidas!
Da obra no prelo CULTURA DE VALOR: aforismos para uma vida plena
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Saiba mais:
1. A destruição criativa ou destruição criadora em economia é um conceito popularizado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942), ganhando força no contexto da ascensão do neoliberalismo e do neoconservadorismo. Extraído da Wikipedia em 12.02.2020 às 11:42h. Acesse AQUI.
2. Vejam o excerto que conta esta rica história do início de um empreendimento: “Em 1988, o que parecia um sonho torna-se uma jornada de sucesso! Nasce o primeiro Habib’s na Avenida Cerro Corá, no bairro da Lapa, em São Paulo (SP). A loja inaugurada com a filosofia de oferecer os melhores produtos, com os menores preços e com um atendimento diferenciado”, extraído do website do Habib´s em 1.03.2015.
3. Walter Isaacson, Steve Jobs: a biografia, São Paulo: Companhia da Letras, 2011.
4. A primeira vez que vi uma análise probabilística bayasiana foi na obra The organized Mind, de Daniel J Levitin (Dutton: New York, 2014, p. 231). Ele a aplica para avaliar a incerteza de uma pessoa realmente ter determinada doença, dado que ela observou um teste positivo. Acontece que o Teorema Bayes é muito mais amplo e me dei conta que poderíamos utilizá-lo (ainda que de maneira bastante simplificada) para determinação do valor real, esperado e percebido de uma Consciência. Vejamos seu conceito para ficar mais claro: é um tipo de inferência estatística que descreve as incertezas sobre quantidades invisíveis de forma probabilística. Incertezas são modificadas periodicamente após observações de novos dados ou resultados. A operação que calibra a medida das incertezas é conhecida como operação bayesiana e é baseada na fórmula de Bayes. A fórmula de Bayes é muitas vezes denominada Teorema de Bayes.